Todos nós fazemos escolhas desde o momento em que acordamos, ao optar por tomar ou não o café da manhã, arrumar a cama ou deixá-la bagunçada, ir para o trabalho de carro ou de transporte coletivo, por exemplo. Estimativas publicadas pelo The Wall Street Journal apontam que nós tomamos, em média, surpreendentes 35.000 decisões por dia.
Veja só: ao optar pelo carro, provavelmente teremos um custo maior (com gasolina ou estacionamento), mas também mais conforto. A economia que deixamos de fazer pode ser chamada, então, de custo de oportunidade. Por outro lado, se optarmos pelo transporte público, nosso custo de oportunidade será o conforto do qual abrimos mão.
Apesar de parecerem situações simples do nosso cotidiano, o custo de oportunidade também pode envolver escolhas mais difíceis. O que vale dizer é que não há decisão certa ou errada – afinal, tudo dependerá do seu objetivo. E também de quando você almeja alcançá-lo: a curto, médio ou longo prazo. Ainda não está tão claro assim? Continue a leitura que vamos explicar melhor!
O que é custo de oportunidade
Quando falamos em “custos”, imaginamos, automaticamente, o valor que teremos que desembolsar para adquirir algo, não é mesmo? Mas não é só isso: existe também um outro tipo de custo, mais difícil de ser mensurado e colocado no papel.
Conhecido como custo de oportunidade, o conceito pode ser entendido como um benefício que você abre mão ao fazer uma escolha – ou, o que você perde ao escolher entre uma coisa ou outra.
Na economia, o termo é explicado pelo conflito de escolha, que ocorre em cenários de escassez – chamado de trade-off. Como vivemos em um ambiente no qual nossos recursos são limitados, precisamos fazer escolhas ao longo da vida em praticamente todas as situações. Afinal, querendo ou não, é humanamente impossível termos tudo.
O cenário fica ainda mais complexo quando pensamos que o mundo nos oferece inúmeras alternativas a todo instante – e nem sempre é fácil abrir mão de algo, como comprar uma viagem que desejamos muito em prol de investir esse dinheiro, por exemplo.
É verdade: as escolhas exigem foco e disciplina. Mas, calma! Apesar de nem sempre ser possível mensurar os custos de oportunidade, já que eles podem envolver variáveis subjetivas, há muitas situações em que podemos calculá-los para tomar decisões financeiramente mais lucrativas.
Antes de vermos como funciona esse cálculo, é importante lembrar que as escolhas que fazemos são únicas, ao passo que as oportunidades das quais abrimos mão podem ser inúmeras.
Com um dinheiro extra, você pode optar, por exemplo, por viajar. Mas também poderia optar por investi-lo ou dar entrada em um bem, como um imóvel ou um carro, por exemplo, ou mesmo pagar contas que estejam atrasadas e ficar livre das dívidas.
Como calcular custo de oportunidade
Como vimos, alguns custos de oportunidade podem ser mensurados, outros, não. Por isso mesmo, não há uma fórmula para realizar esse cálculo – ele deve ser analisado caso a caso.
Mas há fatores que podem ser analisados para auxiliar na tomada de decisão:
Quando falamos em investimentos, o custo de oportunidade pode ser observado ao escolhermos entre diferentes tipos de investimentos, com rentabilidades diferentes. Aí, entram algumas perguntas importantes: esse dinheiro poderia ser investido com menos riscos? Como? Se a decisão for relacionada a um financiamento, há como pagar menos juros?
Nesses casos, podemos utilizar também indicadores para comparar o retorno de um investimento com outro – como a rentabilidade de uma aplicação (taxa DI ou Selic) acumulada em um período passado, e a expectativa do mercado para essa aplicação a médio prazo.
Apesar de os investimentos na Bolsa de Valores serem mais voláteis, estimativas também podem ser feitas, por meio da análise fundamentalista e gráfica.
Tipos de custo de oportunidade
Existem pelo menos quatro. Veja só:
Custo de oportunidade escondido
Como o próprio nome diz, essas são as situações nas quais os custos de oportunidade estão camuflados, ou seja, não é possível mensurar exatamente o que perderemos em uma tomada de decisão.
Quando estamos analisando juros e rentabilidades, é relativamente fácil estimar as perdas e os ganhos. No entanto, há casos em que as taxas já estão embutidas em determinadas operações, o que impossibilita uma mensuração objetiva. Por isso, é importante estarmos sempre atentos às observações (e a todas as informações) que constam nos contratos que assinamos.
Custo de oportunidade aberto
Ao contrário do exemplo anterior, no custo oportunidade aberto, não há nenhuma taxa ou cobrança extra embutida no investimento, o que permite uma análise mais objetiva e prática. É o caso no qual conhecemos a rentabilidade de uma operação logo no momento de realizar a aplicação.
Custo de oportunidade ambiental
Sabemos que os recursos naturais são finitos, portanto, sempre teremos decisões a serem tomadas quando o assunto é meio ambiente e sociedade. O custo de oportunidade, nesse caso, é calculado pelo valor máximo que podemos obter ao fazer uso de determinado recurso natural.
Pense no petróleo: ao realizar sua extração, há um grande risco de contaminação no meio ambiente. No entanto, ele precisa ser extraído para diversas finalidades. E mais: quando ele é utilizado na produção de combustível, acaba não podendo ser utilizado na produção de plástico, por exemplo.
Custo de oportunidade contábil
Diz respeito às decisões de investimento de uma empresa e os benefícios que ela poderia contar (ou não) caso fizesse uso de outros recursos ou optasse por outras possibilidades.
Aqui, podemos visualizar um empreendimento que precisou utilizar parte do seu lucro para investir em pessoal, ao invés de investir em matéria-prima – ou vice e versa.
Bônus: custo de oportunidade zero
Também existem circunstâncias em que o custo de oportunidade é, literalmente, zero, mas elas são bastante raras: quando só temos uma opção de escolha, ou mesmo quando uma das opções apresentadas é desvantajosa.
Um exemplo? Um mesmo modelo de celular, vendido por duas lojas diferentes, confiáveis e sólidas no mercado, com as mesmas condições de pagamento: em uma delas, ele está R$ 200 mais caro. Não faz sentido escolher essa opção, certo?
Por que o custo de oportunidade é importante?
Você já deve ter concluído que o custo de oportunidade é importante para nos auxiliar na tomada de decisões – e é isso mesmo.
No caso dos investimentos, os custos de oportunidade devem sempre ser avaliados levando em conta as rentabilidades esperadas, os tipos de operação, os riscos envolvidos e, principalmente, os seus objetivos.
Lembrando que, para um investimento fazer sentido, ele precisa ter um rendimento no mínimo igual ao custo de oportunidade.Aprender a avaliar cenários é uma prática que o auxiliará muito na tomada de decisão, principalmente nas escolhas que envolvem seus investimentos.
Por isso, conheça o seu perfil de investidor, defina os seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado. Tudo isso fará muita diferença na hora de investir o seu dinheiro! Assine nossa newsletter e receba toda semana, gratuitamente, conteúdos sobre mercado e finanças.