Se você é como a maioria das pessoas e não dedica boa parte do seu tempo às finanças, corre o risco de, lá na frente, sofrer daquele clássico arrependimento: “ah, se eu soubesse disso antes…”.

Aprender tudo sobre dinheiro de uma vez é realmente difícil. Até porque tem coisas que a gente só descobre que é importante aprender depois de certas experiências.

Mas se você tiver pelo menos um conhecimento mínimo em cada fase da vida, já dá para evitar uma série de percalços e arrependimentos.

Veja a seguir o que, segundo especialistas, todo mundo deveria saber sobre dinheiro em cada faixa etária – aos 20, aos 30, aos 40 e aos 50 anos. E lembre-se: nunca é tarde para aprender.

Aos 20

O que é importante saber sobre finanças quando se tem 20 e poucos anos

Cuide da sua carreira: você não tem todo tempo do mundo

Começar a poupar nessa fase é até interessante, mas para os especialistas ouvidos, esse não é o mais importante.

O momento é de focar na carreira: escolher a profissão com cuidado, estudar, optar por um bom curso numa boa instituição de ensino, que dê acesso a oportunidades de carreira.

“A carreira, para a maior parte das pessoas, é o que vai trazer dinheiro. Nesta fase é mais importante cuidar da capacidade de gerar dinheiro do que guardar dinheiro”, diz o consultor financeiro André Massaro.

Ele lembra que, aos 20 e poucos, muita gente acha que tem todo tempo do mundo para cometer todos os erros, largam os estudos, não estudam o suficiente, não se preocupam com a escolha da instituição de ensino nem com a própria reputação.

O resultado pode vir na forma de amargo arrependimento no futuro. “Conheço gente mais velha cujo grande arrependimento financeiro tem a ver com as escolhas profissionais”, lembra Massaro.

O jovem de vinte e poucos anos até pode errar e mudar de ideia, mas há limites, pois essa fase passa mais rápido do que se imagina.

Controle seu fluxo de caixa e gaste menos do que ganha

Se você aprender a administrar o seu orçamento e a gastar menos do que ganha nessa fase, é bem provável que consiga manter o hábito para toda a vida. Apenas com esse costume enraizado você será capaz de começar a poupar alguma coisa.

Anote receitas e despesas, gaste menos do que ganha e saiba para onde seu dinheiro está indo. Hoje em dia há uma série de planilhas disponíveis na internet e apps para celulares e tablets que ajudam na tarefa de controlar o orçamento.

Cuidado com o crédito do cheque especial e dos cartões de crédito

Essa é uma boa fase também para entender como funcionam os juros compostos e as duas linhas de crédito mais fáceis – e caras! – do Brasil: o cheque especial e o cartão de crédito.

O cheque especial não é um presente que o banco lhe dá, mas um empréstimo pré-aprovado que você usa automaticamente quando sua conta fica negativa.

Já o cartão de crédito pode ser um aliado, mas há certas coisas que você nunca, jamais deveria fazer com ele, como não pagar a fatura na íntegra.

Essas duas linhas de crédito são muito acessíveis, mas devem ser usadas com muita moderação, pois seu custo mensal pode chegar a um percentual de dois dígitos ao mês!

Dívidas não pagas no cheque especial e no cartão podem virar bolas de neve, já que os juros de um mês incidem não só sobre o valor da dívida, mas também sobre o valor dos juros do mês anterior – juros sobre juros.

Comece a sonhar: trace objetivos para quando você puder poupar

Mesmo que você ainda não consiga guardar dinheiro, estabeleça seus objetivos de vida: viagens, a compra da casa própria, a compra do primeiro carro, os cursos que você quer fazer, a aposentadoria que você gostaria de ter. Poupar é muito mais fácil quando você tem sonhos.

“Para seguir esse hábito de controlar as finanças na ponta do lápis, é bom ter uma motivação”, explica o planejador financeiro certificado (CFP®), Janser Rojo, da QI Financeiro Consultoria.

Aos 30

O que muda em relação à finanças quando entramos na casa dos 30 anos

Poupe e invista: crie reservas e construa um patrimônio

Aos 30 e poucos anos começa a fase de começar a poupar a sério para os objetivos traçados. Se você já tinha uma poupança desde os 20 e poucos, essa é a hora de começar a alocar suas reservas em investimentos melhores que a caderneta de poupança.

Dedique mais tempo a conhecer os investimentos disponíveis no mercado. Há aplicações mais rentáveis que a poupança, de diferentes níveis de risco e para diversos objetivos.

Investimentos como CDBs, títulos públicos pós-fixados (comprados no Tesouro Direto) e fundos de renda fixa conservadores costumam render mais que a poupança, com nível de risco semelhante ou até menor.

As LCIs e LCAs também costumam render mais que a poupança com nível similar de risco, mas são isentas de imposto de renda e mais indicadas para objetivos de médio prazo.

Há também aplicações de renda fixa mais apimentadas, fundos de investimento para diferentes objetivos e o investimento em ações, diretamente ou por meio de fundos, que tem mais risco e maior potencial de retorno.

Ter reservas na faixa dos 30 é fundamental, pois as duas próximas décadas provavelmente envolverão grandes despesas, como casamento, filhos e casa própria.

“Tem gente que não toma as medidas financeiras para isso, e continua a viver como se fosse solteira, mas é preciso ajustar a vida financeira à nova realidade”, diz André Massaro.

Comece a pensar seriamente em se preparar para a aposentadoria

Agora é preciso começar a poupar para a aposentadoria para valer. Não convém deixar para os 40 ou 50 anos, porque aí o esforço financeiro precisa ser muito maior.

Se você acha que viver só da Previdência Social não vai ser suficiente – e talvez você não devesse nem contar muito com ela – é bom criar reservas com o fim específico de gerar uma renda complementar no futuro.

Existem investimentos que servem especificamente para poupar para a aposentadoria, como os planos de previdência privada, e outros que podem ser usados satisfatoriamente para esse fim, como investimentos na bolsa e em títulos públicos atrelados à inflação.

Entenda como funcionam os financiamentos de casa e carro

Estude o funcionamento dos financiamentos com alienação fiduciária (que têm o próprio bem financiado como garantia), principalmente os de imóveis: o Custo Efetivo Total (CET), a entrada necessária, as taxas e seguros envolvidos. Simule nos sites dos bancos para conhecer suas opções.

Se você tiver fundo de garantia (FGTS) você pode ver seu saldo diretamente no site da Caixa e verificar se é elegível para usá-lo na compra da casa própria.

Caso esteja planejando a compra de um carro ou uma casa, verifique não só os custos para comprá-los, mas também para mantê-los – seguros, impostos e taxas.

No caso específico do imóvel, pesquise o valor de materiais de construção e mão de obra, caso sejam necessárias reformas ou acabamentos – muitos imóveis novos são entregues sem revestimentos, por exemplo.

Aos 40

A partir dos 40, é preciso concentrar esforços em proteger o seu patrimônio

Entenda o funcionamento dos seguros

Para Janser Rojo, se você ainda não se preocupou em fazer seguros para a sua vida e o seu patrimônio, este é o momento. Pesquise seguros de vida e de imóveis, que podem proteger você e sua família contra eventos graves a um custo relativamente baixo.

Faça também um planejamento tributário inteligente, se for o caso. Por exemplo, se você investe em muitos imóveis, pode ser uma boa ideia constituir uma pessoa jurídica; se investe ou pretende investir em previdência privada, precisa optar pelo melhor regime de tributação – em alguns casos é possível mudar de tabela; e se pode declarar dependentes no imposto de renda, vale a pena se certificar de que isso é mesmo vantajoso.

Não descuide da carreira – recicle-se

Na opinião de André Massaro, o maior risco nessa fase é estagnar profissionalmente e se acomodar.

“As pessoas acham que nessa idade elas deixam de ser ‘empregáveis’. É verdade que há preconceito no mercado de trabalho, mas muita gente também se deixa estagnar e para de investir na vida profissional. Se essas pessoas perdem o emprego, têm dificuldade de se recolocar. Não pode achar que já sabe tudo”, diz o consultor.

Não se arrisque demais nos investimentos

Por estar mais próxima da aposentadoria, a pessoa na faixa dos 40 deveria se expor menos ao risco nos investimentos e proteger mais seu patrimônio. Mas nem sempre é o que acontece.

“Nessa fase muitas vezes as pessoas ficam agressivas demais, pois se sentem mais confortáveis com os investimentos”, observa Massaro.

Ele conta que, há alguns anos, dava cursos de análise técnica e investimentos de curtíssimo prazo na bolsa – o chamado day trade – e notava que o perfil do público era de homens entre 40 e 50 anos, justamente o grupo que não deveria mais se expor tanto a esse tipo de risco.

“Esse é o principal grupo de risco do cara que entra na bolsa e quebra. Ele em geral está frustrado e estagnado profissionalmente, pode ter perdido o emprego e recebido uma gorda indenização e quer buscar nos investimentos de risco uma forma de vida. Só que a maioria das pessoas que faz esse movimento tem resultados infelizes”, alerta.

Aos 50

Hora de ser prático: como o seu planejamento financeiro deverá funcionar daqui para frente

Planeje os aspectos práticos da sua aposentadoria

No sentido de correr risco nos investimentos e na carreira, os 50 são mais ou menos parecidos com os 40. Mas com a aposentadoria batendo à porta, é hora de saber o que você realmente vai fazer: parar de trabalhar? Fazer outro tipo de trabalho, mais prazeroso?

Especialistas em finanças hoje em dia já defendem que o que as pessoas vão fazer na aposentadoria deve ser planejado, porque vivemos mais e melhor. Ou seja, para aqueles que param totalmente, pode faltar renda e/ou sobrar frustração.

Planejamento sucessório: informe-se sobre como passar seu patrimônio para os herdeiros

Comece a se informar sobre as diferentes formas de transmitir seu patrimônio àqueles que deverão herdá-lo depois que você se for.

Pode parecer cedo – e tomara que seja mesmo! – mas há formas de transmissão de bens em vida que podem se mostrar mais baratas e convenientes, mas que dão certo trabalho e/ou levam tempo para serem feitas de forma adequada.

Convém conhecer alguns aspectos legais, como quem são seus herdeiros necessários, para os quais você deve deixar obrigatoriamente metade do seu patrimônio.

O inventário não é mais o único instrumento usado para partilhar os bens de uma pessoa falecida.

Você pode poupar sua família de muitos custos e trabalho se fizer doações em vida, puser seus recursos (ou parte deles) em planos de previdência privada (pois estes não entram em inventário) ou constituir uma empresa ou fundo exclusivo (no caso de grandes fortunas).

Cada forma de transmissão de bens tem suas vantagens, como reduzir custos, facilitar a transmissão ou aumentar a segurança.

Já o testamento pode ser interessante para quem quer dividir os bens de uma forma específica e deixar parte do patrimônio para pessoas que não sejam herdeiras, ou mesmo para a caridade.

Informe-se, sobretudo, sobre os custos de cada uma dessas modalidades. Há um imposto sobre a doação, que também é cobrado no inventário, mas este também tem custos próprios que as doações não têm.

Em alguns casos, os custos de determinada forma de transmissão da herança podem ser proibitivos. Por isso, é importante escolher a modalidade mais adequada ao seu caso.

Dependendo do tamanho do patrimônio, a ajuda de um planejador financeiro pode ser fundamental.

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