O valor do dólar comparado ao real se valorizou em 2019. Os cálculos indicam que, durante todo o ano de 2019, a alta foi de cerca de 3,5%.
Mas já parou para pensar que essa alta também é negativa para as empresas, principalmente para aquelas que têm dívida em dólar, que importam ou que atuam com insumos que são commodities?
E não pense que você, pessoa física, não será impactado. O custo que uma importadora, por exemplo, terá ao ter que comprar produtos estrangeiros por um valor maior, provavelmente irá ser repassado ao consumidor final. Ou seja: você! Mas o Banco Central (BC) pode intervir para atenuar essa situação, e uma dessas maneiras de intervir é conhecida como o swap cambial.
O que é swap cambial e como ele funciona? Entenda no nosso artigo de hoje!
O que influencia na cotação da moeda?
A cotação de uma moeda é influenciada por fatores externos e internos. Os fatores externos, como a decisão de diminuir a compra de produtos estrangeiros por parte dos Estados Unidos, tem efeito na cotação do dólar em todo o mundo, inclusive no Brasil. Como essa é uma decisão que foge do alcance do governo brasileiro, o swap é uma das formas do investidor buscar proteção para o seu patrimônio.
O que é swap cambial?
Swap quer dizer troca. Trata-se de um tipo de contrato em que se troca os indexadores ou a rentabilidade dos ativos entre duas partes. Por exemplo, os negociadores trocam quanto vale o dólar pelo valor da taxa de juros daquele momento.
Vamos explicar melhor. Imagine que uma importadora brasileira compra produtos por US$ 10 mil e a cotação do dólar está em R$ 4 no momento em que ela fecha o negócio. Então, se fosse pagar no mesmo dia, teria que desembolsar R$ 40 mil.
No caso do pagamento só ocorrer em 30 dias, imaginando que na hora de quitar a cotação tenha subido para R$ 4,60, o gasto seria de R$ 6 mil a mais para os mesmos produtos, totalizando R$46 mil. Portanto, para se proteger (no mercado financeiro “fazer hedge”), a empresa pode usar dos derivativos (acordos ou contratos cujo valor negociado deriva de outro ativo, no caso de uma moeda).
Swap cambial tradicional
Um dos derivativos utilizados quando há uma grande oscilação do valor do dólar é o swap cambial tradicional. Neste caso, o Banco Central oferece um contrato em que se compromete a pagar a variação do dólar mais uma taxa de juros (cupom cambial).
Em troca, esse empresário/investidor se compromete a pagar a variação da taxa de juros (a Selic) no período em que o acordo vigora. No fim do contrato, ocorre essa troca de rendimentos.
Se o dólar aumentar mais que os juros, o investidor fica protegido e o BC deixa de ganhar, cenário que ocorreu durante a maior parte de 2019. Só para se ter uma ideia, até dezembro, o dólar subia 6% em menos de um ano e a taxa Selic fechou o ano em 4,5% a.a.
A relação entre a inflação e o swap cambial
Mas o swap cambial não é um mal negócio para o Banco Central. Para o BC, não importa muito o lucro, o objetivo central da autoridade é o controle da inflação.
De forma simples, a inflação é resultado entre a oferta e a demanda. Se há demanda maior que a oferta de produtos, os preços ficam mais caros e, portanto, tem-se inflação.
Se o dólar valoriza, a importação fica mais cara. O empresário talvez não deixe de comprar, mas provavelmente irá repassar esse custo no preço final do produto e, com isso, o consumidor quem irá arcar com essa diferença no final das contas.
A importância de manter o consumo nacional
Uma das soluções naturais para a inflação poderia ser consumir menos. O problema é que consumo gera investimentos, emprego e renda e é o que qualquer governo quer para a economia do país. Afinal, sem isso não há crescimento.
Assim, o Banco Central intervém para que as empresas tenham condições de pagar suas dívidas em dólar ou de continuarem importando, sem repassar esse custo extra ao consumidor. Resultado: preços controlados, inflação controlada e consumo mantido.
Swap cambial reverso
Se a cotação do dólar recuar de forma abrupta, por exemplo, de R$ 4 para R$ 3, as exportadoras e quem investe na moeda podem ter prejuízo. Para evitar esta perda, o Banco Central pode fazer contratos de swap cambial reverso.
O processo é semelhante ao swap tradicional. A diferença está na troca de rentabilidades.
Os investidores são os compradores e o BC oferece a eles os juros do período do contrato. Em troca, a autoridade recebe a variação do câmbio do mesmo período. De qualquer forma, esses derivativos são uma forma do investidor proteger seus investimentos de oscilações que, principalmente com relação ao dólar, são bastante imprevisíveis.
Ficou ainda com dúvidas? Leia nosso artigo sobre Mini Dólar que pode te ajudar ainda mais!