Embora a escala de danos do coronavírus (COVID-19) para as economias globais, em especial a chinesa, ainda seja imensurável, o impacto do vírus para o mercado de ações já se traduz na falta de confiança quanto às expectativas de crescimento econômico mundial e nos reflexos do coronavírus na economia em 2020.
Os danos em curto prazo, no entanto, foram visíveis. No Brasil, na quarta-feira pós carnaval (26/02/2020), o Ibovespa registrou queda de 7%, situação que, infelizmente, continuou nos dias seguintes.
A queda nos preços das ações foi acompanhada também de grande desvalorização do real frente ao dólar americano.
O vírus avança sobre outros países, incluindo o Brasil, embora a maior parte dos casos confirmados ainda esteja na China. Para contê-lo, governos e empresas já decretaram o fechamento de fábricas e comércios, o cancelamento de eventos e a suspensão de voos nas cidades mais afetadas, impactando diretamente a produção industrial e o consumo.
Se a perspectiva de crescimento de um país importante para a economia global, como a China, é reduzida, os investidores tendem a buscar mais segurança em suas aplicações, com portfólios e ativos que apresentem maior liquidez, menor volatilidade e menos riscos.
Em análise publicada, o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, afirmou que uma reação excessivamente negativa do mercado é normal diante dos temores e incertezas, mas sugeriu que o investidor deve evitar decisões precipitadas e manter a calma.
Entenda a relação coronavírus bolsa de valores
O câmbio desvalorizado e controlado pelo governo chinês torna a China um dos maiores players globais em exportação. A China possui, ainda, mais de 18% da população global, o que faz do gigante asiático um grande mercado consumidor.
Em 2018, a China respondia por 18,69% do PIB mundial, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Apenas para se ter uma ideia, o mesmo levantamento aponta o Brasil com 2,49% de participação na economia global no mesmo ano.
Números como esses demonstram a proporção e a importância da economia chinesa para o mundo atual. Desde o início da epidemia do coronavírus, cidades inteiras no país entraram em quarentena, reduzindo temporariamente a capacidade da força de trabalho e o consumo de milhares de chineses.
Conforme o vírus se alastra para outros países e polos financeiros, novas medidas de segurança são tomadas em todo o mundo. Na terça-feira, 3 de março, por exemplo, os comandos internacionais da Ford e da Fiat suspenderam viagens não essenciais, internacionais e locais, de seus colaboradores diante da epidemia.
Os fatores citados acima impactam a atividade econômica na China e, consequentemente, em todo o mundo. O cenário de incertezas diante da capacidade de danos do novo coronavírus faz com que muitos investidores busquem proteção para seus investimentos em ativos com menor risco e alta liquidez.
O economista-chefe da Genial Investimentos alerta que, em momentos de estresse nos mercados, como o vivenciado agora, o ideal é manter o portfólio de investimentos e esperar até que os preços passem a refletir os danos reais causados pelo vírus na economia.
Como as epidemias como a do novo coronavírus afetam o mercado financeiro?
As epidemias, de forma geral, podem paralisar ou reduzir as atividades produtivas e o consumo da população de uma região ou país. No caso dos impactos do coronavírus, fábricas globais das principais marcas de automóveis, por exemplo, já anunciaram que suas produções foram atingidas.
Uma análise de 2013 do Banco Mundial afirmou que vírus, como o coronavírus, podem ser mais prejudiciais para a economia global do que desastres naturais. Uma pandemia severa, por exemplo, poderia causar perdas econômicas da ordem de 5% do PIB mundial – mais de US$ 3 trilhões.
Há pouco mais de 20 anos, uma epidemia respiratória aguda – conhecida pela sigla SARS – atingiu a China, infectando mais de oito mil pessoas e matando cerca de 800 em todo o mundo.
O vírus na China, na época a sexta economia global, reduziu em aproximadamente 1% o crescimento do país. O coronavírus, por sua vez, já infectou mais de 80 mil pessoas e matou quase três mil apenas na China, país que, hoje, comanda a segunda maior economia global em um mundo muito mais interconectado do que em 2003. Os números mostram que o COVID-19 é significativamente mais contagioso que o vírus da SARS, porém, felizmente, é bem menos letal.
Como nos ensina Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo, “O mercado foi feito para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes”, ou seja, neste momento, precisamos de paciência. Entenda que o coronavírus vai causar muitos estragos, mas ele vai passar.
Coronavírus e o mercado financeiro: o que esperar?
A rápida expansão do COVID-19 derrubou Bolsas de Valores em todo o mundo, incluindo a brasileira, a B3. Nos EUA e na Europa, as perdas na última semana de fevereiro foram as maiores desde a crise econômica de 2008.
Caso as expectativas de crescimento do PIB chinês se confirmem menores em função do vírus, o impacto pode também atingir as projeções do crescimento brasileiro, diminuindo a confiança e o apetite dos investidores locais.
Isso porque a China é um dos maiores compradores de commodities do Brasil, além de ser um dos maiores fornecedores de produtos eletroeletrônicos para as indústrias brasileiras.
Localmente, companhias importantes no mercado acionário, como a Petrobras, já afirmaram que o resultado de suas operações no primeiro trimestre deste ano será menor em função do coronavírus. No mundo, gigantes, como a Apple, também já alertaram que suas metas de faturamento para 2020 não serão cumpridas e que o suprimento global de iPhones será restrito.
Como cuidar dos investimentos diante do novo coronavírus (COVID-19)?
Especialistas consultados na análise da Genial Investimentos apontam que, em média, as epidemias e pandemias têm ciclo de vida de quatro meses, e cientistas em todo o mundo têm avançado em suas pesquisas para o desenvolvimento de vacinas contra a doença.
Assim, o estresse causado pelas incertezas deve logo dar espaço para a consolidação de um cenário mais realista sobre o estrago causado pelo coronavírus na economia chinesa – e na global.
Para investidores que não precisam de recursos neste momento, a análise da Genial recomenda cautela e paciência até que os ativos recuperem suas perdas.
Já para aqueles que precisam de recursos, ou não se sentem confortáveis com o nível de exposição ao risco dos seus portfólios, a recomendação é fazer uma transição cuidadosa para investimentos mais conservadores, como fundos de renda fixa e crédito privado.
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