Você já deve ter ouvido a máxima “não ponha todos os ovos na mesma cesta”. O significado é bem claro: não tenha apenas uma opção, não aposte todas as fichas numa única coisa, tenha um plano B (e C e D…). Em finanças, essa frase é muito usada para dizer “diversifique seus investimentos”.

Mas por que é tão importante diversificar? Simples: a diversificação feita da maneira correta reduz o risco total da sua carteira de investimentos, ajudando seu patrimônio a crescer com um bom nível de segurança.

Manter todos os ovos na mesma cesta tem um perigo óbvio: se a cesta cair no chão, quebram-se muitos, se não todos. Em cestas diferentes, porém, eles estão mais protegidos. Se uma ou duas cestas caírem no chão, ainda lhe restam outras, com ovos intactos.

O mesmo raciocínio vale para os investimentos. Ao aplicar em um único ativo, você está totalmente exposto ao risco daquele ativo. Se ele se desvalorizar ou se você tomar um calote, por exemplo, você perderá a maior parte, se não todo o seu dinheiro.

Quando a diversificação é bem feita, porém, os investimentos que se saírem mal afetarão apenas uma pequena parte do seu patrimônio. Já aqueles que se saírem bem puxarão a rentabilidade da sua carteira para cima, podendo até compensar pelas perdas. O importante é ter um bom resultado final.

As teorias sobre a construção de carteiras de investimento mais aceitas e difundidas no mercado mostram, matematicamente, que é possível combinar diferentes tipos de investimento de forma a conseguir o máximo de retorno com o mínimo de risco.

É isso que os profissionais de finanças e investimentos, como os gestores de fundos, procuram fazer quando montam carteiras para seus clientes.

Em um mercado saudável, espera-se que, quanto maior o risco de um investimento, maior seja seu retorno. E quando falo em risco, estou falando dos muitos tipos de risco existentes.

A diversificação permite ao investidor aproveitar a maior rentabilidade das aplicações mais arriscadas sem expor seu patrimônio excessivamente. Ela também evita que, para proteger seu dinheiro, o investidor precise abrir mão de rendimentos mais altos para privilegiar aplicações mais seguras.

Em outras palavras, a diversificação possibilita um retorno intermediário entre a rentabilidade dos ativos mais arriscados e a dos ativos menos arriscados da carteira, com uma segurança consideravelmente maior do que aplicar em um único ativo.

A boa diversificação prioriza a proteção do patrimônio, mas sem deixar de buscar aquele retorno extra. Ela leva em conta o perfil do investidor – se ele é mais conservador, moderado ou mais arrojado – e não expõe seu patrimônio ao risco excessivo.

Além disso, a carteira como um todo oscila bem menos, permitindo que o coração do investidor continue batendo na velocidade certa.

Diversificação minimiza a dor da perda

Como já mencionado, a correta combinação dos ativos em uma carteira de investimentos faz com que as eventuais perdas em certas aplicações doam menos no bolso, podendo ser até compensadas.

“Se acontece uma desgraça com um investimento, você tem os outros para garantir a sua vida”, diz William Eid Jr., coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).

Para dar um exemplo, vamos imaginar uma carteira hipotética composta por dois ativos. Não que uma carteira composta por apenas dois ativos seja diversificada o suficiente. Trata-se de uma simplificação para mostrar como ocorre essa compensação das rentabilidades.

Suponha uma carteira de 40 mil reais, com 25% (10 mil reais) investidos no ativo A, mais arriscado, e 75% (30 mil reais) investidos no ativo B, de menor risco. Veja a rentabilidade dessa carteira em quatro diferentes cenários de retorno para cada ativo:

Ativo A+16%-16%-16%+16%
Ativo B+10%-10%+10%-10%
Total da carteira11,50%-11,50%+3,50%-3,50%

Quando ambos os ativos têm retorno positivo (A com 16% e B com 10%), a carteira tem um retorno intermediário (11,50%). O investidor ganha mais do que o ativo menos rentável, mas menos que o mais rentável, mas o risco total da carteira foi reduzido.

Isso é mais visível na carteira em que ambos os ativos têm desempenho negativo. O ativo A, mais arriscado, caiu mais (-16%), e o ativo B caiu menos (-10%). No total, a carteira caiu mais do que o ativo B, mas menos do que o ativo A (-11,50%).

Ou seja, desvalorizou menos do que se o investidor tivesse aplicado apenas no ativo A, sem perder a oportunidade de obter ganhos maiores nesse ativo.

Note que a rentabilidade total da carteira, nesses dois casos, ficou mais próxima da rentabilidade do ativo B do que a do ativo A, uma vez que a maior parte do patrimônio está investida no ativo B. Isso mostra que o rendimento da carteira também tem relação com o peso de cada ativo.

No terceiro caso, o retorno positivo do ativo B (+10%) compensa a perda expressiva do ativo A (-16%), fazendo com que a carteira tenha retorno global positivo (+3,50%). Se tivesse investido apenas no ativo A, o investidor teria tido perdas duras, mas a diversificação reduziu o risco.

Na última coluna, o retorno global da carteira foi negativo (-3,50%), apesar do retorno positivo do ativo A (+16%). Afinal, a maior parte do patrimônio estava aplicada no ativo B, que viu perda de 10%. Ainda assim, a perda foi bem menor do que se todo o patrimônio estivesse aplicado no ativo B.

O objetivo da boa diversificação, portanto, é equilibrar os possíveis retornos positivos e negativos da carteira, de forma a atingir o menor nível de risco possível, de acordo com o perfil do investidor.

Como o equilíbrio funciona

O desempenho dos diferentes tipos de investimento varia muito conforme o cenário econômico. Em épocas de inflação alta, por exemplo, pode aumentar a probabilidade de o Banco Central elevar a taxa básica de juros (Selic), usada para controlar a alta dos preços generalizada.

Com isso, investimentos conservadores cuja rentabilidade segue a Selic de alguma forma se tornam mais atrativos, pois provavelmente renderão mais. Investimentos que protegem o dinheiro da inflação também podem ser interessantes para proteger o poder de compra do patrimônio do investidor.

Por outro lado, as ações das empresas costumam sofrer nessas situações, uma vez que altas taxas de juros encarecem o crédito e desestimulam o investimento produtivo.

Dentro da própria bolsa de valores existem empresas que se beneficiam mais de alguns cenários econômicos que de outros.

Empresas exportadoras, por exemplo, se beneficiam da alta do dólar, enquanto que aquelas que têm dívida em moeda estrangeira ou sejam fortes importadoras sofrem com essa variação no câmbio.

Há empresas cujas ações oscilam mais e outras com ações menos voláteis, chamadas de defensivas. Por exemplo, empresas que têm receitas muito estáveis, como concessionárias de serviços públicos, tendem a ser consideradas mais defensivas.

Para montar uma carteira diversificada, portanto, é preciso levar em conta diferentes cenários, de forma a equilibrar ativos que se beneficiem mais em um cenário e outros que tenham melhor desempenho no cenário oposto, por exemplo.

Também procura-se diversificar as classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio) e setores, quando se trata de ações, por exemplo. A ideia é não estar excessivamente exposto a um ou poucos tipos de risco e ter benefícios em diferentes cenários.

Rebalancear é preciso

Contudo, a diversificação requer técnica. Não se trata apenas de sair comprando inúmeros ativos indiscriminadamente. Até porque, a partir de certa quantidade de ativos, a diversificação já não diminui mais o risco – apenas aumenta o trabalho do investidor para acompanhar toda a carteira.

Também não se trata de investir em determinadas aplicações e se esquecer delas para todo o sempre. De tempos em tempos é preciso rever os investimentos para saber se eles estão no rumo certo, principalmente se o objetivo do investidor é de longo prazo.

A rentabilidade da carteira como um todo está indo ao encontro do objetivo no prazo desejado? Há algum “ativo-problema”, que parecia ser interessante a princípio, mas que depois de certo tempo se revelou um perdedor?

Vale a pena aumentar a participação em alguma aplicação cujas novas perspectivas sejam muito boas? Surgiram novos produtos financeiros que podem ser mais adequados àquele investidor?

“Produtos financeiros também ficam obsoletos com o passar do tempo. É preciso renovar a carteira. A diversificação pode ajudar o investidor desatento, caso ele demore a perceber que determinados ativos devem ser trocados”, explica o professor William Eid Jr.

Qualquer um pode diversificar?

A necessidade de diversificar aumenta conforme cresce o patrimônio do investidor. Não faz sentido diversificar quando se tem apenas mil reais, pois os custos em geral não compensam os eventuais ganhos.

O ideal para esse investidor é começar por uma aplicação conservadora e ir aumentando aos poucos seu patrimônio, a fim de dar passos maiores futuramente.

Também não é preciso começar a diversificação por cinco ou dez ativos. Ela pode começar com dois ou três. Talvez dentro da própria renda fixa. Mais para frente, se for o caso, pode-se destinar uma pequena parte do patrimônio para a renda variável.

Para quem tem mais dinheiro, a diversificação se torna imperativa. Afinal, ninguém quer correr o risco de perder a poupança de uma vida inteira, mas também existe aí uma oportunidade de ganhar um pouco mais.

A boa diversificação deve levar em conta não só o momento econômico e a natureza de risco dos ativos, mas também a quantia que o investidor pretende aplicar, seu perfil de risco, seu objetivo e seu prazo.

Pode ser uma tarefa difícil de fazer sozinho, pois requer algum estudo. É por isso que muitos investidores preferem aplicar em fundos de investimento, que contam com gestão profissional. Esta é, por sinal, talvez a principal vantagem dos fundos de investimento.

Um único fundo pode já ser um instrumento diversificado mesmo para um investidor com patrimônio ainda pequeno. Além disso, é possível diversificar com vários fundos de gestores diferentes, seja investindo diretamente neles, seja investindo em um fundo multigestor.

Mas mesmo esse tipo de diversificação requer alguma técnica. “Não é só sair comprando fundos. É preciso saber onde eles investem para saber se são de fato diversificados. É fundamental aprender sobre os produtos e saber onde se está investindo. Estudar um pouquinho”, diz William Eid Jr..

Investidores que não quiserem ou não tiverem tempo de se aprofundar podem contar com a ajuda de uma consultoria de investimentos.

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