Um novo termo vem ganhando cada vez mais destaque no mercado financeiro e não é por acaso: se o viés da sustentabilidade não for incorporado aos negócios e às operações, eles não se perpetuarão no mundo de hoje.
ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance – termo que, traduzido de forma livre, pode ser entendido como Governança Ambiental, Social e Corporativa.
Para se ter uma ideia, de acordo com o The Global Sustainable Investment Alliance, o GSI, os investimentos responsáveis alcançaram recentemente a marca de 31 trilhões, o que representa 36% do total de ativos financeiros no mundo.
Além de trazer impactos para os investimentos, a adoção dos critérios ESG representa uma nova era no que tange às relações no mercado financeiro, uma vez que a sustentabilidade passa a ser introduzida na estratégia das empresas e instituições. Continue aqui com a gente e entenda como esse termo está movimentando o mercado financeiro!
O que é ESG
O termo ESG abrange as práticas empresariais e de investimento que, para além do lucro, incorporam a sustentabilidade aos negócios – que pode ser compreendida como a forma que determinada instituição se relaciona com seu público e investidores, com o meio ambiente e com a comunidade no geral.
O ESG vem gradualmente ganhando força com o passar dos anos, mas vale dizer que a pandemia que estamos vivendo em 2020, muito possivelmente, servirá como um impulso para acelerar e valorizar cada vez mais as práticas responsáveis.
O termo acaba por nortear as boas práticas de negócios, uma vez que, com suas ações listadas na Bolsa de Valores, as grandes empresas são cobradas por seus acionistas e investidores a colocar em prática ações e medidas sustentáveis – que compreendem, dentre outras:
- A gestão adequada de resíduos;
- As emissões de carbono;
- Os impactos socioambientais do modelo de negócios;
- Questões trabalhistas e transparência nos processos.
Origem e princípios do ESG
Mencionado pela primeira vez em 2005, o ESG é um termo relativamente antigo, apesar de ter começado a ganhar mais evidência somente nos últimos anos.
Visando rentabilidade e maior segurança por parte das empresas nas quais investem seu patrimônio, os investidores começaram a observar que a ausência das boas práticas pode representar um risco para a sustentabilidade e a sobrevivência do sistema financeiro global. A partir disso, o tema começou a ganhar mais evidência.
Em linhas gerais, o ESG se fundamenta em várias frentes:
Valores éticos e morais: começaram a ser observados principalmente a partir da década de 60, quando empresas que compactuavam com o apartheid começaram a ser excluídas pelos investidores.
Boas práticas socioambientais e de governança: empresas com práticas responsáveis começaram a ser valorizadas a partir dos anos 80.
Sustentabilidade: visando mapear instituições sustentáveis, foi criado em 1999 o Índice Dow Jones de Sustentabilidade. Com isso, outras bolsas de valores começaram a criar seus próprios índices.
No Brasil, foi instituído o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 – o ISE.
Investimento responsável: com a criação do PRI – Principles for Responsible Investment pela ONU – ou Princípios para o Investimento Responsável em português, os investimentos responsáveis se popularizaram ao redor do mundo e seguem cada vez mais conhecidos e valorizados.
ESG no Brasil e no mundo
Em relação ao mundo, o Brasil ainda está em um estágio bem inicial no que tange à responsabilidade socioambiental – apesar do tema vir ganhando força aos poucos.
Nos últimos meses, o investidor brasileiro pode conhecer alguns fundos ESG, como o Warren Green Fia – BDR nível I; o Total Impacto FIA, da SulAmérica e Plural ESG Crédito do Brasil Plural.
No mundo, grandes empresas e fundos anunciaram recentemente a retirada de seus investimentos de setores que se relacionam de forma nociva com o meio ambiente, como a BlackRock e Fundo Soberano da Noruega, por exemplo.
Outras multinacionais, como Amazon, Apple e Microsoft assumiram o compromisso de reduzir a emissão de carbono, apostando em energia renovável e práticas mais sustentáveis.
Vantagens das empresas ESG
Como estamos vendo, para os investidores, empresas ESG trazem mais segurança na tomada de decisão e saem na frente quanto à transparência e mitigação de riscos. Para o meio ambiente e para a população, garantia de direitos, qualidade de vida e equilíbrio dos ecossistemas.
Para as empresas, também são muitas as vantagens ao adotar os critérios de responsabilidade socioambiental. Veja:
Competitividade
A tendência é que consumidores e investidores busquem, cada vez mais, instituições alinhadas ao ESG. Sendo assim, empresas que não se adaptarem acabarão forçadas a sair do mercado, colocando em vantagem competitiva os negócios que priorizam esses critérios.
Investimento social
A responsabilidade socioambiental torna empresas e investidores mais conscientes dos desafios sociais que vivemos hoje. Meio ambiente e sociedade estão integrados, portanto, falar em sustentabilidade também contribui para vencermos os desafios em busca de uma sociedade mais justa.
Novos fundamentos
A médio e longo prazos, critérios de governança corporativa e socioambientais serão definidores ao se avaliar os investimentos.
Performance
A relação risco x retorno quando práticas de responsabilidade socioambiental estão envolvidas é potencialmente mais positiva, influenciando diretamente na performance financeira das instituições.
Como investir em ESG
Os fundos ESG são ótimas opções para quem visa investir a longo prazo e trazem consigo diversas vantagens, como vimos anteriormente.
Mas assim como em qualquer outra aplicação, o processo a ser seguido pelo investidor é o mesmo. Confira:
1. Escolha uma corretora
Antes de mais nada, escolha uma boa corretora. É por meio dela que você irá investir no mercado!
2. Defina seus objetivos e avalie suas opções
A partir dos objetivos que você traçar, é chegada a hora de avaliar os produtos, as possibilidades de aplicação, prazos e condições de cada um deles para escolher aqueles que melhor se adequam à sua realidade.
No caso dos fundos ESG, observe o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) das empresas listadas na B3 e faça alguns filtros, analisando, principalmente, se a instituição é transparente na divulgação de informações; se investe em tecnologia para promover o desenvolvimento sustentável do seu negócio; se respeita os direitos humanos; se promove bem-estar de seus funcionários e clientes; se investe em ações e práticas de responsabilidade socioambiental e, por fim, se contam com certificações que comprovem essas práticas.
3. Transfira seu dinheiro
Chegou a hora de transferir para a sua conta na corretora de valores o dinheiro que você pretende aplicar no fundo escolhido e colocar a mão na massa – ou melhor, nos investimentos!
Uma dica para quem deseja apostar em investimentos responsáveis – mas não possui o perfil de investidor para aplicar em renda variável – pode procurar pelos green bonds, títulos verdes em renda fixa. Eles costumam ser emitidos como letras financeiras, debêntures e cotas de fundos.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre o ESG, deixe um comentário aqui para a gente contando se esse artigo foi útil para você e não deixe de compartilhar o conteúdo com outros investidores!