Se o investidor brasileiro fosse definir o desempenho do Ibovespa em 2021, certamente ele definiria em: volatilidade! O último ano foi marcado por recordes de investidores, porém apresentou uma das piores quedas desde 2008, quase 12%. Neste artigo, você vai entender um pouco mais sobre volatilidade da bolsa em 2021 e quais ações apresentaram as maiores altas e baixas. 

Boa leitura!

Afinal, o que é Ibovespa?

O Ibovespa, Índice da Bolsa Brasileira, foi criado em 1968 e é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3. Este índice, atua como um termômetro do mercado acionário do Brasil, medindo através de um sistema de pontos baseado em reais, o desempenho médio de uma carteira teórica com as ações principais ações negociadas.

 Este índice ao ser calculado, leva em consideração o retorno total dos investimentos, ou seja, considera as variações nos preços dos ativos e também o impacto dos pagamentos dos proventos das empresas emissoras das ações. 

A B3 reavalia a composição da carteira teórica a cada 4 meses e os principais critérios para fazer parte do índice são:

  • Fazer parte dos ativos elegíveis que, no total e dentro do período de um ano, representem 85% do índice de negociabilidade. 
  • Ter presença em pregão de 95% no último ano.
  • Ter participação de volume financeiro a partir de 0,1% no mercado à vista.
  • Não ser Penny Stock (ações que possuem cotações abaixo de R$ 1)

O Ibovespa é um ótimo norte para os investidores, pois através deste índice é possível sentir como está a economia do país, a saúde das empresas e, principalmente, se vale a pena ou não negociar as ações que usam o índice como referência.

A queda do Ibovespa em 2021

Em 2021, o Ibovespa fechou com uma queda de quase 12%. Uma das piores posições no ranking de desempenhos de mercados de ações. 

No início do ano, aos primeiros sinais do início da vacinação contra o covid-19, os especialistas projetaram um cenário otimista de crescimento da Ibovespa de até 151 mil pontos até dezembro, porém não levaram em consideração a inflação e gestão pública dos recursos do país.

Os dois primeiros meses de 2021 foram períodos de queda, mostrando sinais de ganhos a partir de março. Sua performance manteve-se positiva até junho e no segundo semestre voltou a cair.

A inflação seguiu subindo no 2º semestre, afetando assim a taxa Selic. Além disso, os riscos fiscais com o aumento dos gastos públicos agravaram ainda mais o percurso de recuperação dos ativos financeiros. Assim, obtivemos o 2º pior resultado no mundo. Perdendo apenas para Venezuela, que viveu um cenário de hiperinflação no país. 

Diante deste cenário, os ativos que se destacaram neste período de volatilidade foram das companhias que tinham suas receitas dolarizadas

Mesmo com a queda, no fim do ano passado, podemos perceber um amadurecimento no mercado brasileiro de investimentos, que contou com aporte estrangeiro que atingiu a marca de R$100 bilhões. 

A previsão para 2022 é que o investimento estrangeiro siga aumentando, pois é esperado uma melhora fiscal, um cenário positivo para as commodities e para os países emergentes e uma continuidade na retomada da economia.

5 empresas do Ibovespa com maior queda em 2021 

1. Magazine Luiza (MGLU3): -71%

O ano de 2021, foi um ano desafiador para a rede de lojas Magazine Luiza. Após um aumento de 110% nas ações em 2020 e um ritmo de expansão acelerado, o ativo da companhia liderou as perdas em 2021.

Um fator muito importante, que cabe ressaltar, é que as ações de e-commerce são geralmente avaliadas como ações de crescimento, a maior parte do valor vem de anos mais distantes e da longa duração. Esse tipo de ação, são mais severamente afetados do que as ações de valor, quando o custo de capital está em alta em meio ao cenário de alta de juros. Afetando assim, as ações do Magalu como do setor em geral.

Além disso, a concorrência cresceu entre 2020 e 2021 com entrada de players estrangeiros como a Shopee e o AliExpress, que abriu a plataforma para vendedores e a Amazon vem investindo de forma agressiva no mercado de e-commerce no Brasil.

Em relatório emitido no final de novembro, pelos analistas da XP, apontam que dentre os motivos para a baixa das ações da Magalu se dá principalmente pela incerteza dos investidores quanto à dinâmica de margens para quarto trimestre de 2021. No terceiro trimestre, a companhia teve uma performance sólida no canal online, mas com margens pressionadas.

2. Via (VIIA3): – 67%

Outra empresa que também esteve entre as maiores baixas de 2021 foi a Via. Além de enfrentar as mesmas questões setoriais que o Magalu, no 3º trimestre foi impactada com o aumento inesperado de provisões trabalhistas, que provavelmente terão um impacto de longa duração nos resultados da companhia.

Mesmo com a reestruturação recente, liderada pela nova equipe de gestão da companhia, voltando para um modelo de negócio digital, com o número de usuários crescendo no e-commerce, a melhora no índice de satisfação do cliente, e tendo uma alta de 33% nos canais de atendimento online, no terceiro trimestre, o resultado no varejo físico foi negativo, com baixa de 14%. Além disso, a empresa apresentou uma queda também em sua receita, 6% na base anual.

No fim do ano, a empresa que tinha recomendação para a ação da via de equalweight, exposição em linha com a média do mercado, foi reclassificada para underweight, exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda. O preço-alvo também foi reduzido de R$ 8 para R$ 5.

3. Pão de Açúcar (PCAR3): -62%

O ano de 2021 também não foi positivo para as ações do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e um dos fatores que acarretaram este resultado foi a cisão da Sendas Distribuidora (ASAI3) do GPA, no 1º trimestre as ações se dividiram em os papéis do Pão de Açúcar (PCAR3) e da Sendas (ASAI3), controladora do atacarejo Assaí. Com a divisão, as ações da Sendas dispararam em 386% e as do GPA despencaram. 

Porém, para os investidores que tinham o papel PCAR3 no pregão antes da cisão, o saldo foi positivo. Todas as ações compradas e detidas de PCAR3 tiveram direito de receber ações ASAI3 na mesma proporção. Ou seja, se o investidor que possuía, por exemplo, 100 ações (PCAR3) na sexta, continuou com essas 100 ações na segunda e ganhou 100 ações (ASAI3) também, obtendo um ganho de mais de 14%. 

Desde esse pregão, contudo, a ação (PCAR3) depois da cisão ficou praticamente estável. Em fevereiro a ação estava a R$ 64,58 e com a cisão, foi para R$ 22,06, caindo 65,84%. 

4. Americanas (AMER3): -58%

Acompanhando a queda das empresas do setor varejista do e-commerce, a Americanas também fechou 2021 em queda, em um ano agitado para a companhia em meio à sua reestruturação. Em julho, surgiu a Americanas S.A., fruto da fusão entre a B2W Digital e a Lojas Americanas. A companhia possui uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil além de mais de 1.700 unidades físicas no país.  

Porém, logo após a reestruturação, as ações passaram a registrar um forte movimento de queda, devido aos mesmos fatores que atingiram as outras empresas que atuam no segmento do e-commerce que sofreram mais em momentos de volatilidade e incertezas macroeconômicas, devido ao aumento da taxa de juros, combinado com um aumento da competição no setor.

5. EzTec (EZTC3): -51%

Outro setor que foi afetado pela de alta de juros de 2021, com a Selic saindo de 2% em março para 9,25% em dezembro, foram as construtoras, sendo que a mais afetada percentualmente foi a EzTec (EZTC3).

As construtoras se beneficiam do cenário de juros baixos, tornando a compra de imóveis mais acessível no Brasil. Isso porque o nível reduzido da Selic torna ativos imobiliários mais atrativos se comparado a outras modalidades de investimento. Com a alta dos juros, consequentemente, o interesse pelos ativos despencou, impactando negativamente o setor.  

Além disso, no radar da companhia, a EzTec desistiu no começo de fevereiro de fazer a abertura de capital do seu braço corporativo, a EZ Inc., em decorrência das condições de mercado verificadas. Em dezembro, a EzTec anunciou que lançou quatro empreendimentos no quarto trimestre de 2021 no valor de R$ 491 milhões, lançando R$ 1,9 bilhão em 2021, 37% abaixo do ponto médio lançamentos para o ano de R$ 2,8-3,3 bilhões.

5 empresas do Ibovespa com maior alta em 2021 

No ano de 2021 podemos ver uma mudança de mercado muito interessante.

 Enquanto as empresas bens de consumo, principalmente as voltadas ao e-commerce, que brilharam em 2020, fecharam o ano passado em queda. Em 2021, a vez de bater recordes de valorização ficaram para ações de exportadoras. As commodities que sofreram impactos altíssimos com o ápice da pandemia, se recuperaram, atingindo valorizações significativas no mercado durante o ano passado.

Confira as principais que mais tiveram valorização em 2021: 

1.Embraer (EMBR3): +180%

Após um 2020 de incertezas e quedas, devido à pandemia do Covid-19, a Embraer retomou seu fôlego em 2021 e recuperou-se de uma queda de cerca de 55%. A companhia teve uma tomada de fôlego em 2021, fechando o ano com uma alta no Ibovespa de +180%. 

Um fator muito importante para esse resultado foi a vacinação avançando pelo mundo e propiciando a retomada das viagens, mesmo que com restrições. Afinal, com as pessoas transitando, os pedidos de aeronaves retomaram e refletiram nos resultados dos últimos trimestres da fabricante de aviões.

Além disso, a companhia encerrou o ano anunciando a fusão com a sua subsidiária Eve, que é voltada para a mobilidade urbana, sendo uma aposta em um novo segmento da companhia. 

2. Braskem (BRKM5): 155%

A Braskem foi também uma das empresas que liderou os ganhos do Ibovespa durante 2021, apesar do contratempo com o evento geológico no Estado de Alagoas e o provisionamento de cerca de R$ 7,1 bilhões até 2025 para cobrir as despesas de realocação, compensação, fechamento e monitoramento da região afetada. 

Mesmo diante deste infeliz acontecimento, a companhia obteve um lucro líquido de R$ 3,54 bilhões no terceiro trimestre de 2021, impulsionado por um salto de 77% de receita líquida ano a ano para R$ 28,3 bilhões. 

A petroquímica teve sua lucratividade impulsionada pela alta do dólar, pela valorização das commodities e pela definição da venda de seu controle pela Petrobras e Novonor e fechou o ano de 2021 com a classificação estável de acordo com a agência de classificação de risco de crédito, Fitch. 

3. Marfrig (MRFG3): +73%

Outra empresa que fechou 2021 com uma das maiores altas na Ibovespa foi a empresa do ramo alimentício, Marfrig. Com a alta do dólar, forte penetração no mercado norte americano e cenário favorável para os produtos fabricados pela companhia, o ultimo resultado publicado referente ao 3º trimestre de 2021, elucidou a positiva crescente no último ano. 

Registrando um lucro líquido de cerca de R$ 1,7 bilhões no terceiro trimestre e receita líquida consolidada de R$ 23,638 bilhões no trimestre, 40,4% superior à receita na comparação anual e recorde histórico da companhia. 

Para 2022, grande parte dos analistas segue construtivo a ação da companhia, mas as expectativas são um pouco mais contidas. Os analistas do BofA – Bank of America, reiteraram a recomendação de compra para a ação, pois avaliam serem mais construtivos do que o consenso sobre as margens da carne bovina nos Estados Unidos no curto prazo e em 2022.

4. JBS (JBSS3): +70%

Outra empresa da indústria de alimentos que teve resultado positivo na Ibovespa foi a JBS. A empresa teve forte atuação nos Estados Unidos em 2021 devido à forte demanda por carne bovina e a recuperação do consumo de frango, no food servisse e varejo, que deverá continuar em 2022.

A longo prazo a estratégia de mercado da JBS é aumentar sua competitividade e relevância em escala global, para assim manter a empresa bem posicionada nos e capturar o potencial de crescimento do setor de proteínas que está previsto para os próximos anos. 

Para alcançar esta ascensão a nível global, a JBS possui vantagens competitivas, como a diversificação das proteínas comercializadas, a sua diversificação geográfica e, além disso, suas operações são escaladas. Um processo bem estruturado, aliado a uma marca forte e seu balanço positivo em 2021, faz com que tenhamos uma perspectiva positiva para os resultados em 2022.

A XP coloca a JBS como sua top pick para 2022 no segmento de alimentício, recomendando a compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 51,80 por ação enquanto espera-se que os spreads melhorem no Brasil com redução da pressão de custos e taxa de câmbio favorecendo as exportações.

5. PetroRio (PRIO3): +47%

Também beneficiada com a alta do petróleo, a PetroRio fechou 2021, mesmo entre quedas nos últimos meses do ano, entre as empresas que mais tiveram alta na Ibovespa. 

A companhia vem sendo notada cada vez mais por suas expectativas de produção e bons negócios fechados que vem se desdobrando desde 2020, quando a ação subiu 112%. Atualmente opera os campos de Tubarão Martelo, Polvo e Frade, além de ter participação no bloco exploratório Wahoo, todos na Bacia de Campos.

Uma primeira participação de 35,7% em Wahoo foi adquirida pela PRIO3 em novembro de 2020 da BP (fazendo a ação saltar quase 30% logo após o anúncio), e outra participação de 28,6% foi adquirida da Total em março de 2021. O Bank of America iniciou recentemente a cobertura para os ativos PRIO3, também com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28,50. 

Agora que você já sabe quais foram os mercados que mais tiveram alta e queda no Ibovespa em 2021, nós da Vexter queremos saber, qual será a sua aposta no cenário econômico do Brasil para 2022? Você espera estabilidade ou volatilidade nas taxas?

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