Ao longo da história, a política econômica global passou por evoluções significativas. Muitas vezes, a substituição de um monarca, a conquista de um território ou a ascensão de uma classe social era o bastante para a mudança de leis, políticas, costumes, comércio etc.

O fim do feudalismo, por exemplo, deu origem ao mercantilismo, um sistema econômico que impactou profundamente o mundo todo. Esse modelo permitiu o descobrimento de novos territórios, povos e culturas, e estabeleceu as bases para o capitalismo moderno.

Quer saber mais sobre o mercantilismo e suas principais características? Então não perca este conteúdo preparado pela equipe da Genial Investimentos.

Confira!

O que foi o mercantilismo?

O mercantilismo pode ser conceituado como um conjunto de práticas econômicas adotadas pela sociedade ocidental durante a Idade Moderna. O objetivo desse sistema era assegurar prosperidade a um reino ou nação por meio da acumulação de riquezas — especialmente, de metais preciosos.

Para entender como a humanidade chegou ao mercantilismo, vale conhecer um pouco sobre o passado. A história ocidental pode ser dividida em três principais períodos: a Antiguidade, a Idade Média e a Idade Moderna.

Antiguidade e Idade Média

A Antiguidade é marcada pelo período que se estende desde a invenção da escrita (4.000 a 3.500 a.C.) até a queda do Império Romano (476 d.C.). Ela é caracterizada pelo desenvolvimento das civilizações, comércio, religião, arte, militarização e centralização do poder nos monarcas.

Já a Idade Média foi responsável por trazer mudanças significativas nas estruturas políticas e sociais. Nesse período surgiu o feudalismo — uma estrutura política que tinha a posse de terras e a exploração do trabalho rural como base da sociedade.

No final do século XIV, o sistema feudal entrou em declínio. Embora a nobreza — classe social dominante na estrutura feudal — concentrasse terras e poder, a expansão do comércio trouxe riqueza e ascensão à burguesia.

Por outro lado, os monarcas voltaram a ganhar destaque ao exercerem lideranças nas guerras e nas conquistas. A união entre reis e burgueses enfraqueceu a nobreza e pôs fim à estrutura feudal, surgindo os primeiros Estados nacionais.

Idade Moderna

Com o fim do feudalismo, o comércio se tornou a principal atividade econômica da Europa. Os mercantilistas passaram a defender que o prestígio e o poder de uma nação eram medidos pela quantidade de riqueza que ela acumulava.

Logo, o termo mercantilismo começou a ser empregado para descrever as práticas que visavam garantir o enriquecimento do Estado, por meio da taxação do comércio e do acúmulo de riquezas. Além disso, as práticas mercantilistas visavam impedir a saída desses recursos dos cofres do Governo.

A prosperidade do Estado também era uma forma de garantir o fortalecimento do poder real, que era usado para evitar que a nobreza voltasse ao poder. Então muitos burgueses patrocinaram expedições para ampliar as relações comerciais com outros países e fortalecer a monarquia.

Essa ocasião foi então marcada pela expansão marítima e a descoberta de novos continentes e rotas comerciais. Ainda que esse sistema tenha perdurado entre os séculos XV e XVIII, ele também entrou em declínio, dando espaço ao capitalismo.

Quais foram as principais características desse sistema econômico?

Depois de conferir o conceito e um pouco da origem do mercantilismo, é válido conferir quais foram as principais características desse sistema econômico. Como no continente europeu existiam diferentes nações, esse modelo não foi aplicado da mesma forma em todas elas.

Ademais, muitos Estados adotavam mais de uma prática mercantilista em busca de aumentar o seu poder e reconhecimento frente às demais nações.

Veja as características mais comuns entre eles!

Metalismo

O acúmulo de metais preciosos era uma prática bastante antiga na humanidade. Dessa maneira, os monarcas e governantes tinham o ouro e a prata como ingredientes essenciais para demonstrar riqueza e superioridade em relação à população.

Essa busca incessante por metais preciosos deu origem à exploração de territórios conquistados. Por exemplo, a Espanha foi um dos países que mais se destacou ao extrair grandes quantidades de ouro de sociedades indígenas das Américas, a exemplo dos Astecas, Incas e Maias.

Colonialismo

O colonialismo também era uma característica do mercantilismo. Em decorrência das expedições marítimas, países como Portugal e Espanha — e posteriormente outros, como a Inglaterra — começaram a estabelecer colônias nos territórios descobertos.

A proposta era exercer o controle autoritário do local, bem como extrair recursos naturais, matérias-primas e metais preciosos, aumentando as riquezas do império colonizador. Nesse processo, havia a destituição das lideranças locais e tomada das propriedades delas.

Pacto colonial

Com o surgimento do colonialismo, diferentes estratégias foram adotadas para manter o domínio sobre o território colonizado, a exemplo do pacto colonial. O estabelecimento desse acordo restringia as relações comerciais das colônias às negociações com suas metrópoles.

No território brasileiro, esse pacto colonial se refletiu no ciclo econômico do açúcar. Entre os séculos XVI e XVIII, a produção nos engenhos do Brasil Colonial era inteiramente voltada à exportação para Portugal.

Protecionismo alfandegário

Como diversos países estavam buscando fortalecer o seu comércio, os governantes criavam impostos para evitar a entrada de produtos estrangeiros. Dessa forma, eles impediam a saída de moedas para outros países.

Além disso, monarcas absolutistas estabeleciam políticas econômicas rigorosas, definindo quais empresas poderiam fazer comércio e quais eram proibidas. Esse fator permitiu a criação de grandes grupos econômicos (monopólios), assim como a extinção de outros.

Balança comercial favorável

No período do mercantilismo, os estudiosos da época defendiam que, em trocas comerciais, uma nação deveria vender mais mercadorias do que comprar. Ou seja, exportar mais e importar menos, para que a entrada de moedas fosse maior que a saída.

No entanto, em Estados absolutistas, quando as exportações não eram suficientes para manter a balança comercial positiva, eles recorriam a outras formas de obter dinheiro. Por exemplo, na França era adotado o aumento de impostos, e na Espanha havia o confisco de bens da população.

Colbertismo

Alguns desses Estados tinham dificuldades de encontrar metais preciosos em seus territórios e colônias. Por isso, o ministro francês Jean-Baptiste Colbert teve a ideia de incentivar o desenvolvimento manufatureiro.

Assim, a matéria-prima poderia ser obtida no exterior, mas deveria ser levada ao país para ser tratada, manufaturada e vendida. Como o produto industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros agrícolas, a exportação dele poderia trazer riquezas para a nação.

Quais países se destacaram nas práticas mercantilistas?

Durante a Idade Moderna, diversos países adotaram o mercantilismo para desenvolver suas economias. Entender como esse processo aconteceu em cada um deles ajuda a ter um panorama histórico de como essas nações chegaram ao contexto econômico atual.

Confira!

Mercantilismo na Europa

Grande parte das estratégias mercantilistas partiram dos países europeus. Afinal, muitos deles já estavam habituados às práticas comerciais romanas, como o uso de moedas no comércio e o acúmulo de metais preciosos — ouro, prata e diamantes.

Portugal e Espanha ficaram bastante conhecidos pelas grandes navegações, com o descobrimento e colonização do continente americano. Os espanhóis encontraram toneladas de ouro nos primeiros anos desse processo, incentivando outros países a explorar os oceanos em busca da mesma sorte.

A França e a Holanda tentaram invadir colônias espanholas e portuguesas, mas não obtiveram o sucesso esperado. Então esses países priorizaram o desenvolvimento de sua indústria, na tentativa de ter ganhos com a venda de itens de luxo manufaturados.

Já a Inglaterra investiu em poder naval, chegando a ter a maior frota do continente europeu no período. O mercantilismo britânico teve como base a compra de mercadorias a baixo custo no mundo oriental para revenda. A realização de fretes marítimos também rendeu riquezas ao país.

Mercantilismo no Brasil

O mercantilismo foi implantado no Brasil com a chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Os portugueses estavam em busca de ouro no litoral brasileiro, motivados pelo êxito dos conquistadores espanhóis nas Américas.

Como o metal não foi encontrado de imediato, os navegadores portugueses passaram a explorar itens que também tinham valor no mercado externo. Assim que aportaram no Brasil, eles observaram a abundância do pau-brasil pelo litoral e ao longo dos rios e planícies.

O corte desse tipo de árvore era comum na Ásia, para obtenção de madeira e de sua resina avermelhada (usada na tintura de tecidos de alto luxo). Em pouco tempo, a extração do pau-brasil se tornou um negócio lucrativo para Portugal, que passou a exportar as árvores brasileiras.

Em menos de um século, já não havia mais árvores suficientes para suprir a demanda, então a atividade foi deixada de lado. Em substituição a esse modelo de negócio, os portugueses deram início ao plantio e cultivo de cana-de-açúcar, originando o já visto ciclo do açúcar no Brasil.

Como o mercantilismo entrou em decadência?

Você entendeu que o mercantilismo teve uma forte participação na extinção do feudalismo. Mesmo após contribuir com a reorganização das sociedades, a descoberta de novos mundos e tecnologias, o sistema entrou em decadência no século XVIII.

Parte do declínio do mercantilismo é atribuída à Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra na ocasião. O surgimento das máquinas a vapor permitiu a produção em massa, a diminuição do custo de produção e o aumento do comércio internacional.

Nesse contexto, as grandes potências europeias se tornaram menos dependentes dos metais preciosos e da exploração colonial para acumular riquezas. Na verdade, as colônias se tornaram grandes consumidoras dos produtos industrializados — e muitas declararam a sua independência.

Essas mudanças na produção também afetaram as relações comerciais entre as nações. O barateamento de produtos e serviços fez com que as empresas buscassem mercados cada vez maiores. Ademais, elas podiam investir o dinheiro excedente em novas companhias e projetos.

Com isso, foram criados grandes conglomerados empresariais, que passaram a deter o monopólio sobre setores da economia e a acumular capital. Por essa razão, algumas companhias começaram a se tornar mais fortes economicamente que os Estados.

Na mesma época, a tese de uma economia liberal começou a ganhar força. Os pensadores dessa linha criticavam as constantes intervenções do Estado na economia, defendendo que a livre circulação de bens aumentaria a produtividade e reduziria os preços.

O conceito de liberdade econômica conquistou muitos adeptos. Isso se deu, especialmente, diante da premissa de que qualquer indivíduo poderia negociar quando e com quem quisesse, sem sofrer retaliações por parte do Governo.

Dessa maneira, muitos países da Europa Ocidental começaram a mudar o seu sistema político, financeiro e social. Isso fez com que o mercantilismo, que esteve em vigência por pelo menos 300 anos, ficasse obsoleto.

Qual sistema econômico sucedeu o mercantilismo?

Sabendo que o mercantilismo chegou ao fim no século XVIII, é possível perceber qual foi o sistema econômico que o substituiu, certo? Na maioria das nações, esse modelo foi sucedido pelo capitalismo, que se mantém até hoje.

Entre os seus principais aspectos, estão:

  • lucro: remuneração pelo capital empregado em uma atividade econômica;
  • propriedade privada: direito de possuir, explorar e proteger a propriedade individual;
  • livre concorrência: acesso à exploração de uma atividade econômica por qualquer indivíduo, viabilizando a competição entre pessoas e empresas;
  • trabalho assalariado: troca da força de trabalho por uma remuneração previamente acordada;
  • divisão do trabalho: especialização das atividades produtivas;
  • sistema de preços: precificação de produtos e serviços com base no valor que os consumidores atribuem a eles (lei da oferta e demanda).

Os primeiros países a aplicar o capitalismo foram a França, Inglaterra e Estados Unidos, mas logo ele se tornou o principal sistema econômico no mundo. Isso porque esse modelo favoreceu a livre atuação de pessoas e empresas, conforme seus interesses e objetivos financeiros.

No capitalismo, o papel do Estado é reduzido, em comparação ao auge do mercantilismo. Em algumas fases da economia mundial — ou conforme o desenvolvimento desse sistema econômico em cada nação — essa intervenção do Governo pode ser maior ou menor.

De todo o modo, a expansão do capitalismo trouxe uma maior diversificação da economia. Dessa forma, ela estimulou a inovação e a criação de novos produtos, serviços e tecnologias.

Conclusão

Neste conteúdo, você aprendeu o que é o mercantilismo e suas principais características. Também viu os motivos que levaram a sua decadência e à ascensão do capitalismo em seu lugar. Se você gostou, vale continuar estudando e explorando o universo das finanças e da economia.

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Gabriel Fujimoto

Especialista em Investimentos na Genial Investimentos. Acompanha o mercado financeiro desde 2019 participando de diversas palestras e cursos com profissionais que atuam no mercado.

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