A alta nos preços é um fenômeno que pode impactar as economias de todo o mundo, gerando consequências para a rotina das pessoas, das empresas e até nos investimentos. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o fenômeno nem sempre se restringe a uma economia: a inflação nos EUA, por exemplo, tem impactos globais.

O motivo é que as condições econômicas de uma nação podem afetar outros países, em especial quando se trata de grandes potências — como os Estados Unidos. Logo, você precisa entender como esse processo ocorre e quais os desafios ou oportunidades ele pode gerar.

O que é inflação?

A inflação é um fenômeno econômico que se caracteriza pelo aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços em determinada economia ao longo do tempo. Quando ela ocorre, o valor do dinheiro diminui progressivamente, levando a uma redução do poder de compra dos consumidores.

Na prática, isso significa que, à medida que os preços dos produtos e serviços sobem, as quantidades de bens e serviços que podem ser adquiridos com a mesma quantidade de dinheiro diminuem. Assim, a inflação elevada impacta negativamente o padrão de vida das pessoas.

A razão é a necessidade de gastar mais para comprar os mesmos itens básicos. É importante ressaltar que a inflação não é um fenômeno uniforme. Ela pode variar em intensidade e abrangência ao longo do tempo e entre diferentes setores da economia.

Além disso, um cenário de alta pode ser causado por diversos fatores. Entre eles, estão o aumento da demanda, custos de produção mais elevados e política fiscal expansionista.

Qual é o cenário de inflação dos EUA?

Agora que você conhece o conceito de inflação, chegou o momento de entender qual é o cenário nos Estados Unidos. Compreender esse panorama possibilita identificar de que modo a dinâmica da economia estadunidense afeta a realidade do Brasil, concorda?

De acordo com dados de abril de 2024, o índice de preços ao consumidor (CPI) se manteve em alta nos EUA. Ele registrou um aumento de 0,3% em relação ao mês de março do mesmo ano. Os principais fatores que pesaram sobre o índice foram os itens de habitação e gasolina, que registraram aumento no período. Esses setores contribuíram com mais da metade da elevação mensal no índice.

Em termos anuais, o CPI acumulou um aumento de 3,4% em abril, marginalmente abaixo do registrado em março — que foi de 3,5%.

O núcleo de inflação, que exclui itens mais voláteis, recuou para 0,3% em abril, de 0,4% em março, a primeira trajetória descendente em mais de seis meses.

Ademais, em doze meses, o núcleo do indicador, que exclui preços de alimentação e energia, cedeu apenas marginalmente: de em março 3,8% para 3,6% em abril.

Os dados reforçam a postura cautelosa do Banco Central dos Estados Unidos (Fed) em relação à taxa de juros no país, uma vez que a inflação continua resistente.

Essa percepção levou o mercado a projetar um menor número de cortes de juros nos Estados Unidos. Como resultado, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos se mantiveram mais atrativos, levando ao movimento de fuga de capital para essas aplicações consideradas mais seguras e, nesse período, mais rentáveis também.

Como a inflação dos EUA afeta os investimentos?

Depois de conhecer o cenário de inflação dos Estados Unidos, é possível aprofundar o assunto e compreender de que modo esse fenômeno impacta os investimentos. Veja como o processo ocorre com base na relação entre EUA e Brasil e os efeitos econômicos observados!

Saída de capital estrangeiro

Um aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos tende a atrair investidores globais para aquele país, que buscam a segurança dos títulos de renda fixa americanos. Esse processo pode levar à saída de capital estrangeiro de mercados emergentes, como o Brasil.

Por consequência, costuma haver uma pressão na moeda local e redução da atratividade dos ativos brasileiros para investidores estrangeiros.

Pressão cambial

A demanda por dólares aumenta quando investidores estrangeiros vendem os ativos brasileiros, convertendo os ganhos nessa moeda. Essa expansão na demanda pressiona a moeda local, levando a uma valorização do dólar em relação ao real.

Uma moeda mais fraca pode impactar negativamente o desempenho de empresas brasileiras que têm dívidas em dólar, por exemplo. Como resultado, há um aumento nos custos operacionais, afetando os resultados financeiros.

Impacto nos mercados financeiros

A percepção de risco dos investidores pode ser alterada quando ocorre uma saída de capital estrangeiro da bolsa brasileira. Isso tende a levar a uma redução na confiança do mercado e a uma reavaliação das posições dos investidores locais em relação aos ativos de renda variável.

Uma possível consequência é o Índice Bovespa (Ibovespa) sofrer queda por conta da retirada de investimentos estrangeiros. Na prática, esses movimentos de retirada de capital estrangeiro do Brasil podem afetar o desempenho do mercado como um todo.

Comparação de retorno e risco

Em um cenário em que o Banco Central brasileiro reduz as taxas de juros, os investimentos na bolsa de valores brasileira (B3) podem se tornar menos atrativos em comparação com o mercado norte-americano.

Isso ocorre devido à percepção de menor retorno e maior risco associado aos investimentos no Brasil. Como resultado, mais investidores estrangeiros podem considerar a retirada de seus investimentos do país, intensificando o efeito cascata.

Quais são os investimentos afetados?

Como você viu, a inflação nos EUA afeta os investimentos de diferentes formas. Mas, afinal, quais são as alternativas mais afetadas? Na verdade, todo o mercado brasileiro pode sofrer impactos.

Por exemplo, uma inflação elevada nos EUA também pode afetar o índice no Brasil. Nesse contexto, a taxa Selic pode ser modificada buscando conter os avanços inflacionários. Quando isso acontece, são sentidos impactos tanto na renda fixa quanto na renda variável.

Uma Selic elevada pode deixar a renda fixa mais atrativa, devido à relação entre risco e retorno. Isso pode gerar uma fuga de capital da renda variável, afetando ações e fundos de investimentos, por exemplo.

Por outro lado, quando a inflação reduz, a tendência é que os juros possam acompanhar esse movimento. Então a renda fixa pode se tornar menos atrativa, enquanto a renda variável pode atrair investidores em busca de maior potencial de retorno.

Diante disso, a lista de investimentos que são afetados por movimentos da inflação nos EUA é ampla. Alguns exemplos são:

  • títulos de renda fixa, públicos e privados;
  • ações;
  • fundos imobiliários;
  • fundos de ações;
  • exchange traded fundos (ETFs);
  • fundos internacionais;
  • brazilian depositary receipts (BDRs).

Entretanto, os impactos específicos em cada ativo dependerão de suas características. Ações de diferentes companhias e setores terão movimentos diversos.

Como proteger o portfólio em tempos de inflação?

Sabendo que diferentes tipos de investimento podem ser afetados pela alta da inflação dos EUA, é preciso saber como se proteger diante dessas situações.

Identifique o seu perfil de investidor e os objetivos financeiros

Para proteger o portfólio durante os períodos de inflação nos EUA, é necessário identificar o seu perfil de investidor e os objetivos financeiros. Assim, você terá uma base sólida para tomar decisões de investimento mais adequadas e alinhadas com as suas preferências e metas.

Para tanto, faça um teste de suitability em sua corretora de valores. Com ele, é possível saber qual é o seu perfil de investidor: arrojado, moderado ou conservador.

Além disso, é importante definir os seus objetivos financeiros de forma clara e específica. Seja para acumular patrimônio, garantir a aposentadoria ou alcançar outras metas financeiras, ter uma compreensão clara desse aspecto ajuda a construir um portfólio que atenda às suas necessidades.

Conheça os investimentos atrelados à inflação

Como você entendeu, o aumento da inflação nos Estados Unidos pode levar a uma alta do índice no Brasil. Logo, para melhorar a segurança do portfólio em relação a esse movimento, é possível alocar o dinheiro em opções de investimentos ligadas à inflação.

Nas alternativas de renda fixa com rendimento híbrido, o retorno é composto por uma taxa fixa combinada com a variação de um índice inflacionário. Nesse caso, ele é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no Brasil.

Essa característica faz com que esses investimentos sejam menos impactados pelo aumento da inflação, o que proporciona uma proteção adicional ao portfólio.

Considere investimentos em moedas estrangeiras

Para se proteger contra a inflação dos EUA, você também pode buscar investimentos atrelados ao dólar. Nesse sentido, é possível se proteger contra a desvalorização do real. Existem diversas alternativas disponíveis no mercado brasileiro para se expor ao dólar.

Confira alguns exemplos:

  • Fundos internacionais;
  • BDRs;
  • ETFs.

Diversifique a carteira

Por fim, você pode diversificar a carteira para proteger o portfólio em tempos de inflação. Essa estratégia é responsável por diluir os riscos associados a cada tipo de investimento e maximizar os ganhos potenciais. Para isso, é possível diversificar com renda variável e fixa, além de escolher alternativas que tenham comportamentos distintos entre si. Dessa maneira, fica mais fácil equilibrar o efeito da inflação sobre os investimentos.

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