Embora a inflação oficial do país seja medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), existem outros indicadores que podem ser usados para essa finalidade. Esse é o caso do IGPM, por exemplo. Você já conhece esse benchmark?

O seu uso é bastante comum em contratos de locação, mas ele não se restringe a eles. Afinal, também é possível encontrar o IGPM no mercado de investimentos e em outros setores da economia. Dessa maneira, vale conhecer mais a respeito desse índice.

Portanto, continue a leitura deste conteúdo para saber o que é o IGPM, como funciona e como calculá-lo em 2022, além das expectativas para 2023.

Acompanhe!

O que é o IGPM?

A sigla IGP-M significa Índice Geral de Preços — Mercado. Trata-se de um índice que, assim como o IPCA, tem o objetivo de medir a inflação. Contudo, ele é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), enquanto o IPCA é dado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IGPM foi criado em 1940 para medir o movimento dos preços de modo geral. A princípio, a proposta não era ser um benchmark da economia. Contudo, o método utilizado para o seu cálculo se tornou mais abrangente que outros índices, tornando o IGPM bastante popular.

Como o índice é formado?

Depois de aprender o que é IGPM e saber que o índice se destacou pela forma de sua composição, é importante conhecê-la. Para conseguir representar a inflação de um período, o IGPM se vale da média ponderada de outros três indicadores.

Confira quais são e o peso de cada um deles:

  • Índice de Preços no Atacado (IPA): 60%;
  • Índice de Preços ao Consumidor (IPC): 30%;
  • Índice Nacional de Construção Civil (INCC): 10%.

O IPA tem a função de medir a evolução dos preços na indústria e no agronegócio. Por sua vez, o IPC mede o custo de vida das famílias brasileiras. Já o INCC tem relação com o custo da construção civil, restringindo a análise ao setor da habitação.

Por juntar as variações de preço na indústria, custo familiar e construção habitacional, o IGPM consegue refletir com maior precisão a realidade enfrentada pelo brasileiro. Logo, não é por acaso que o índice passou a ser utilizado na atualização monetária em diferentes segmentos.

Como o IGPM afeta a economia?

Você percebeu que o IGPM acompanha o comportamento dos preços de diferentes segmentos, podendo variar conforme a oferta e a demanda. Se a procura por produtos e serviços aumenta, a tendência é esse fator contribuir para que os preços subam e o índice seja positivo (inflacionário).

Por outro lado, se a oferta aumenta sem o acompanhamento da demanda, é esperado que os preços caiam. Nesse cenário, o índice poderá apresentar um resultado negativo (deflacionário). Em ambos os casos, essa informação é importante para a economia brasileira.

Um alto índice revela que o brasileiro está perdendo poder de compra e os produtos e serviços estão ficando mais caros. Comumente, quando a inflação está alta, o Governo precisa agir na política monetária para controlar o seu avanço.

O Banco Central (Bacen), por exemplo, tende a aumentar os juros em períodos de alta inflação. Assim, o acesso ao crédito é restrito e o consumo diminui. Já no cenário contrário, uma baixa inflação pode ser sinal de que o país enfrenta dificuldades de desenvolvimento, o que também demanda a atuação do Governo.

Como forma de conter a situação, o Bacen reduz as taxas de juros para facilitar o acesso ao crédito, aquecer a economia e fomentar o desenvolvimento. Dessa maneira, a inflação pode determinar como o país agirá no controle da economia.

Contudo, vale reprisar que, no Brasil, o índice oficial da inflação é o IPCA, que dá maior peso ao consumo de produtos e serviços no âmbito familiar. No entanto, isso não impede que você também acompanhe a evolução da inflação pelo IGPM.

Em quais hipóteses o IGPM é utilizado?

Por se tratar de um indicador que mede a inflação, o IGPM é usado como forma de avaliar o poder aquisitivo da população. Então ele é normalmente utilizado para atualizar preços de produtos, serviços e alguns investimentos, sendo importante tanto para o consumidor quanto para o investidor.

Nesse sentido, o IGPM é o índice aplicável na atualização de:

  • contratos de locação;
  • tarifa de energia elétrica;
  • tarifa de água e esgoto;
  • determinados títulos privados;
  • entre outros.

Geralmente, a atualização é feita com base no IGPM acumulado de 12 meses. Por exemplo, o reajuste do custo da energia elétrica costuma ser realizado anualmente, a contar da data de contratação do serviço.

Portanto, se você aderiu ao serviço em maio de 2022, por exemplo, o reajuste se dará na fatura de maio de 2023. A base de cálculo para a atualização do valor será a soma da variação do IGPM dos 12 meses anteriores.

Qual é o papel do IGPM nos contratos de aluguel?

Sabendo que o IGPM pode ser aplicado aos contratos de aluguel, é possível que você tenha dúvidas sobre como isso funciona.

Ainda que a utilização do IGPM nos contratos de locação não seja obrigatória, ela é bastante recorrente. O documento representa um acordo entre duas partes, para a utilização de um bem (móvel ou imóvel) durante um período específico, sob o pagamento de uma remuneração mensal.

Por exemplo, em uma locação residencial, o proprietário cede o uso do seu imóvel para o locatário. No contrato, estarão previstos o prazo de duração, o valor da mensalidade, as penalidades, a taxa de atualização monetária etc.

Como esse tipo de contratação pode durar anos, a fixação de um índice de atualização monetária é fundamental para manter o equilíbrio contratual entre as partes. Afinal, ao longo dos anos, o dinheiro perde valor para a inflação, sendo necessário corrigir esse efeito na parcela do contrato.

Nesse sentido, o IGPM tem o papel de manter atualizado o valor da prestação mensal combinada. Desse modo, nem o locador ou o locatário estarão recebendo ou pagando (respectivamente) uma quantia fora do que foi ajustado no início da contratação, mas sim o valor corrigido.

Qual é a relação do IGPM com os investimentos?

No universo dos investimentos, o IGPM pode ser utilizado como um indexador de rentabilidade ou como um benchmark. Os títulos de renda fixa pós-fixados, por exemplo, podem ter as variações do índice como base para a remuneração proposta.

Os investimentos de renda fixa funcionam como um empréstimo. O investidor é o credor da quantia emprestada, enquanto o emissor do título será o devedor. No vencimento combinado, o credor recebe a quantia emprestada de volta somada a uma taxa de juros.

No mercado financeiro, encontram-se diferentes títulos de renda fixa que podem atrelados ao IGPM. Ou seja, esses são títulos que pagam a soma da variação do índice em relação ao prazo do investimento.

Entre eles, estão:

Contudo, o IGPM também pode ser utilizado como benchmark, para saber se a sua carteira de investimentos teve uma rentabilidade maior que a inflação. Isto é, você pode comparar o resultado do seu portfólio com os resultados do IGPM no período para medir o seu desempenho.

Nesse mesmo sentido, é possível encontrar fundos de investimentos que usam o IGPM como um índice a ser superado, por exemplo. Esses são veículos de investimentos, formados pelo capital de diferentes investidores que confiam o patrimônio a um gestor profissional.

O gestor monta a carteira do fundo para alcançar resultados. Em fundo de gestão ativa, é comum vincular a taxa de performance à superação de um benchmark — como o IGPM.  Essa é uma forma de estimular e recompensar o trabalho prestado pelo gestor e sua equipe.

Por fim, o IGPM também pode impactar empresas listadas em bolsa. Assim, vale a pena se atentar a esse indicador.

Por que é importante estar atento às variações do IGPM?

Como você viu até aqui, o IGMP é um dos índices capazes de medir a inflação de um período no Brasil. Quem investe no mercado costuma estar em busca de ter ganhos financeiros. A premissa básica é alocar o capital em uma alternativa e, depois, retirar uma quantia maior.

No entanto, embora muitos investimentos permitam atingir esse objetivo, nem sempre o fato de a quantia investida aumentar representa um ganho real. Isso porque a inflação pode diminuir o valor do dinheiro ao longo do tempo, fazendo o investidor perder o seu poder aquisitivo.

Afinal, mesmo que um investimento aumente o montante investido, o ganho pode ser inferior à desvalorização do dinheiro no período. Esse efeito costuma acontecer com frequência na poupança, diante da sua forma de funcionamento.

Afinal, a poupança paga 70% da Selic (a taxa básica de juros) + TR (taxa referencial) — caso a Selic esteja igual ou abaixo de 8,5% ao ano. Se a taxa básica estiver acima dessa porcentagem, a rentabilidade da caderneta é de 0,5% ao mês + TR.

Contudo, é comum ambas as formas de remuneração ficarem abaixo da inflação quando ela está elevada. Com isso, embora você possa observar o dinheiro aplicado na caderneta aumentar, esse crescimento não consegue repor a desvalorização do dinheiro.

E, como não haverá ganho real para o seu patrimônio nessa situação, o investidor precisa ficar atento quanto à evolução da inflação para verificar se um investimento realizado teve uma rentabilidade acima do índice inflacionário.

Assim, caso você não tenha tempo ou não queira fazer esse tipo de cálculo, poderá investir em alternativas indexadas à inflação (IPCA ou IGPM).

Ademais, se você investe em empresas que podem ser impactadas pelas mudanças no IGPM, é possível contar com o time da Genial Analisa para acompanhar análises de ações, por exemplo.

Qual é o IGPM acumulado em 2022 e suas variações?

Após conferir a importância de acompanhar a evolução da inflação, vale saber qual é o IGPM acumulado em 2022 e as suas variações.

Ao consultar os resultados do IGPM nos últimos 12 meses, tendo como referência outubro de 2021 e setembro de 2022, você chegará ao total de 8,25%. Contudo, se considerar apenas a variação no ano de 2022, o índice estará em 6,61% (até setembro).

Veja os resultados do indicador em 2021 e 2022:

2021MêsAcumulado 12 mesesAcumulado no ano 2022MêsAcumulado 12 mesesAcumulado no ano
Jan.2,58%25,71%2,58% Jan.1,82%16,91%1,82%
Fev.2,53%28,94%5,17% Fev.1,83%16,12%3,68%
Mar.2,94%31,10%8,26% Mar.1,74%14,77%5,49%
Abr.1,51%32,02%9,89% Abr.1,41%14,66%6,98%
Mai.4,10%37,04%14,39% Mai.0,52%10,72%7,54%
Jun.0,60%35,75%15,08% Jun.0,59%10,70%8,16%
Jul.0,78%33,83%15,98% Jul.0,21%10,08%8,39%
Ago.0,66%31,12%16,75% Ago.-0,70%8,59%7,63%
Set.-0,64%24,86%16,00% Set.-0,95%8,25%6,61%
Out.0,64%21,73%16,74% Out.
Nov.0,02%17,89%16,77% Nov.
Dez.0,87%17,78%17,78% Dez.

Apenas para efeito de comparação, em 2021, a variação do IGPM em 9 meses foi de 16,00%. Então é possível concluir que em 2022 o indicador revela uma inflação menor que a do ano anterior.

O que esperar do IGPM para 2023?

Grande parte da queda que você observou no período é justificada pela redução dos preços das commodities e combustíveis, o que influencia o resultado do IPA. A tendência é que o movimento continue refletindo na redução da inflação, inclusive para o ano de 2023.

Segundo o relatório Focus de agosto de 2022, a projeção é que o Banco Central mantenha a Selic em 13,75% até junho de 2023. A partir de então, é esperado que a taxa básica de juros seja reduzida gradualmente até chegar em 11,00% ao final do ano.

Nesse período, estima-se que o índice de inflação oficial (IPCA) encerrará o ano de 2022 em 7,02% e em 5,38% no final de 2023. Desse modo, a tendência é que a redução dos preços de produtos e serviços contribua para a diminuição do IGPM.

Como aproveitar esse período para investir?

Chegando até aqui, você entendeu que o IGPM pode ser utilizado como um indexador de investimentos. No entanto, considerando que ele está diminuindo, esse pode ser o momento de considerar investimentos que possam aproveitar a alta taxa de juros.

Os títulos de renda fixa prefixados, por exemplo, possuem uma taxa que não se altera se o investimento for mantido até o vencimento. E, quando as taxas de juros estão altas, o mercado precisa emitir novos títulos prefixados com rentabilidades mais atraentes.

Logo, se os juros e a inflação reduzirem nos próximos anos, essa poderá ser a oportunidade de ter na carteira títulos que não terão a rentabilidade impactada. Porém, é válido mencionar que a escolha de um investimento deve ser pautada no seu perfil de investidor e objetivos no mercado.

Sabendo o que é o IGPM e como ele pode impactar no consumo e nos investimentos, não deixe de acompanhá-lo periodicamente. Assim, você terá condições de acompanhar o rumo que a economia está tomando e poderá aproveitar o momento para investir.

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