Os movimentos da taxa básica de juros, a Selic, afetam o desempenho dos investimentos, sejam eles de renda fixa ou não. E assim como existem investimentos que se beneficiam da alta dos juros, existem aqueles que brilham mais quando a taxa tem perspectiva de queda.

O mercado espera que a Selic comece a cair antes do fim do ano. Com isso, as aplicações financeiras que se beneficiam dos juros em queda voltarão a se tornar atrativas.

A trajetória recente da Selic

Após chegar ao seu patamar mais baixo na história – 7,25% ao ano em outubro de 2012 – a taxa Selic iniciou um novo ciclo de alta em 2013, estagnando em 14,25% em julho de 2015.

O governo costuma reduzir a Selic para estimular a atividade econômica e aumentá-la para controlar a inflação em alta. Este post explica um pouco sobre como esse mecanismo funciona.

Foi essa a motivação do último ciclo de alta. Mas apesar de o Brasil se manter com a inflação elevada, a atividade econômica ficou muito deprimida.

Agora, sinais de que a inflação está em vias de arrefecer e expectativa em torno da aprovação das medidas de ajuste fiscal já fazem o governo considerar a redução dos juros para recuperar o crescimento. Ao menos, é nisso que o mercado aposta.

Os investimentos que se beneficiam da queda dos juros

De forma geral, beneficiam-se da queda de juros os investimentos de renda variável e os papéis de renda fixa que têm parte ou a totalidade da sua remuneração prefixada.

O investidor que compra um título de renda fixa prefixada já sabe, no ato do investimento, quanto vai ganhar no vencimento.

A rentabilidade é expressa de forma percentual e nominal (por exemplo, 12% ao ano ou 15% ao ano) ou é atrelada a um índice de inflação (por exemplo, 5% + IPCA ou 6% + IGP-M).

Ao comprar um título prefixado, o investidor garante hoje a rentabilidade contratada até o vencimento. Se durante esse período a taxa de juros cair, ele tem garantida uma rentabilidade muito melhor do que se tivesse investido em uma aplicação pós-fixada, atrelada à Selic.

Suponha que você compre hoje um título que pague, daqui a um ano, a rentabilidade de 14%. Agora imagine que a Selic, que hoje está em 14,25% ao ano, vá caindo até chegar em 12% daqui a um ano.

Se você investisse seu dinheiro em uma aplicação atrelada à Selic, sua remuneração cairia ao longo do ano, enquanto que no título prefixado você trava sua rentabilidade em 14%.

Já na renda variável, a lógica é a seguinte: quando governo baixa a Selic, todo o crédito tende a baratear. Torna-se, assim, menos custoso tomar dinheiro emprestado para consumir e investir.

Isso aquece a economia, pois empresas se sentem incentivadas a produzir e investir em novos projetos, enquanto os consumidores são incentivados a consumir.

A renda variável, por sua vez, torna-se mais atrativa em relação à renda fixa, principalmente os títulos públicos federais.

Os títulos públicos são os investimentos de menor risco da economia. Para serem atrativos, investimentos de maior risco precisam pagar mais do que os títulos públicos.

Como é a Selic que baliza a remuneração dos títulos públicos, quando ela cai, fica mais fácil para a renda variável render mais que a renda fixa. Fora que a economia mais aquecida tende a impactar positivamente os resultados das empresas.

Está tudo interligado. Basicamente, juro menor significa economia mais estável, maior confiança de consumidores e empresários, crédito mais barato e maior incentivo para consumir e investir, o que beneficia a renda variável.

Confira agora as aplicações financeiras que podem ganhar com a perspectiva de queda nos juros:

Títulos públicos prefixados

São chamados de Tesouro Prefixado (LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F). Como o nome indica, o segundo paga juros semestrais ao investidor, gerando renda. Já o primeiro só paga a remuneração no vencimento, junto com o principal.

Ambos podem ser comprados via Tesouro Direto, o programa de compra e venda de títulos públicos do Tesouro Nacional. Saiba como investir no Tesouro Direto.

O Tesouro Direto aceita investimentos a partir de 30 reais, desde que a quantia represente ao menos 10% do valor de um título. É um investimento acessível a qualquer tipo de investidor.

Embora esses títulos tenham uma data de vencimento, se o investidor quiser reaver seu dinheiro ele pode revender o título de volta para o Tesouro a qualquer momento. No caso dos títulos prefixados, porém, é preciso atenção.

Todos os títulos são vendidos a preço de mercado, e os preços dos prefixados flutuam bastante. Durante um ciclo de queda de juros, os preços dos prefixados tendem a subir. Do contrário, nos ciclos de alta, tendem a cair.

Para quem fica com o papel até o vencimento, isso não faz diferença. No vencimento, a rentabilidade paga é exatamente aquela que foi acordada.

No entanto, quem vende o papel antes do vencimento receberá o preço de mercado. É possível ter grandes ganhos, caso o título tenha se valorizado. Mas também é possível amargar perdas, caso ele tenha se desvalorizado.

Existe aí, a oportunidade de ganho com a valorização do título durante os ciclos de queda nos juros. Porém, trata-se de uma estratégia com um grau razoável de risco.

Títulos privados prefixados

Os títulos privados prefixados seguem a mesma lógica dos títulos públicos correspondentes. Porém, não costumam ter liquidez antes do vencimento, devendo ser mantidos até o fim do prazo.

Esses papéis costumam pagar um pouco mais que os títulos públicos de mesmo prazo, pois têm um pouco mais de risco. Afinal, eles são emitidos por empresas e instituições financeiras, e não pelo governo federal.

Entre os títulos emitidos por instituições financeiras, é mais comum que os papéis sejam pós-fixados, com remuneração atrelada ao CDI, taxa de juros que costuma ficar bem próxima da Selic.

Porém, alguns desses papéis privados costumam contar com versões prefixadas. Os mais acessíveis à pessoa física são os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Todos os três contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), a mesma garantia da caderneta de poupança. E as LCIs e LCAs são isentas de imposto de renda.

Também existem debêntures prefixadas. As debêntures são títulos de dívida de empresas não financeiras. Não contam com a proteção do FGC, sendo mais arriscadas que as aplicações bancárias.

O aporte inicial para investir nesses papéis também costuma ser elevado, tornando-os menos acessíveis às pessoas físicas.

Títulos públicos atrelados à inflação

Os títulos de renda fixa atrelados à inflação têm comportamento parecido com o dos prefixados, pois parte de sua remuneração é prefixada. Eles têm risco um pouco menor que os prefixados, porém, pois oferecem proteção contra a inflação.

No Tesouro Direto, os títulos atrelados à inflação são o Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal) e o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B). Novamente, o segundo paga juros semestrais, enquanto que o primeiro só paga no vencimento, junto com a devolução do principal.

A lógica desses títulos é mais ou menos a mesma dos prefixados. Eles têm liquidez diária e são marcados a mercado. Assim, valorizam-se quando a perspectiva é de queda nos juros e desvalorizam-se quando a expectativa é de alta. Por isso, podem gerar ganhos ou perdas se vendidos antes do vencimento.

Novamente, quem fica com o papel até o vencimento recebe exatamente a remuneração contratada.

Títulos privados atrelados à inflação

São os títulos emitidos por bancos e empresas que pagam uma remuneração prefixada mais a variação de um índice de inflação. Seguem a mesma lógica dos títulos públicos correspondentes, mas com risco (e remuneração) um pouco maiores.

Assim como os títulos privados prefixados, esses papéis também só costumam ter liquidez no vencimento. Entre os títulos emitidos por bancos, existem CDBs, LCIs e LCAs que oferecem esse tipo de remuneração. Mas estes são mais raros.

Remuneração atrelada à inflação é mais comum entre as debêntures. Muitas delas, inclusive, são isentas de imposto de renda. São as debêntures incentivadas, que financiam projetos de infraestrutura e costumam ser mais acessíveis à pessoa física.

Ações e fundos imobiliários

Investimentos de renda variável, ligados à economia real, tendem a se beneficiar de cenários de juros em queda. Crédito mais barato incentiva as empresas a investirem e as pessoas a consumirem.

Essa expectativa pode levar as ações a se valorizarem, elevar o lucro das empresas e, consequentemente, seus dividendos.

No caso dos fundos imobiliários, que investem em imóveis comerciais e em títulos que financiam o setor imobiliário, o bom desempenho das empresas faz com que a busca por imóveis cresça e a inadimplência dos aluguéis caia.

Além disso, os aluguéis pagos pelos fundos tornam-se atrativos quando comparados à remuneração da renda fixa. Os investidores são, então, atraídos, e os preços das cotas sobem.

Lembrando que os rendimentos pagos pelos fundos imobiliários, assim como os dividendos pagos pelas empresas aos seus acionistas, são isentos de imposto de renda.

Conheça mais investimentos isentos de imposto de renda.

Outros fundos de investimento

Você não precisa investir diretamente em todos os papéis mencionados neste post. Muitas vezes, o patrimônio não é suficiente para diversificar ou o investidor não se sente seguro para escolher sozinho os ativos.

Para isso, existem os fundos de investimento. Por meio deles é possível investir numa carteira diversificada de investimentos sob gestão profissional.

Existem os fundos de ações; os fundos que investem apenas em debêntures incentivadas, oferecendo rentabilidade isenta de IR para seus cotistas; e fundos de renda fixa que não se limitam aos ativos pós-fixados, podendo investir também nos prefixados e atrelados à inflação.

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