IPCA acumulado: o que é, como funciona e quais os impactos desse índice? 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado é um indicador que movimenta intensamente a economia e a política brasileira. Isso acontece porque ele é usado para medir a inflação, podendo mostrar a redução no poder de compra da população. 

Por causa disso, o IPCA acumulado é fundamental para entender a variação dos preços de determinados produtos, bens e serviços ao longo do tempo. Com isso, ele exerce uma grande influência em diversos aspectos cotidianos e econômicos do Brasil. 

O que é IPCA? 

A inflação é um dado relevante para a economia de um país. Ela representa o aumento generalizado e constante no preço de produtos, bens e serviços no cotidiano da população. Nesse sentido, o número é importante para medir o poder de compra da população. 

No Brasil, o IPCA é o indicador oficial da inflação e é um produto do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC). O seu cálculo é realizado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

A criação do IPCA data de dezembro de 1979 e, desde então, ele se tornou um índice fundamental da economia brasileira. Pouco tempo depois da sua criação, o Decreto n.º 91.990 determinou que o índice seria o indexador oficial da inflação no país. 

Dessa forma, o IPCA exerce uma grande influência nas relações de consumo no Brasil, pautando diversas decisões do Governo e do setor privado. Ainda, ele impacta a rentabilidade de diversos investimentos no mercado financeiro. 

Como o IPCA funciona? 

O IPCA é um índice de preços de produtos, bens e serviços medido e divulgado mensalmente. O índice tem como foco famílias com renda mensal de 1 até 40 salários mínimos. Assim, ele reflete como as mudanças nos preços influenciam o poder de compra da população brasileira e a desvalorização da moeda. 

O cálculo funciona da seguinte forma: o IBGE define um conjunto de produtos, bens e serviços para compor uma cesta. Os componentes dessa lista são monitorados diariamente em diversas cidades do país para medir a variação nos preços. 

Normalmente, essa cesta é composta por itens que são despesas comuns no cotidiano do brasileiro, da renda mais baixa à mais alta. No entanto, apesar de estarem dentro desse conjunto, o peso deles no cálculo não é o mesmo. 

Isso acontece porque no cálculo do IPCA, o peso de cada produto é definido de acordo com o grau de importância na casa das famílias brasileiras. Partindo desse princípio, os itens ligados à alimentação, tradicionalmente, têm mais peso do que a compra de um eletrônico, por exemplo. 

Como é feito o cálculo do IPCA? 

Como você viu, o IPCA funciona a partir do monitoramento dos preços de uma cesta composta por diversos produtos, bens e serviços. O acompanhamento é feito nas principais metrópoles brasileiras e o IBGE utiliza uma metodologia específica para o cálculo. 

A seguir, veja como o IPCA é calculado e entenda quais são os fatores que podem interferir no resultado do índice! 

Grupos da avaliação 

Os itens que o IBGE usa no cálculo do IPCA são divididos em grupos e dentro de cada um desses conjuntos existem os produtos, bens e serviços que serão monitorados. São eles: 

• alimentação e bebida: alimentação fora do lar, compras de mercado, bebidas em geral; 
• transporte: transporte público, combustíveis, reparo de veículos, compra de veículos — novos ou usados; 
• habitação: condomínio, aluguel, contas gerais — água, luz e gás —, produtos de limpeza e manutenção; 
• saúde e cuidados pessoais: contratação de planos de saúde, remédios, serviços médicos e odontológicos em geral e produtos de higiene pessoal; 
• despesas pessoais: itens de higiene e beleza, lazer, serviços pessoais, cultura e aparelhos eletrônicos; 
• educação: mensalidades escolares, cursos diversos e material escolar; 
• comunicação: telefonia fixa e móvel, internet e serviços de streaming; 
• vestuário: roupas, calçados, acessórios e serviços de costura e lavanderia; 
• artigos de residência: móveis, eletrodomésticos, utensílios domésticos e serviços de manutenção. 

Note que esses são apenas os produtos e serviços mais relevantes, mas a cesta é composta por centenas de itens. Já o cálculo é feito a partir de médias ponderadas e o peso percentual de cada item pode mudar. 

É por isso que é comum ver no noticiário econômico informações que “o arroz puxou o IPCA para baixo” ou “gasolina aumentou o IPCA do mês”. Quando isso acontece, é sinal de que o produto que sofreu a variação de preços tem maior peso no cálculo. 

Regiões metropolitanas pesquisadas 

O cálculo do IPCA se concentra, especialmente, nas regiões metropolitanas existentes no território nacional. Assim como acontece com os grupos, cada uma das cidades representa um peso ponderado nos cálculos. 

As cidades e regiões monitoradas são: 

• Aracaju (SE); 
• Belém (PA); 
• Belo Horizonte (MG); 
• Brasília (DF); 
• Campo Grande (MS); 
• Curitiba (PR); 
• Fortaleza (CE); 
• Goiânia (GO); 
• Grande Vitória (ES); 
• Porto Alegre (RS); 
• Recife (PE); 
• Rio Branco (AC); 
• Rio de Janeiro (RJ); 
• Salvador (BA); 
• São Luís (MA); 
• São Paulo (SP), 

Nesse sentido, grandes metrópoles, como é o caso de São Paulo e sua Região Metropolitana, exercem mais influência no cálculo que cidades menores. 

Divulgação dos resultados 

A coleta de dados do IPCA é feita ao longo de todo o mês de referência. Para tanto, o IBGE verifica os preços em estabelecimentos comerciais — como em supermercados, lojas e postos de combustíveis — nas metrópoles que você viu. 

A divulgação dos resultados ocorre sempre no mês seguinte. Logo, a coleta dos dados do IPCA de janeiro ocorre em janeiro, mas o resultado é informado apenas em fevereiro. O IBGE normalmente disponibiliza um calendário que detalha todas as datas de liberação dos valores. 

A divulgação do IPCA costuma ser feita por um comunicado de imprensa e uma nota no site do IBGE. Também é possível acessar uma plataforma do instituto e acompanhar diversas tabelas e gráficos que detalham a variação de preços por: 

• região geográfica; 
• grupo de produtos e serviços; 
• faixa de renda. 

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O que é IPCA acumulado? 

Agora que você sabe o que é o IPCA, vale saber que o IPCA acumulado é o percentual que representa a soma das variações do índice em um determinado período. O intervalo pode ser de um mês, trimestre, semestre ou ano, por exemplo. 

Para entender melhor, imagine que em determinado ano o IPCA de janeiro foi de 0,50%, o de fevereiro foi de 0,35% e o de março foi de 0,40%. Portanto, o IPCA acumulado no primeiro trimestre do ano será de 1,25%. 

Quando considera todos os meses do ano, o IPCA acumulado mostra qual foi a inflação desse período. Logo, ele é importante porque permite acompanhar a evolução da inflação ao longo do tempo. 

O indicador é utilizado, por exemplo, para medir o desempenho da economia e para tomar decisões de política monetária. Por isso, o resultado pode influenciar a definição da meta de inflação pelo Banco Central (Bacen). 

Quais impactos do IPCA acumulado no dia a dia da população? 

Como o IPCA acumulado mede a variação de preços ao longo de determinado período, ele assume um papel relevante na rotina da população brasileira. A seguir, você descobrirá quais podem ser esses impactos. 

Saiba mais! 

Redução no poder de compra 

Até aqui, você já entendeu que a inflação representa o aumento de preços no cotidiano da população. Entretanto, vale a pena destacar que ela não é sempre negativa. Quando as oscilações são controladas, isso pode ser um indicativo de economia aquecida e crescimento do país. 

Ainda assim, o IPCA acumulado faz esse cálculo para medir como a variação nos preços de produtos, bens e serviços aumenta o custo de vida da população naquele período. Consequentemente, ele calcula o impacto na renda e a redução no poder de compra gerada pela inflação.  

Mudanças na taxa Selic 

Outro impacto do IPCA acumulado se relaciona à taxa básica de juros da economia, a Selic. Ela é definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central com base em diversos indicadores econômicos. 

Inclusive, a taxa Selic é o principal mecanismo do Governo Federal para conter a inflação. Quando os juros estão altos, o objetivo é frear o consumo para reduzir a inflação. Já quando a taxa está baixa, a meta é estimular a atividade econômica. 

Nesse sentido, quando o IPCA acumulado está alto ou ultrapassa a meta do Bacen, o Copom pode optar por aumentar a taxa Selic para o próximo ciclo. Esse movimento é realizado para tentar conter a inflação do país. 

Com isso, tende a ocorrer uma elevação no custo do crédito, além do pagamento de juros mais altos em casos de financiamentos, empréstimos e até cartões de crédito. 

Reajuste de contratos 

O reajuste de contratos também pode sofrer influência do IPCA acumulado. Isso acontece porque esse índice é utilizado como uma referência para a composição dos valores de contratos de determinados serviços — embora outros índices de preços também sejam usados. 

Para ilustrar, é comum, por exemplo, que no início de cada ano a mensalidade da escola fique mais cara, não é mesmo? O mesmo acontece com outras contas. Na prática, é comum que o IPCA acumulado do ano anterior para fazer esse reajuste de preços. 

Rentabilidade de investimentos 

Outro ponto que o IPCA influencia no seu cotidiano é a rentabilidade dos seus investimentos. Como o índice está relacionado à perda do poder de compra, é preciso considerá-lo na hora de analisar os seus resultados. 

Por exemplo, imagine que você verifica os retornos que sua carteira de investimentos gerou no ano anterior e constata que eles foram de 8%. Entretanto, ao verificar o IPCA acumulado do ano, você percebe que ele foi de 10%. 

Isso significa que mesmo obtendo retornos positivos no mercado financeiro, eles não geraram aumento no seu poder de compra, pois ficaram abaixo da inflação. Logo, a sua rentabilidade real foi negativa. 

Por isso, é essencial que investidores também acompanhem a inflação por meio do IPCA acumulado. Dessa forma, você poderá entender melhor os seus resultados e saberá se o seu patrimônio realmente avançou. Se for o caso, essa é uma oportunidade para pensar em novas estratégias de investimento. 

Qual é a influência desse índice nos investimentos? 

Agora que você entendeu mais sobre os impactos do IPCA no seu cotidiano e viu que ele tem reflexos na sua carteira de investimentos, vale a pena ressaltar que há alternativas do mercado indexadas por ele. Isso significa que há investimentos cujos retornos estão atrelados à inflação, se forem levados até o vencimento. 

Entre os exemplos está o Tesouro IPCA+, do Tesouro Direto. Ele é um título híbrido cuja rentabilidade considera o acumulado do IPCA e adiciona um percentual prefixado. Desse modo, ao manter a aplicação até o vencimento, você tem a garantia de obter uma rentabilidade real positiva. 

Além dele, existem outros títulos privados que podem considerar a variação do IPCA, como os certificados de depósito bancário (CDBs) de retorno híbrido. No entanto, assim como o Tesouro IPCA+, é essencial aguardar até o vencimento do título para assegurar o retorno prometido. 

Indiretamente, há outros investimentos que podem aproveitar a influência desse índice. Os fundos imobiliários (FIIs) de tijolo que lucram com aluguéis, por exemplo, podem ser impactados com reajustes de contratos. Dependendo do caso, isso pode gerar reflexos positivos nos rendimentos dos investidores. 

Já as empresas podem ter o desempenho impactado pela inflação e os juros do mercado. Consequentemente, isso pode influenciar no preço dos seus papéis ao longo de determinado período. 

No entanto, convém perceber que na renda variável não existem garantias de retorno acima da inflação. Como os investimentos são mais arriscados, não há como prever qual será o retorno ou mesmo se ele será positivo, embora o potencial de ganhos seja maior do que aquele presente na renda fixa.