A bolsa de valores é um ambiente no qual a oferta e demanda são determinantes para o preço dos ativos. Porém, os acontecimentos do mercado podem interferir nessa relação e promover oscilações nos preços dos ativos negociados B3.

Quando as quedas na bolsa ocorrem, é comum que os investidores fiquem inseguros, pois o patrimônio pode perder valor. Contudo, é fundamental compreender essas variações para aproveitar oportunidades e montar uma estratégia de proteção da carteira.

Para você entender melhor como agir nesses cenários, confira quais foram as maiores e menores quedas da bolsa em junho de 2023, com base nos dados da Genial Analisa.

Ibovespa fecha o mês de junho com alta acumulada de 9%

O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, encerrou a última sexta-feira de junho em baixa de 0,25%, aos 118.087 pontos. Esse movimento seguiu a forte queda das ações da Petrobras, após a empresa anunciar mais uma redução no preço da gasolina e do gás de cozinha para as distribuidoras.

Apesar disso, o indicador fechou o sexto mês do ano com a maior alta mensal desde o final de 2020, acumulando ganho de 9%. Já o crescimento no primeiro semestre de 2023 foi de 7,6%.

Observando o histórico do Ibovespa, esse resultado representou o melhor desempenho no período desde 2018. Naquele ano, o crescimento do índice nos seis primeiros meses foi de 14,8%.

As principais altas da B3 em junho

Além de saber sobre as variações do Ibovespa no mês, é relevante conhecer os ativos que tiveram as maiores altas no período. Para tanto, vale acompanhar as avaliações feitas por nossos analistas da Genial Analisa e outras informações de mercado.

Veja!

Gol (GOLL4)

A Gol fechou o mês de junho com o melhor desempenho do Ibovespa, com variação positiva de 58,29%. A companhia aérea ficou na terceira posição das maiores altas do semestre, com um avanço de 79,43%.

Entre os motivos para esse resultado está a queda do dólar no mês. Além disso, a Petrobras anunciou a redução no preço do querosene de aviação, favorecendo a diminuição dos custos operacionais da empresa.

Yduqs (YDUQ3)

A Yduqs despontou entre as maiores altas de junho de 2023, com ganhos de 40,87%. No semestre, o avanço foi de 94,89%. Essa é uma das maiores empresas de educação superior do país, em relação ao número de alunos.

O preço das ações YDUQ3 já havia registrado um grande salto em maio, especialmente devido aos resultados positivos apresentados. Apesar dos desafios macroeconômicos que as companhias do setor de educação enfrentam, o aumento do ensino a distância e dos cursos de medicina estão compensando a baixa nos volumes do ensino presencial.

Azul (AZUL4)

A Azul, uma das maiores companhias aéreas do Brasil, aparece no topo do ranking de maiores altas do primeiro semestre de 2023, com avanço de 98,55%. No mês de junho, o desempenho foi de 29,73%.

Uma das razões para esse salto é a normalização da demanda pelo transporte aéreo, que havia sido bastante impactada pela pandemia. Outro fator de destaque são os recentes incentivos fiscais do programa Voa Brasil.

A valorização do real frente ao dólar também é um dos motivos para a redução dos custos da empresa e sua consequente valorização no mercado.

Assaí (ASAI3)

A rede atacadista Assaí aparece em quarto lugar na lista de melhores desempenhos no mês de junho, com alta de 27,91%. Um dos fatores que impulsionaram esse resultado foi a venda do restante da participação do grupo Casino no negócio.

No entanto, a empresa registrou um semestre de fortes perdas. A baixa foi de 29,09%, e pode estar relacionada à desaceleração do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) — principal índice de inflação brasileira.

Isso porque o avanço da inflação tende a impulsionar a receita dos atacarejos e traz uma margem de ganhos, como com a valorização dos produtos em estoque. Ainda, é possível citar a maior competição no setor, com centenas de novas lojas abertas no último ano.

Braskem (BRKM5)

As ações da Braskem fecham a lista das maiores altas de junho de 2023, com ganhos acumulados no período de 24,04%. Contudo, o mercado segue em meio a dúvidas sobre o controle da companhia — e o endividamento do negócio se mantém como um ponto de cautela.

As principais quedas da bolsa em junho

Mais do que conhecer as principais altas da bolsa em junho, é preciso entender quais ações apresentaram um movimento de queda no mês. Afinal, elas são parcialmente responsáveis pela redução do desempenho do índice no período.

Confira quais foram as empresas que tiveram quedas na bolsa!

Méliuz (CASH3)

A Méliuz contabilizou uma baixa de 12,25% em junho, com queda acumulada de 33,80% nos primeiros seis meses do ano. Para as ações CASH3 permanecerem no Ibovespa no período, a empresa precisou fazer um processo de grupamento e desdobramento dos papéis.

Ademais, a companhia tem apresentado prejuízos constantes, o que tende a reduzir o interesse do mercado. Vale destacar que Méliuz anunciou em março a venda do Bankly para o Banco Votorantim — em junho, a empresa fez um acordo de investimento definitivo para a operação.

Magazine Luiza (MGLU3)

As ações da varejista Magazine Luiza (MGLU3) despencaram 11,32% em junho. A queda pode ser relacionada à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreu naquele mês.

O Copom manteve a taxa básica de juros (Selic) inalterada, em 13,75%. Embora o mercado já esperasse essa definição, não houve sinalização sobre quando a entidade iniciaria o corte da Selic.

Vale saber que as taxas de juros afetam principalmente as empresas do setor varejista. Afinal, o maior custo do crédito reduz o consumo da população, fazendo com que as pessoas comprem menos no varejo.

Alpargatas (ALPA4)

O desempenho da Alpargatas observou queda de 10,92% em junho. Essas ações tiveram um semestre negativo, com redução de 38,33% nos preços, após apresentar uma sequência de resultados ruins e mudanças na gestão.

Em abril de 2023, o CEO da Alpargatas renunciou ao cargo. Sobre as operações brasileiras, a empresa enfrentou mais um trimestre de baixa nas vendas. Já no mercado internacional, os processos foram negativamente impactados pelo segmento dos Estados Unidos, resultado das mudanças na sua estratégia de mix de canais.

Via (VIIA3)

As ações da Via (VIIA3) também terminaram o mês de junho em queda, com variação negativa de 9,66%. Além da manutenção da taxa básica de juros, que afetou todas as varejistas, a empresa fechou o 1T23 com prejuízo líquido de R$ 297 milhões.

A varejista anunciou que fará uma emissão bilionária de debêntures. Somado aos demais fatores, isso contribuiu para a queda no desempenho da empresa no período.

Petz (PETZ3)

Finalizando a lista de maiores quedas da bolsa em junho, a Petz apresentou redução de 9,24% ao longo do mês. Apesar de a empresa liderar o mercado brasileiro de produtos para animais de estimação, há preocupação dos investidores em relação à concorrência.

O que está mexendo com o mercado

Até aqui, você conferiu as principais ações que passaram pelas maiores altas e quedas da bolsa em junho. Agora, é hora de saber o que está causando impactos no mercado financeiro.

Diminuição na taxa de desemprego

A taxa de desemprego recuou para 8,3% no trimestre de março a maio de 2023. Essa foi a menor taxa para o período desde 2015, quando apresentou o mesmo valor. Em comparação com o mesmo trimestre de 2022, o indicador caiu 1,5 ponto porcentual.

Mudança no regime de metas da inflação

O Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou o regime de metas da inflação. A mudança acontecerá a partir de 2025, quando o Banco Central deverá perseguir a meta contínua.

No regime praticado atualmente, a meta da inflação é fechada ao fim de cada ano. Dessa forma, o objetivo é que a taxa inflacionária medida em dezembro, acumulada desde o mês de janeiro anterior, fique dentro do alvo definido.

Já no modelo contínuo, a inflação deve se manter na meta ao longo de determinado tempo, independentemente da data fechada. A mudança aprovada pelo CMN tende a aumentar a credibilidade da política monetária, abrir espaço para a redução dos juros e trazer mais segurança aos investidores.

Atenuação do pessimismo global

As expectativas de recessão como consequência da alta generalizada dos juros nas principais economias mundiais diminuíram. Isso porque o núcleo do índice de preços PCE, que o Federal Reserve (Fed) utiliza como referência para a meta de inflação dos EUA, subiu 0,3% em maio.

Já os gastos dos consumidores norte-americanos subiram 0,1% no mês. Esses resultados reforçaram as expectativas de que o Fed poderá ser menos rigoroso em sua política monetária visando conter a inflação.

Quer se manter atualizado sobre as oscilações da bolsa? Acesse a Genial Analisa e acompanhe todas as publicações!

Filipe Villegas

Filipe Villegas é responsável pelas carteiras recomendadas da Genial e relatório GENOMA. Ele é pós-graduado em administração de empresas pela FGV e tem MBA em engenharia financeira pela POLI-USP. Está no mercado há mais de 10 anos.

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