Os movimentos na Selic, como seu aumento ou queda, exercem uma influência significativa sobre diversos investimentos, podendo torná-los mais ou menos atrativos. Logo, previsões como corte nos juros despertam dúvidas em muitos investidores. 

Isso acontece porque a mudança no ciclo de juros do mercado pode tornar menos atrativos investimentos que antes eram rentáveis. Nesse contexto, antes de tomar decisões é fundamental saber como suas posições podem ficar após a Selic baixar. 

Pensando nisso, nós, da Genial, preparamos este artigo. Nesta leitura, você entenderá como a Selic taxa impacta seus investimentos e o que pode acontecer diante da queda nos juros. 

O que é a taxa Selic e como ela é definida? 

A taxa Selic representa a taxa básica de juros da economia brasileira. O seu nome é derivado do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, programa gerido pelo Banco Central (Bacen) em que acontece a realização de operações com diversos títulos do Tesouro Nacional.  

Vale destacar que a Selic se divide em dois tipos. A Selic Over é a taxa que representa a média ponderada das taxas de juros das operações interbancárias de curtíssimo prazo (geralmente um dia útil) que acontecem nesse sistema. 

Já a Selic Meta é a taxa básica de juros determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), um órgão do Bacen. Quando se vê notícia sobre a taxa de juros no noticiário, por exemplo, o foco é na Selic Meta. 

Vale saber que o Copom é composto pelo presidente e por diretores do Banco Central e, como o nome sugere, é responsável por definir os rumos da política monetária brasileira. Entre as atribuições está a definição da taxa básica de juros. 

O Comitê se reúne a cada 45 dias, em reuniões que duram dois dias — geralmente às terças e quartas-feiras. Nos encontros, há a discussão sobre o momento econômico nacional e internacional e quais devem ser os próximos passos — com aumento, redução ou manutenção da taxa Selic. 

É pertinente destacar que a taxa básica de juros é o principal instrumento do Bacen para controle da inflação. Aumentos na Selic têm o objetivo de encarecer o crédito e, consequentemente, reduzir a atividade econômica para controlar a inflação. 

Já reduções na taxa podem servir como estímulo à economia. Contudo, a decisão não é tomada de forma isolada, mas como parte de uma estratégia para alcançar as metas de inflação e crescimento do país.  

Pronto para descobrir o Genial Analisa?

Dê um passo em direção ao seu sucesso financeiro! Explore análises detalhadas, educação financeira de qualidade e insights exclusivos no Genial Analisa. Descubra como você pode tomar decisões de investimento mais informadas e estratégicas.

Clique aqui para começar sua jornada rumo ao conhecimento financeiro!

Qual o cenário atual da Selic?  

Ao estudar sobre a Selic, é importante entender o cenário da taxa. No início de 2023, ela estava em 13,75% ao ano. O percentual foi definido pelo Copom ainda em agosto de 2022. Desde então, o Comitê realizou 7 reuniões até junho de 2023, mantendo a taxa nesse patamar. 

A série de aumentos na Selic teve início em março de 2021, quando o Copom a elevou de 2% para 2,75% ao ano. A decisão foi tomada para controlar a inflação, que também estava em alta naquela época. 

Para se ter dimensão, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, encerrou 2021 com um acumulado anual acima de 10%. Já em 2022, ele foi de quase 6%. 

Mesmo com essa redução, a inflação ainda ficou acima da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) — que era de 3%, com variações toleráveis de 1,5%. Logo, os esforços do Copom em aumentar a Selic foram pensados para controlar a inflação. 

No entanto, a manutenção de um patamar elevado da Selic gerou debates, especialmente entre o Governo Federal que assumiu em 2023 e o Banco Central. Enquanto o Governo desejava uma redução na taxa, o Copom manteve a Selic em 13,75% durante o primeiro semestre de 2023. 

Contudo, a queda notada no IPCA entre 2021 e 2022 continuou ao longo dos primeiros meses de 2023. O IPCA de junho, por exemplo, foi de -0,08%, sendo o primeiro mês do ano com deflação — isto é, inflação negativa. 

Com o cenário, o Copom sinalizou em sua ata referente à reunião de junho que a queda na Selic poderia começar a partir de agosto. Assim, no início daquele mês, a taxa teve uma redução de 0,5 ponto percentual, chegando a 13,25% ao ano. 

Portanto, o processo de redução da Selic tende a acontecer de maneira gradativa, respeitando os índices de inflação e o mercado externo. 

Queda de juros e queda da Selic são iguais?  

Como a Selic é a taxa básica de juros da economia, isso significa que ela age como referência para a cobrança de diversos outros juros no mercado. Nesse sentido, como você viu, linhas de crédito como empréstimos e financiamentos podem ficar mais caras diante de uma Selic elevada.  

Do mesmo modo, quando a Selic cai, é comum que as instituições financeiras também reduzam as taxas cobradas em suas linhas de crédito para pessoas e empresas. Por esse motivo, quando se fala em corte de juros no mercado, normalmente o foco é o cenário da taxa Selic.  

Então você pode entender a queda de juros e a queda da Selic como dois conceitos sinônimos. Porém, vale saber que a cobrança de juros no mercado considera outros elementos além da Selic. É comum que instituições considerem o risco de crédito da operação, prazo e outras definições, certo?  

O que esperar da taxa de juros para os próximos meses?  

Agora que você aprendeu mais sobre a taxa Selic e o que aconteceu com ela até 2023, é hora de saber o que esperar para o futuro. Afinal, ela é foco de diversos debates que envolvem o setor privado, o Bacen e o Governo. 

Como visto, nas reuniões que aconteceram nos dias 1 e 2 de agosto, a Selic chegou a 13,25%. Já o que acontecerá nas próximas reuniões dependerá de diversos outros cenários. Entre eles, vale destacar: 

  • variações do IPCA em relação à meta de inflação; 
  • ritmo da atividade econômica brasileira; 
  • juros internacionais, especialmente nos Estados Unidos.  

Em relação ao último ponto, vale a pena destacar que o Brasil não é único país que vivenciou um processo de aumento nos juros. Nos EUA, por exemplo, o Federal Reserve (Fed) — similar ao Bacen no Brasil — elevou os juros para 5% ao ano. 

O percentual é alto para os padrões norte-americanos, cujos juros básicos comumente ficam abaixo de 1% ou mesmo zerados. A Zona do Euro e o Reino Unido também estiveram em um ciclo de altas em 2023. O motivo foi similar em todos os exemplos: controle da inflação. 

Dessa maneira, o corte de juros no Brasil aconteceria em um período “contracíclico” quando comparado com nações mais desenvolvidas. Por isso, a tendência é que o Copom siga fazendo os cortes de maneira gradativa.  

Qual a relação entre a Selic e os investimentos? 

Além dos pontos que você já viu, a Selic tem uma relação próxima com o mercado de investimentos. Para entender melhor, é oportuno destacar que a renda fixa conta com diferentes tipos de rentabilidade, valendo pontuar a prefixada e a pós-fixada. 

No primeiro caso, a remuneração do título é fixa e invariável até o vencimento. Já os títulos pós-fixados têm a rentabilidade atrelada a um índice ou taxa do mercado. Esse é o caso do Tesouro Selic, título do Tesouro Direto cujos retornos acompanham as variações da taxa básica de juros da economia. 

Já em relação aos títulos privados, como certificados de depósitos bancários (CDBs), o indexador mais comum é o Certificado de Depósito Interbancário (CDI). O percentual dele é, historicamente, próximo à Selic. 

Dessa forma, quando a Selic está em alta, a rentabilidade dos títulos pós-fixados tende a ficar mais atrativa. Por exemplo, com os juros em 13,75%, investidores podem conseguir um retorno alto em títulos seguros, como o Tesouro Selic. 

Além do impacto direto na renda fixa, o comportamento da Selic gera reflexos indiretos no mercado financeiro. Por exemplo, quando um investidor opta por negociar o título antes do vencimento, ele pode precisar recorrer ao mercado secundário.  

Nele, os preços variam conforme a marcação a mercado. O conceito refere-se à atualização do preço dos títulos de renda fixa com base nas condições de mercado vigentes, como a taxa de juros. É por isso que, em certos cenários, resgates antecipados podem causar perdas. 

Porém, diante da queda da Selic, os títulos já emitidos com um rendimento maior podem se valorizar. Assim, o resgate antecipado pode valorizar o título, gerando um rendimento maior do que seria obtido no vencimento. 

Já na renda variável, os impactos tendem a ser indiretos. Com juros mais altos, empresas podem sentir efeitos negativos na sua performance, enquanto a queda na taxa pode melhorar resultados. Entretanto, as oscilações dependem de outros fatores, sejam eles econômicos, políticos e empresariais.

 

Genial Investimentos - Abra sua conta

O que muda com os juros em queda?  

A queda nos juros impacta a economia de diferentes maneiras. A seguir, veja quais podem ser os principais reflexos do corte da Selic! 

Acesso a crédito 

Como você viu, quando a taxa Selic cai, os bancos tendem a repassar essa redução para as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos. Isso faz com que o crédito se torne mais barato para empresas e consumidores.  

Com juros menores, as pessoas são incentivadas a tomar mais empréstimos para investir ou consumir, e as empresas têm acesso a financiamentos com custos reduzidos. Ambos os cenários servem para estimular o crescimento econômico. 

A redução nos juros também pode contribuir para o aumento da demanda por bens duráveis, como automóveis e imóveis. Além disso, as empresas podem investir em projetos de expansão e modernização com custos de capital menores. 

Rentabilidade de investimentos 

Até aqui, você já aprendeu que a Selic tem relação com o mercado de investimentos, não é mesmo? Portanto, a queda nos juros afeta diretamente a rentabilidade de investimentos de renda fixa que têm seus rendimentos atrelados a ela e ao CDI. 

Com a redução da taxa básica de juros, esses investimentos tendem a proporcionar retornos menores. Por outro lado, a queda na Selic pode estimular o mercado de renda variável. 

Com retornos menos atrativos na renda fixa, investidores com tolerância ao risco podem explorar alternativas nessa classe — incluindo ativos da bolsa de valores — em busca de ganhos mais altos. Assim, há um aquecimento do mercado.  

Atração de capital estrangeiro 

A taxa Selic também costuma ter uma relação próxima com a entrada de capital estrangeiro no Brasil. Apesar de outros fatores contribuírem com a atratividade do país para investidores, os juros são um elemento relevante. 

O processo segue uma lógica similar a dos investimentos que você já viu. Ou seja, juros altos representam retornos mais altos. Portanto, com a Selic elevada, investidores estrangeiros podem enxergar o Brasil como um destino atrativo para seu capital. 

Nesse sentido, uma queda na Selic pode tornar investimentos brasileiros, especialmente na renda fixa, menos atrativos em termos de rentabilidade em comparação com outros países com taxas de juros mais elevadas.  

Com menor entrada de capital, um reflexo pode acontecer na taxa de câmbio, com moedas como o dólar encarecendo. Porém, em um cenário global de juros baixos, o Brasil ainda pode se mostrar uma opção interessante para investidores estrangeiros em busca de retornos relativamente melhores. 

Além disso, a redução da taxa Selic pode sinalizar uma política monetária expansionista por parte do Banco Central, o que tende a impulsionar a economia. O contexto pode atrair investidores estrangeiros em busca de oportunidades de negócios em um ambiente de crescimento econômico mais favorável. 

Afinal, a queda da Selic é boa ou ruim?  

A queda na Selic apresenta aspectos positivos e negativos. Quando a Selic é reduzida, os custos de crédito tendem a diminuir, o que pode incentivar o consumo e estimular o crescimento econômico do país. 

Ademais, a redução pode ser um sinal que a inflação convergiu para o centro da meta. A inflação sob controle é, normalmente, um aspecto positivo para o planejamento financeiro das famílias. 

Entretanto, títulos pós-fixados de renda fixa podem perder sua atratividade em termos de retorno para investidores. Também é possível que ocorram reflexos no câmbio, com valorização de moedas estrangeiras devido ao menor volume na economia brasileira. 

Por esses cenários, há diferentes elementos a considerar antes definir se a queda é boa ou não. No mais, como você já sabe, o Copom deve analisar todos os cenários para fazer cortes de forma estratégica. 

Como investir nesse contexto?  

Independentemente de a taxa básica de juros estar em alta ou não, os seus investimentos devem acontecer respeitando o seu perfil de investidor e seus objetivos. É alinhando esses dois aspectos que seus resultados podem ser melhores.  

Um ponto é que novas movimentações devem acontecer de maneira racional. Por exemplo, cortes nos juros podem tornar os títulos pós-fixados menos interessantes, conforme você acompanhou. Contudo, esses títulos continuam sendo oportunos para manter a reserva de emergência se tiverem liquidez diária. 

Logo, a queda da Selic não significa, necessariamente, ignorar os investimentos pós-fixados. Assim, para tomar melhores decisões, analise sua tolerância ao risco e seus objetivos e considere as características de cada título. 

No mais, é interessante ter uma carteira diversificada, com diferentes ativos, títulos, setores e lógicas de rentabilidade. Com isso, você pode ter um portfólio mais preparado para lidar com diferentes cenários econômicos, reduzindo riscos e otimizando o potencial de retorno.  

Como você aprendeu, a queda na Selic pode impactar a economia de diferentes formas, inclusive seus investimentos de renda fixa e de renda variável. Contudo, a decisão na gestão da sua carteira devem considerar suas características individuais e o cenário econômico.  

Palloma Baccarin

Jornalista especializada em conteúdo digital com foco em trazer informações relevantes e descomplicar assuntos complexos do universo financeiro.

Ver todos os artigos
Lançamento App 30

Navegação rápida

O link do artigo foi copiado!