Roberto Campos Neto é uma figura de destaque no mercado financeiro brasileiro, sendo reconhecido por sua vasta experiência no campo econômico. Após trabalhar por 18 anos em bancos privados, ele deixou sua carreira para assumir a presidência do Bacen (Banco Central).
Com isso, o economista passou a exercer um papel fundamental na condução da política monetária, na estabilidade financeira e no desenvolvimento econômico do país. Sob a sua gestão, o país passou por períodos de altas e baixas nos juros.
Confira neste conteúdo a história de Roberto Campos Neto e a sua trajetória até chegar ao cargo máximo do Banco Central brasileiro.
Infográfico Roberto Campos Neto
Se você acompanha as discussões sobre as taxas de juros no país, provavelmente deve ter ouvido o nome de Roberto Campos Neto. Ele é o presidente do Bacen (Banco Central) em 2023 e, embora ele não decida o rumo da Selic, exerce grande influência nessa ação.
Quer saber mais quem é Roberto Campos Neto, como ele chegou à presidência do Bacen e o que aconteceu na sua gestão? Confira a linha do tempo de sua trajetória!
1969 — Nascimento
Roberto de Oliveira Campos Neto nasceu em 28 de agosto de 1969 no Rio de Janeiro, em uma família de economistas.
1993 — Formação acadêmica
Após concluir o ensino médio, Roberto se mudou para os Estados Unidos. Lá, cursou Economia na Universidade da Califórnia—Los Angeles (UCLA), finalizando a faculdade em 1993.
1995 — Mestrado e docência
Em 1995, Campos Neto concluiu seu mestrado na mesma instituição. Nela, também atuou como professor assistente.
1996 — Ingresso no mercado financeiro
Após voltar ao Brasil, o economista iniciou a sua carreira como trader no banco Bozano Simonsen. Ele operava juros, câmbio, bolsa e dívida externa, até se tornar responsável pela renda fixa internacional.
1999 — Experiência no banco Santander
Depois de o banco Santander adquirir o Bozano, Campos Neto assumiu a tesouraria global das Américas da instituição.
2004 — Mudança de ares
Em 2004, Campos Neto saiu do banco Santander para assumir a gestão de portfólio na Claritas Investimentos, uma gestora de recursos independente.
2006 — Retorno ao Santander
Encerrada uma experiência de dois anos como gestor, Roberto retornou ao Santander para exercer diversas posições de liderança na instituição ao longo de 12 anos.
2018 — Volta aos estudos
Em 2018, o economista concluiu um novo mestrado. Dessa vez, ele optou por um curso voltado à área de inovação em negócios na Singularity University, na Califórnia.
2019 — Posse no cargo de presidente do Bacen
Com o convite do presidente eleito em 2018, Campos Neto deixou a carreira na iniciativa privada para se tornar presidente do Bacen — a autoridade monetária máxima do país.
[BOX] Incentivo à inovação: Os planos de Campos Neto à frente do Bacen incluíam o lançamento do Pix, open banking, o open finance e o real digital.
2020 — Enfrentamento da crise de covid-19
Em 2020, o mundo enfrentou uma das maiores crises econômicas. Durante a gestão de Campos Neto, o Bacen reduziu a Selic para 2% ao ano — o menor patamar histórico do indicador.
2021 — Autonomia do Banco Central
No começo de 2021, foi sancionada a Lei Complementar nº 179, dando autonomia formal à condução do Banco Central.
[BOX] Pioneiro: Com a nova lei, Campos Neto se tornou o primeiro presidente com essa autonomia para um mandato de 4 anos.
2021 — Início do ciclo de aperto dos juros
Após a redução dos impactos da pandemia e de modo a controlar a alta da inflação, o Bacen deu início a um ciclo de aumento dos juros. No final do ano, a Selic chega a 9,25%.
2022 — Selic alcança dois dígitos
Com o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, seguida do aumento da inflação em diversos países, o Banco Central elevou a taxa de juros no Brasil a dois dígitos, chegando a 13,75%.
2023 — Primeiro corte de juros em 2 anos
Depois do mais longo ciclo de alta nos juros, o voto de Campos Neto foi determinante para a primeira redução da Selic em 0,5 ponto.
Agora, você sabe quem é Roberto de Oliveira Campos Neto, como ele chegou à presidência do Bacen e o que aconteceu durante a sua gestão até agosto de 2023.
Aproveite para compartilhar este infográfico com mais pessoas que possam se interessar pela história do economista!
Quem é Roberto Campos Neto?
Para esclarecer quem é Roberto Campos Neto, vale conhecer os principais pontos da carreira do economista, desde a sua infância até o seu ingresso no Bacen.
Infância e juventude
Roberto de Oliveira Campos Neto nasceu em 28 de agosto de 1969, no Rio de Janeiro. A sua inserção no universo da economia e finanças foi praticamente inevitável, considerando que ele cresceu em meio a uma família de economistas.
Ele é neto de Roberto Campos, o economista que comandou o Ministério do Planejamento durante os anos de 1960, sob a presidência de Humberto de Alencar Castelo Branco. O nome do seu avô está entre os idealizadores do Bacen e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Após concluir o ensino médio, Campos Neto se mudou para a cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. Nesse período, ele cursou Economia na Universidade da Califórnia — Los Angeles (UCLA), finalizando o curso em 1993.
Dois anos mais tarde, Campos Neto iniciou e concluiu seu mestrado na mesma instituição. Nela, ele também atuou como professor assistente, já que tinha interesse em seguir uma carreira acadêmica. Porém, em 1996, o economista decidiu voltar ao Brasil, mais especificamente para a sua cidade natal.
Ingresso no mercado financeiro
Ainda em 1996, Roberto Campos Neto ingressou na iniciativa privada, trabalhando como trader no Banco Bozano Simonsen. As suas operações incluíam juros, câmbio, bolsa de valores e dívida externa, até se tornar encarregado pela área de renda fixa internacional da instituição.
Em 1999, o Bozano foi vendido para o banco espanhol Santander, que estava ampliando seus negócios no território nacional. Concluída a compra, Campos Neto assumiu a tesouraria global das Américas do Santander Brasil.
Quatro anos após a virada do milênio, o economista deixou o seu cargo na instituição para assumir a gestão de portfólio na Claritas Investimentos. A sua experiência na gestora de recursos durou apenas dois anos.
Portanto, em 2006, Roberto voltou ao Santander Brasil, no qual permaneceu por mais 12 anos. Nessa fase, ele ocupou diversas posições de liderança na instituição, em especial os cargos de executivo, conselheiro e head de mercados.
Na mesma ocasião, Campos Neto teve tempo de concluir outro mestrado. Dessa vez, ele optou por um curso voltado à área de inovação em negócios na Singularity University, na Califórnia, que foi concluído em 2018.
Nomeação à presidência do Banco Central
Após o resultado das eleições presidenciais de 2018, Roberto Campos Neto recebeu o convite para ocupar o cargo de presidente do Bacen. Por sua relação próxima com o economista Paulo Guedes, cotado para ser Ministro da Economia, seu nome já era associado à chapa do presidente eleito.
É pertinente destacar que a relação entre Campos Neto e Paulo Guedes é antiga. Eles se conheceram enquanto eram jovens, por intermédio do avô do presidente do Bacen.
Paulo Guedes nutria grande admiração por Campos Neto, uma vez que o via como um potencial líder entre os economistas liberais de uma geração mais jovem. Após sabatina no Senado, com 55 votos a favor e 6 contra, Campos Neto foi nomeado como vigésimo sétimo presidente do Bacen.
Em seu discurso de posse, em 2019, Campos Neto defendeu que o Governo precisaria dar maior liberdade à atuação da iniciativa privada. De acordo com o economista, com uma menor necessidade de financiar a dívida pública, o mercado de capitais poderia se desenvolver.
Já no Bacen, o economista passou a defender a autonomia do órgão e deu continuidade à política de incentivo à concorrência iniciada por Ilan Goldfajn, seu antecessor. No início de 2021, após o Governo sancionar a Lei Complementar nº 179, Campos Neto foi o primeiro presidente do Bacen com autonomia formal na condução da autarquia.
Como foi a atuação de Roberto na presidência do Bacen?
Depois de conhecer um pouco da história de Roberto de Oliveira Campos Neto, é válido saber como foi a sua atuação na presidência do Bacen, concorda?
Acompanhe os fatos mais relevantes dessa fase da vida do economista, cronologicamente!
2019
À frente do Banco Central, Campos Neto lançou a “Agenda BC#”. Trata-se de um conjunto de medidas estruturantes que visavam fomentar a competição, a inclusão, a transparência, a educação e a sustentabilidade no sistema financeiro nacional.
Entre as principais iniciativas desse programa estavam o lançamento do Pix, a implementação do open banking e open finance e a criação do real digital. Além disso, integravam o projeto a promoção do microcrédito, cooperativa de crédito, crédito rural e imobiliário, e agenda de finanças verdes.
2020
Em 2020, o economista se viu diante de um enorme desafio: o início da crise em decorrência da pandemia de covid-19. Para conter os prejuízos financeiros do período e aquecer a economia, o Bacen reduziu a taxa básica de juros (Selic) ao seu menor patamar histórico — 2% ao ano.
Essa queda foi acompanhada por uma baixa inflação, colocando o Brasil no grupo de países com juro real negativo. Essa estratégia permitiu que os bancos pudessem emprestar e refinanciar dívidas das pessoas físicas e jurídicas que foram afetadas pela crise.
Por outro lado, com baixas taxas de juros, muitos investidores migraram da renda fixa para a renda variável, em busca de aumentar seus resultados. Esse fator contribuiu com o aumento do número de CPFs na bolsa de valores na época.
2021
Já no ano seguinte, a retomada das atividades econômicas e o aumento do consumo pressionaram a inflação para cima, fazendo com que o Bacen iniciasse um ciclo de aperto monetário. Até o final de 2021, a Selic havia alcançado 9,25% ao ano.
Por sua vez, a inflação no acumulado do ano, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), havia fechado em 10,06%. Esse foi o primeiro ano que o Bacen, sob a gestão de Campos Neto, não conseguiu cumprir a meta de inflação estipulada pelo Governo.
É importante destacar que o não cumprimento dessa meta costuma ter efeitos negativos significativos sobre a economia. Afinal, esse fator afeta a estabilidade macroeconômica e a confiança dos agentes econômicos nas ações e políticas do Banco Central.
2022
No início de 2022, o mundo foi surpreendido com o início do conflito bélico entre a Rússia e a Ucrânia, o que trouxe incertezas para os mercados globais. Na ocasião, a alta nos preços dos combustíveis aumentou mais a inflação no Brasil.
No primeiro semestre daquele ano, o país chegou a ocupar a 4ª posição entre as nações com maior inflação do G20, o grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo. Diante desse cenário, Campos Neto comunicou ao mercado que não conseguiria cumprir a meta de inflação pela segunda vez consecutiva, e que precisaria elevar os juros.
Com a decisão, a taxa Selic chegou ao segundo semestre de 2022 em 13,75% ao ano — o maior patamar de juros desde 2016. No final daquele ano, o país passou por eleições presidenciais, com a vitória do candidato da chapa oposta à que nomeou Campos Neto para aquele cargo.
2023
Apesar da mudança da equipe econômica com o novo Governo, Campos Neto continuou a exercer a presidência do Bacen. A permanência ocorreu por força da lei que concedeu autonomia ao órgão e estabeleceu seu mandato até dezembro de 2024.
No primeiro semestre de 2023, mesmo após a queda da inflação, o economista defendeu a manutenção da Selic em 13,75%. A justificativa dada por Campos Neto foi a projeção de deterioração das metas de inflação para os anos seguintes (a partir de 2024).
Apesar dessa medida, o Bacen não conseguiu manter a alta de preços dentro da meta no período pelo terceiro ano seguido. Com isso, o Brasil se tornou o país com a maior taxa de juros real do mundo em 2023.
No segundo semestre do ano, o órgão reduziu 0,5 ponto da Selic diante da melhora do quadro inflacionário do país, deixando-a em 13,25%. A princípio, a diretoria colegiada do Bacen havia chegado a um empate, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de agosto de 2023.
Na oportunidade, os diretores do órgão estavam divididos se a redução seria de 0,25 ou 0,5 ponto. A decisão final foi tomada a partir do voto do próprio Campos Neto. Contudo, o comitê reforçou a necessidade de preservar uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante.
O aumento da taxa de juros real nesse ciclo econômico foi o maior ocorrido durante todo o regime de metas para a inflação, com medição iniciada em 1999. Esse também foi o processo de alta de juros mais longo da história do Copom até então.
Quais são as perspectivas para sua gestão até 2024?
Sabendo como se comportou a economia brasileira tendo Campos Neto como presidente do Banco Central, falta conferir as perspectivas até o término do seu mandato, certo? Como você viu, o economista tem um mandato que vai até dezembro de 2024 e pretende exercê-lo até o fim.
Ele fez essa afirmação durante um seminário da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em maio de 2023. Embora descarte uma recondução ao cargo, é esperado que Campos Neto continue adotando uma postura cautelosa quanto à redução dos juros.
Vale dizer que a taxa Selic é ajustada com base nas metas de inflação. Quando o IPCA está em alta, o Bacen eleva os juros básicos da economia.
Por outro lado, na hipótese de as estimativas da inflação se alinharem com as metas, o órgão tem margem para reduzir os juros. É interessante destacar que as decisões sobre os juros costumam demorar de 6 a 18 meses para gerarem efeitos.
Nesse contexto, as mudanças feitas em 2023 visam atingir as determinações para o ano seguinte. Para 2024, por exemplo, o CMN (Conselho Monetário Nacional) definiu uma meta de inflação em 3%. Ainda há uma tolerância de 1,5 ponto, então ela pode chegar a 4,5% ou 1,5%.
Já o Boletim Focus — relatório com as expectativas do mercado — da primeira semana de agosto de 2023, estimava que o IPCA pudesse ficar em torno de 3,88%. Essa projeção indica que o Bacen ainda teria margem para reduzir os juros no país.
Porém, diante de um ambiente externo incerto e do recuo lento dos núcleos de inflação, havia possibilidade de os juros continuarem na casa dos dois dígitos até dezembro de 2023. Nesse sentido, o estimado no início do segundo semestre de 2023 era que, em 2024, os juros pudessem terminar o ano em torno de 9% ao ano.
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Ao chegar até aqui, você viu quem é Roberto de Oliveira Campos Neto e a sua trajetória no mercado até chegar à presidência do Bacen. O artigo mostrou a importância do órgão na condução da política monetária para a saúde da economia nacional.
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