Investir em segmentos estratégicos é uma prática comum entre aqueles que buscam não apenas rentabilidade, mas também proteção e diversificação de suas carteiras. No Brasil, um dos setores que tendem a apresentar oportunidades de ganhos e resiliência em períodos de crise é o da saúde.
Destaca-se que, mesmo em tempos de incertezas na economia, as pessoas continuam a precisar de cuidados médicos. Portanto, existe uma fonte consistente de demanda para empresas de saúde — proporcionando oportunidades e certa estabilidade para quem investe nessa área.
Quer saber se vale a pena se expor ao setor da saúde no Brasil? Confira este conteúdo preparado pelo time da Genial Investimentos!
Qual é o panorama do setor da saúde atualmente?
O setor de saúde é fundamental para o bem-estar da sociedade. Por conta disso, ele está em constante evolução para atender às necessidades dinâmicas da população.
Confira movimentações recentes que aconteceram no segmento!
Ações de biotecnologia dispararam com a pandemia
O ano de 2020 foi marcado pela crise sanitária mundial de covid-19. O rápido avanço da doença e sua alta taxa de mortalidade forçaram o investimento massivo no segmento da biotecnologia para o desenvolvimento de vacinas.
Enquanto muitos setores enfrentavam uma queda nos resultados, devido às mudanças impostas pelo distanciamento social, as empresas biofarmacêuticas tiveram valorização significativa de suas ações. Entre elas, destacaram-se empresas como BioNTech, Moderna, Novavax, Pfizer e AstraZeneca.
Segundo matéria do Estadão, juntas, as principais produtoras da vacina de covid-19 alcançavam um valor de mercado em torno de US$ 800 bilhões, em dezembro de 2020. Já na metade do ano seguinte, o montante estava na casa de US$ 1 trilhão.
Quem conseguiu aproveitar esse movimento viu oportunidades de obter lucros e de proteger seus investimentos. Mesmo no pós-pandemia, o setor se manteve atrativo, sendo alvo de investidores em busca de chances de crescimento repentino.
Popularidade do Ozempic eleva o preço das ações da fabricante
Ozempic é um medicamento que surgiu em 2019 para o tratamento do diabetes tipo 2, ajudando a controlar os níveis de glicose no sangue. Contudo, ele começou a se popularizar por auxiliar na perda de peso, pois foi observado que seu uso aumenta a sensação de saciedade.
Ele ganhou as redes sociais sendo chamado de “caneta emagrecedora”, devido ao formato da seringa usada na sua aplicação. Por ser uma medicação que pode ser comprada sem receita médica, muitas pessoas passaram a usá-la de maneira off label — quando a recomendação não está prevista na bula.
É válido destacar que a automedicação sem acompanhamento médico é contraindicada por profissionais da saúde. De toda forma, o alto preço da medicação — cerca de R$ 1.000 por seringa — não impediu que o produto começasse a faltar nas farmácias.
Em dezembro de 2023, a sua fabricante — Novo Nordisk (NVO) — emitiu um comunicado afirmando a intermitência da disponibilidade do Ozempic de 1 mg, dada a sua alta demanda.
Paralelamente a esse movimento, percebeu-se uma valorização significativa dos papéis da companhia. Desde o lançamento do remédio, as ações da farmacêutica subiram de US$ 23 para mais de US$ 130, como pode ser observado no seguinte gráfico da TradingView:

Aumento do reajuste dos planos de saúde
O reajuste anual dos planos de saúde representa uma das principais preocupações dos cidadãos brasileiros. Afinal, ele tem um impacto significativo na economia doméstica e na capacidade de manter o acesso a serviços de saúde de qualidade.
Conforme dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o reajuste médio dos preços para o setor foi de 6,45% em 2021, 11,54% em 2022 e 14,38% em 2023. Observa-se que o aumento crescente tinha expectativas de ser mantido em patamares elevados para 2024.
Os reajustes em planos de saúde são influenciados por três aspectos centrais. O primeiro é a faixa etária do beneficiário, refletindo o uso mais frequente de serviços médicos por pessoas com mais idade. Em segundo lugar, vem a inflação — medida por índices econômicos específicos do setor.
O último é a sinistralidade, que avalia a proporção entre a utilização dos serviços de saúde e o preço do plano, ajustando o valor conforme a frequência de uso pelos beneficiários. A dinâmica levanta questões críticas sobre a viabilidade a longo prazo do sistema de saúde suplementar.
Isso envolve a necessidade de ser financeiramente sustentável e conseguir fornecer cuidados acessíveis e abrangentes. De todo modo, as oscilações de preço nesse campo precisam ser avaliadas por quem deseja se expor ao setor, para conseguir se posicionar de maneira estratégica.
Quais são as vantagens de se expor ao setor da saúde?
Depois de conferir um panorama do setor de saúde, é possível surgir a dúvida sobre quais são as vantagens de se expor a ele, não é mesmo? Investir no segmento representa uma estratégia viável para quem busca proteção e potencial de crescimento em seus investimentos.
Como você viu, a área da saúde possui uma demanda constante, mostrando-se resiliente mesmo em meio a períodos de crise econômica. Ademais, os campos farmacêutico e biotecnológico estão em constante evolução, impulsionados por inovações e descobertas científicas.
A inovação contínua pode resultar em avanços significativos, criando oportunidades de valorização no longo prazo para os investidores. Além de, muitas vezes, oferecer um elevado potencial de retorno financeiro, o setor de saúde contribui para a diversificação de um portfólio de investimento.
A razão é que ele atua como um contrapeso às flutuações de outros mercados, devido à sua relativa independência dos ciclos econômicos tradicionais. Assim, mesmo que você tenha perdas por conta de investimentos em outros segmentos, há chance de os ganhos com alternativas ligadas à saúde atenuar os prejuízos.
Adicionalmente, investir em saúde é uma maneira de participar do progresso de tratamentos e tecnologias que têm o poder de melhorar e salvar vidas. Ou seja, além de ter potencial de ganhos, o setor se alinha com um impacto social positivo.
Ainda, a mudança nos hábitos de consumo, favorecendo empresas sustentáveis que trazem melhorias na saúde e preservação ambiental, permite ao setor se tornar alvo de investimentos. Logo, antecipar-se ao movimento pode ser uma oportunidade de aproveitar esse crescimento.
Quais são os riscos existentes no investimento em saúde?
Investir no setor de saúde pode ser uma jornada de grandes descobertas e avanços, mas o ato não está isento de desafios. A volatilidade do mercado é um fator significativo, especialmente no que diz respeito às ações de empresas farmacêuticas e de biotecnologia.
Elas frequentemente estão na vanguarda da inovação, desenvolvendo medicamentos e tecnologias capazes de transformar o tratamento de doenças. No entanto, o caminho da pesquisa até a comercialização é repleto de obstáculos regulatórios e clínicos.
Os investimentos nessas companhias costumam ser considerados especulativos, por dependerem do sucesso de produtos que ainda podem estar em fases iniciais de desenvolvimento. Ademais, o setor de saúde é profundamente influenciado por políticas governamentais e regulamentações.
Mudanças na legislação têm potencial de alterar drasticamente os custos associados à produção e à venda de medicamentos, afetando a rentabilidade das empresas. Nesse contexto, os investidores precisam realizar uma análise detalhada e criteriosa antes de alocar seu capital no segmento.
Isso inclui entender as tendências do mercado, os fundamentos das companhias e os fatores macroeconômicos que podem influenciar o setor. Caso o investimento faça sentido no seu caso, uma estratégia é evitar deixar todo o seu capital apenas em alternativas ligadas à saúde.
Uma abordagem de investimento informada e diversificada pode ajudar a mitigar alguns dos riscos inerentes ao setor. Desse modo, ela permitirá que você aproveite as oportunidades sem depender exclusivamente de seus resultados para ter ganhos financeiros.
Como se expor ao setor de saúde?
Ciente das vantagens e riscos presentes no investimento em saúde, caso você entenda que o investimento vale a pena, falta aprender como isso pode ser feito, correto? O mercado é bastante amplo para quem está à procura de oportunidades relacionadas à área, havendo alternativas nacionais e internacionais.
Investimento nacional
Caso você queira contribuir para o desenvolvimento do mercado nacional, poderá investir em saúde por meio das alternativas encontradas na B3 (a bolsa de valores brasileira), por exemplo. Em 2024, existiam diversas empresas listadas que atuam no setor.
Confira quais são elas e seus segmentos:
- Alliar (AALR3): medicina diagnóstica;
- Althaia (ALTF3): indústria farmacêutica;
- Baumer (BALM3): produção de equipamentos médicos e hospitalares;
- Biomm (BIOM3): produção de produtos biofarmacêuticos;
- Blau Farmacêutica (BLAU3): indústria farmacêutica;
- CM Hospitalar (VVEO3): serviços de saúde múltiplos;
- D1000 Varejo Farma (DMVF3): comércio e distribuição de medicamentos;
- Dasa (DASA3): medicina diagnóstica;
- Dimed (PNVL3): rede de farmácias;
- Fleury (FLRY3): medicina diagnóstica;
- Hapvida (HAPV3): agente de plano de saúde;
- Kora Saúde (KRSA3): grupo hospitalar;
- OdontoPrev (ODPV3): agente de plano odontológico;
- Oncoclínicas (ONCO3): grupo hospitalar;
- Ouro Fino Saúde Animal (OFSA3): fabrica e comercializa produtos para a saúde animal;
- Pague Menos (PGMN3): rede de farmácias;
- Qualicorp (QUAL3): agente de plano de saúde;
- Raia Drogasil (RADL3): rede de farmácias;
- Rede D’Or (RDOR3): grupo hospitalar.
Investimento internacional
Para quem deseja se expor ao mercado internacional de saúde, existe a possibilidade de investimento direto e indireto. O primeiro se dá nos mercados no exterior — normalmente acessados por corretoras estrangeiras.
Uma desvantagem da modalidade é a necessidade de fazer câmbio de moedas, enviar dinheiro para fora do país e manter uma conta de investimento no exterior. Esses procedimentos costumam envolver custos que podem onerar o processo e reduzir o capital investido.
Por outro lado, com uma conta global da Genial Investimentos, é possível facilitar a operação. Afinal, oferecemos facilidade e agilidade nas transações de câmbio, com conversão instantânea e integração ao nosso aap de investimentos.
Também há como se expor às alternativas estrangeiras ligadas ao setor da saúde diretamente da B3. Isso se dá com o investimento em ETFs (exchange traded funds) ou BDRs (brazilian depositary receipts).
Saiba mais sobre eles!
ETFs
Também chamados de fundos de índice, os ETFs são veículos de investimento coletivos que objetivam seguir os resultados de um índice de mercado. O portfólio do fundo é montado por um gestor, que espelha a carteira teórica do benchmark desejado.
A negociação de cotas de ETFs se dá na própria B3, podendo ser encontrados fundos que espelham índices atrelados ao setor da saúde. Essa pode ser uma forma acessível e prática de se expor ao segmento, considerando que a carteira do veículo é gerida por um profissional.
Logo, o investidor não precisa acompanhar os resultados de cada ativo que compõe o portfólio do fundo. Além disso, o preço das cotas costuma ser inferior ao que seria necessário para investir em todos os ativos que integram a sua carteira.
Contudo, fique atento à cobrança de taxa de administração desses veículos. O seu montante é expresso em um percentual anual, descontado de todos os cotistas para suprir os custos administrativos envolvidos.
BDRs
Popularmente conhecidos como certificados de depósito de valores mobiliários, os BDRs são alternativas nacionais atreladas a um investimento internacional. Ou seja, eles seriam como uma versão brasileira de um ativo estrangeiro.
O seu funcionamento envolve uma instituição depositária que realiza os investimentos no exterior e os mantém junto a um agente de custódia, para que não sejam vendidos. Na sequência, ela emite os BDRs com lastro nesses investimentos, disponibilizando-os no mercado nacional.
Ao adquirir um BDR, o investidor não se torna o titular do investimento estrangeiro. Porém, ele tem chance de receber os proventos pagos no exterior. Isso porque a depositária costuma repassar esses valores a todos que compraram o certificado no Brasil.
Vale dizer que a B3 disponibiliza diversos BDRs ligados a empresas de saúde estrangeiras. Também há certificados atrelados a ETFs negociados fora do país que replicam índices internacionais do setor da saúde.
Independentemente da modalidade escolhida, esses investimentos integram a classe da renda variável. Ou seja, eles podem trazer ganhos ou prejuízos, a depender da volatilidade do mercado.
Por essa razão, antes de investir neles, realize uma análise aprofundada sobre os riscos e fundamentos de cada negócio. Também não se esqueça de avaliar fatores como o seu perfil de investidor e objetivos, para conseguir tomar as melhores decisões, combinado?
Conclusão
Neste post, você conferiu os principais detalhes para quem deseja investir no setor da saúde estando no Brasil. A escolha entre as diferentes opções disponíveis deve ser feita com cautela e após uma análise detalhada para tomar decisões conscientes e estratégicas.
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