A caderneta de poupança é o investimento mais popular do país. Entretanto, nem sempre as pessoas buscam entender o rendimento da poupança — ou seja, quanto ela proporciona de ganho. Com isso, a escolha do investimento pode acabar sendo feita com base apenas na praticidade.
Ao saber como calcular o retorno, é possível prever os ganhos com o produto e entender por que ele requer tanta atenção. Você verá que ele pode não ser a melhor aplicação disponível, portanto, vale a pena encontrar alternativas com potencial de desempenho superior.
Quer conferir todas essas informações sobre o rendimento da poupança? Continue a leitura deste conteúdo e esclareça suas dúvidas!
O que é a caderneta de poupança e como ela funciona?
A caderneta de poupança, popularmente conhecida apenas como “poupança”, é uma aplicação de renda fixa com pagamento de juros por uma instituição bancária. Logo, é como se você disponibilizasse o seu dinheiro a um banco em troca de uma remuneração.
Na prática, ela funciona como um tipo de conta bancária, onde os recursos são mantidos — é a chamada conta poupança. Ela pode ser integrada à conta corrente ou aberta de modo independente no banco de sua escolha.
Uma vez aberta, há como fazer depósitos que terão retorno ao longo do tempo. Isso ocorre porque os bancos estão autorizados a operar esses recursos, por exemplo, emprestando a outras pessoas em financiamentos imobiliários. Em troca, eles remuneram os investidores com juros.
Outra característica da caderneta é a isenção de Imposto de Renda (IR). Então, ao resgatar os recursos, você não precisa pagar IR retido na fonte sobre os lucros obtidos.
Nessa modalidade, é possível fazer aportes a qualquer momento e há como resgatar o capital a qualquer tempo. Porém, a depender da data do resgate, a aplicação não gera juros. Isso quer dizer que o capital alocado tem liquidez diária, mas os rendimentos, não.
O motivo é que a taxa de juros da poupança só incide no aniversário de cada aplicação. Ou seja, seu dinheiro só é remunerado quando o depósito faz aniversário, que no caso da caderneta ocorre uma vez por mês — conforme cada depósito.
Então se você fizer aportes em uma mesma conta em diferentes dias do mês, ela terá múltiplas datas de aniversário. Com consequência, cada depósito será remunerado com base em uma data diferente.
Veja alguns exemplos do funcionamento desse produto!
Exemplos práticos
Se você aplicou no dia 23 de novembro, a quantia só terá remuneração em 23 de dezembro. Antes disso, o dinheiro não rende nada. Da mesma forma, um investimento feito na mesma data e resgatado em 10 de janeiro só terá a remuneração de um mês — referente ao período entre 23 de novembro e 23 de dezembro.
Você só teria direito à remuneração do segundo mês se o dinheiro tivesse ficado aplicado até 23 de janeiro. Depósitos feitos nos dias 29, 30 e 31 têm, por lei, data de aniversário no dia 1º do mês seguinte.
E atenção: na data de aniversário de um depósito, a remuneração recairá sobre o menor saldo do período. Assim, aplicando R$ 1.000 no dia 23 e resgatando R$ 600 antes do próximo dia 23, apenas os R$ 400 remanescentes produzirão retornos.
Como funciona o rendimento atual da poupança?
Entendido o funcionamento geral da poupança, é fundamental que você compreenda sua rentabilidade. Em 4 de maio de 2012, passaram a vigorar mudanças realizadas sobre os retornos da caderneta. A mudança é resultado da Medida Provisória 567/2012, que se transformou na Lei 12.703/2012.
Como resultado, os depósitos feitos antes dessa data fazem parte do que passou a ser conhecido como poupança antiga. Nesse caso, o rendimento é sempre de 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR). Em outubro de 2023, por exemplo, a TR era de 0,1056%, embora ela também tenha passado por períodos em que ficou zerada.
Já as aplicações realizadas a partir de 4 de maio de 2012 fazem parte da poupança nova e podem ser remuneradas segundo duas regras diferentes. Para saber qual, o ponto de partida é identificar a taxa Selic, a taxa básica de juros no Brasil.
Quando ela está acima de 8,5%, a rentabilidade é a mesma da poupança antiga: 0,5% ao mês + TR. Todavia, quando a Selic fica igual ou abaixo de 8,5%, o retorno será equivalente a 70% da taxa básica, acrescida da TR. Logo, quanto mais baixa for a Selic, menor será o retorno da caderneta.
Os resgates são feitos do depósito mais antigo para o mais novo, porém respeitando a seguinte regra: primeiro os depósitos feitos sob a nova regra e depois os da poupança antiga.
Como calcular o rendimento da poupança?
Como visto, o cálculo do rendimento começa consultando a taxa básica e a TR no mês do depósito. Por exemplo, em outubro de 2023, a taxa básica era de 12,75% ao ano (a.a.) e a TR foi de 0,1056%. Como a Selic estava acima de 8,5%, prevalece a regra antiga, de 0,5% ao mês mais TR.
Agora vale analisar um exemplo com a regra nova. Em outubro de 2020, a taxa básica era de 2% a.a. — a mais baixa da história — enquanto a TR estava zerada. Portanto, é preciso aplicar a regra de rentabilidade de 70% da Selic mais TR.
Tendo isso em mente, basta verificar quanto é 70% de 2%. O resultado é 1,4%, que indica o retorno anual da poupança na data. Ao dividir a taxa pelos 12 meses do ano, é possível verificar que a rentabilidade mensal é de apenas 0,11%.
Assim, um depósito de R$ 1.000 renderá R$ 1,10 ao mês ou R$ 14 ao ano com essa taxa — desconsiderando os efeitos dos juros compostos e supondo que a Selic não tenha passado por mudanças no período.
Como acompanhar as mudanças desse rendimento?
Pela regra de rendimento da caderneta, você viu que o retorno obtido não é fixo. As variações consideram a Selic e a TR, além de outros parâmetros que podem ser determinados pelo Governo — afinal, a rentabilidade é definida por lei.
A TR não pode ser negativa, ficando zerada em cenários de Selic mais baixa. Nessas ocasiões, como visto, a rentabilidade da poupança é de 0,5% ao mês. Mas quando o juro está mais alto, há chance de a TR dar uma pequena turbinada no rendimento.
Ou seja, quando a taxa básica sobe, a TR — e, como consequência, o retorno da caderneta — tende a se elevar também. Entretanto, isso não acontece necessariamente com a mesma intensidade.
Como a Selic passa por mudanças a cada 45 dias, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), ela é apresentada mensalmente. Caso a taxa definida para o ano fique igual ou abaixo de 8,5%, aplica-se o fator de 70% à taxa mensal para descobrir o rendimento.
A Selic começou 2023 em 13,75% a.a., patamar que se manteve até agosto, quando teve uma redução de 0,5 ponto percentual (p.p.), indo para 13,25% a.a. Em setembro e em novembro houve novos cortes de magnitude igual ao de agosto, levando a taxa para 12,25% a.a.
Visto que a taxa básica se manteve superior a 8,5% em todo o período, a remuneração da poupança foi de TR mais 0,5% mesmo seguindo a nova regra. Veja abaixo os rendimentos da caderneta de janeiro a novembro de 2023:
- janeiro: 0,7091%;
- fevereiro: 0,5834%;
- março: 0,7404%;
- abril: 0,5825%;
- maio: 0,7158%;
- junho: 0,6808%;
- julho: 0,6589%;
- agosto: 0,7171%;
- setembro: 0,6136%;
- outubro: 0,6061%;
- novembro: 0,5779%.
Como usar simuladores para saber o rendimento da poupança?
É possível que você não queira ficar fazendo cálculos e consultando a variação das taxas para descobrir o rendimento da poupança. Nesse caso, é possível usar a Calculadora do Cidadão, uma ferramenta desenvolvida pelo Banco Central (Bacen).
Há como consultar os dados desde 1º de fevereiro de 1991. O acesso pode ser feito no site do Bacen ou por meio do app de mesmo nome, disponível para Android e iOS. A calculadora está na área “Correção de Valores”.
Basta escolher a opção “Poupança” e preencher com os dados solicitados:
- data inicial: quando ocorreu o depósito. Ela é também a data de aniversário;
- data final: dia do resgate;
- valor a ser corrigido: a quantia depositada;
- regra de correção: poupança nova ou antiga.
O cálculo mostrará a rentabilidade acumulada entre as datas escolhidas, além do montante atualizado. A funcionalidade também é bastante útil para comparar o retorno da caderneta em determinado período com o de outras aplicações financeiras.
Confira alguns exemplos!
Exemplos práticos
Se você houvesse investido R$ 1.000 em 3 de outubro de 2022 e mantido o valor até 3 de outubro de 2023, eles teriam rendido 8,32%. O montante final teria sido de R$ 1.083,22. Aplicando R$ 100 mil durante o mesmo período, seu rendimento alcançaria R$ 8.322,06.
Caso o investimento tivesse sido de R$ 5 milhões, você teria embolsado um retorno de R$ 416.103. Aparentemente, é um ganho relevante, certo? Porém, tenha em mente que isso não significa que essa é a melhor opção para os seus recursos.
Vale a pena investir na poupança?
Você já aprendeu como descobrir o rendimento da poupança em diferentes períodos. Trata-se de uma alternativa bastante prática, muitas vezes funcionando em conjunto com a conta corrente. Além disso, a caderneta tem a segurança do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
A cobertura do FGC é de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ e instituição, com um limite global de R$ 1 milhão renovado a cada 4 anos. Sendo assim, se a instituição bancária tiver dificuldades para fazer o pagamento, como em caso de falência, o FGC ressarcirá o valor aplicado mais o retorno, dentro do limite previsto.
Esses fatores tornam a opção atrativa, mas é preciso avaliar outros aspectos. Veja quais são!
A rentabilidade
Alguns parâmetros para o cálculo da TR são determinados pelo Governo. Ademais, ela costuma ficar em patamares baixos — muitas vezes, zerada. Então, mesmo com a isenção de IR, a caderneta tende a render menos que alternativas atreladas à Selic, por exemplo.
A taxa de juros real
Ao analisar se vale a pena investir na poupança, é crucial compreender os conceitos de juro nominal e real. O juro nominal se refere à taxa de retorno bruta de um investimento, sem considerar os efeitos da inflação — a perda do poder aquisitivo do dinheiro.
Por outro lado, o juro real é a taxa de rendimento ajustada pela inflação, oferecendo uma visão mais precisa do poder de compra real do seu retorno. O principal indicador do fenômeno no Brasil é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na prática, o cálculo dos juros reais não exige apenas subtrair a inflação do rendimento obtido. A fórmula é um pouco mais complexa, mas é possível utilizar calculadoras que simplificam o processo.
Veja alguns exemplos para entender melhor!
Exemplos reais
De outubro de 2022 a outubro de 2023, por exemplo, o IPCA foi de 5,43%. Como você viu, a caderneta rendeu 8,32% no período. O resultado é uma taxa de juros real — descontada a inflação — de apenas 2,74%.
Em muitos cenários, o retorno é menor do que a inflação. Quando isso acontece, não apenas o investidor não tem ganho real no patrimônio como ainda perde parte do poder de compra.
Em 2020, a poupança teve rendimento de 1,99%, enquanto o IPCA alcançou 4,52%. O resultado foi um juro real de -2,42%. Isso quer dizer que, além de o investidor não ter obtido ganho, ele perdeu poder de compra com o capital alocado.
A influência da taxa Selic
Outro exemplo ocorreu em 2015, quando a Selic estava em 14,65% a.a., levando a caderneta a render 7,94%. Contudo, a inflação foi de 10,67%, o que representou um retorno real negativo de 2,47%.
Isso acontece porque, muitas vezes, a taxa básica é definida de forma a conter o avanço da inflação. Como consequência, o aumento da rentabilidade na poupança acaba afetado pela inflação que também está alta.
Pensando em investimentos na poupança para 2024, vale conferir as expectativas do mercado para o movimento da Selic. Segundo o Relatório de Mercado Focus, é esperado que ela chegue a 9,25% a.a. ao fim de 2024. Caso a expectativa se concretize, a tendência é que a caderneta continue rendendo 0,5% mais TR.
De qualquer forma, investir em uma aplicação que perde da inflação não costuma ser uma boa estratégia, certo? O verdadeiro enriquecimento ocorre ao ter rendimento superior à inflação — você repõe a alta de preços e obtém uma remuneração a mais.
A relativa iliquidez do rendimento
Ademais, o fato de a poupança só render no aniversário diminui parte da sua flexibilidade. A menos que você aguarde para sacar na data exata do aniversário, perderá a chance de obter o retorno do mês.
Como visto, o produto não pode não ser o mais adequado para aumento ou até mesmo manutenção do patrimônio. Por isso, considere conhecer alternativas que podem trazer os mesmos benefícios que a caderneta, mas com vantagens em relação à rentabilidade.
Qual foi o cenário do rendimento da poupança nos últimos anos?
Para entender melhor por que a poupança geralmente não vale a pena, é interessante saber como ela se comportou nos últimos anos. Na década que vai de 2013 a 2022, o cenário de juros reais no Brasil revelou uma tendência preocupante para os poupadores.
Afinal, a rentabilidade da caderneta foi negativa em metade desses anos. Naqueles em que os juros reais foram positivos, a maioria apresentou um ganho abaixo de 1% ao ano. A única exceção foi 2017, quando os juros reais alcançaram 3,05%.
O panorama reflete a vulnerabilidade da caderneta a oscilações econômicas. Além disso, ele reforça a necessidade de diversificação e busca por investimentos mais resilientes à inflação.
Existem alternativas de investimento que podem ser mais atrativas?
Já que o rendimento da poupança a torna pouco atraente, é preciso buscar alternativas, não é mesmo? A boa notícia é que existem investimentos cuja segurança se equipara à da caderneta — às vezes, sendo até superior — e podem proporcionar retornos mais atraentes.
Para escolher as alternativas mais adequadas, é importante considerar seu perfil de investidor. Veja as características de cada um deles:
- conservador: prioriza segurança e estabilidade. Esse tipo de investidor prefere evitar riscos, optando por rendimentos mais modestos, mas previsíveis;
- moderado: busca um equilíbrio entre risco e retorno, podendo alocar parte dos recursos em opções mais rentáveis, porém com maior risco;
- arrojado: foca em maximizar a rentabilidade, muitas vezes sacrificando a segurança pelo potencial de lucros mais elevados.
Além do perfil, é necessário entender seus objetivos. Se sua aplicação seria para a reserva de emergência, por exemplo, o ideal é buscar um produto seguro e com liquidez diária. Desse modo, você pode resgatar o capital quando precisar.
Já se a intenção for acumular patrimônio, investimentos de longo prazo tendem a ser atraentes. Nessa situação, é possível comprar títulos privados atrelados à inflação ou alternativas da bolsa de valores, por exemplo.
Independentemente da escolha, é preciso ter acesso a bons investimentos. Você consegue encontrá-los abrindo conta em uma corretora de valores de qualidade. Assim, é possível aproveitar produtos com potencial superior ao da caderneta.
Confira as principais alternativas para sair da poupança!
Renda fixa
Há uma série de aplicações de renda fixa conservadora tão seguras quanto a caderneta que são mais rentáveis, mesmo mediante cobrança de taxas e IR.
Em termos de rentabilidade, há três categorias principais de investimentos:
- prefixados: rendem de acordo com uma taxa de juros fixa, definida antes da aplicação;
- pós-fixados: têm sua remuneração atrelada a um índice, como a Selic ou o Certificado de Depósito Interbancário (CDI);
- híbridos: sua rentabilidade tem uma parte dependente de um índice, geralmente o IPCA, e outra que é um juro fixo.
Veja algumas aplicações em renda fixa que podem superar o desempenho da caderneta!
Títulos públicos
Ao pensar em caminhos para sair da poupança, os títulos públicos estão entre as principais alternativas. Eles são disponibilizados pelo Tesouro Direto, plataforma do Tesouro Nacional que viabiliza a captação de recursos para o Governo Federal.
As aplicações têm liquidez diária — exceto os títulos RendA+ e Educa+, que possuem carência de 60 dias. Então é possível encontrar diversas opções que permitem resgate a qualquer momento.
Contudo, nos títulos com rentabilidade prefixada ou híbrida, o resgate antecipado ocorre a preço de mercado, o que pode tanto gerar ganhos acima do esperado como perdas.
No pós-fixado, entretanto, isso não costuma ocorrer, pois a rentabilidade é diária. Dessa forma, é possível usá-lo para planejamentos que demandam fácil acesso ao dinheiro.
Enquanto a poupança conta com o FGC, os títulos públicos são integralmente garantidos pelo Governo Federal. Isso significa que seu nível de segurança é superior ao da caderneta. Ademais, o investimento nesses títulos tem incidência de IR sobre os retornos seguindo a tabela regressiva.
Se o tempo em que a aplicação foi mantida for:
- de até 180 dias: a alíquota é de 22,5%;
- de 181 a 360 dias: o IR é de 20%;
- de 361 a 720 dias: incide alíquota de 17,5%;
- superior a 720 dias: há IR de 15%.
Existe também a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em investimentos resgatados em menos de 30 dias.
Entendidas as características principais dos títulos públicos, veja algumas opções que poderiam substituir a caderneta!
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é pós-fixado com rentabilidade de 100% da taxa Selic. Logo, ele costuma superar a poupança — mesmo com a incidência de IR e IOF. Ademais, os juros são aplicados a cada dia útil, assim, não há a limitação em relação a esperar a data de aniversário.
Essa alternativa não sofre marcação a mercado da mesma maneira que títulos híbridos ou prefixados. Portanto, não costuma haver chance de resgate com prejuízo. Por isso, esse pode ser um investimento interessante para uma reserva de emergência.
Enquanto a caderneta rendeu 8,32% de outubro de 2022 a outubro de 2023, o Tesouro Selic teve retorno de 13,49%. Como já visto, o rendimento de R$ 1.000 aplicados na poupança durante o período teria sido de R$ 83,22. O do Tesouro Selic, por sua vez, teria atingido R$ 111,32.
Esse valor já é líquido do IR, que é de 17,5% sobre o lucro para o tempo em que a aplicação durou (365 dias). Nesse caso, foram desconsideradas a taxa de custódia de corretora (já que muitas delas não a cobram) e a do Tesouro Direto, isenta para aplicações de até R$ 10 mil em Tesouro Selic.
Essa diferença de retorno já é significativa levando em conta que o nível de segurança desse título é maior. Veja mais um benefício do investimento!
O efeito dos juros compostos
A vantagem do Tesouro Direto sobre a caderneta fica maior ainda quando entra em ação o efeito dos juros compostos, que incidem sobre os investimentos. Nesse caso, a base do cálculo é o montante acumulado, incluindo os retornos anteriores.
Por exemplo, suponha um investimento de R$ 1.000 que rende 10% ao ano. No primeiro ano, você teria R$ 1.100. Já no segundo ano, a rentabilidade de 10% seria aplicada sobre esse valor (e não apenas sobre os R$ 1.000 iniciais).
Como resultado, há um ganho de R$ 110 (10% de R$ 1.100), totalizando R$ 1.210. No terceiro ano, os juros seriam calculados sobre R$ 1.210, e assim por diante. O processo faz com que o montante cresça de forma mais acelerada do que com juros simples — que incidem sempre sobre o montante inicial.
Na prática, o efeito de “juros sobre juros” é poderoso para o crescimento do capital ao longo do tempo. O mesmo montante de R$ 1.000, aplicado de 3 de outubro de 2018 a 3 de outubro de 2023 (por 5 anos, portanto), teria rendido R$ 269,93 na caderneta.
No Tesouro Selic, por outro lado, ele teria rendido R$ 362,32. Portanto, a diferença entre os valores é de 34%. Como sempre os juros incidem sobre os rendimentos já pagos (e ainda depositados), a diferença entre o rendimento das alternativas se torna ainda maior.
Tesouro IPCA
Mais uma alternativa entre os títulos públicos é o Tesouro IPCA. Nele, a rentabilidade depende da variação do IPCA, mais uma taxa de juros fixa anual. Ou seja, ele proporciona retorno acima da inflação, protegendo seu poder de compra no tempo.
Há dois tipos de Tesouro IPCA. O Tesouro IPCA+ (também conhecido como NTN-B Principal) paga o rendimento no vencimento ou no resgate. Já no Tesouro IPCA com Juros Semestrais (NTN-B), o investidor recebe os retornos a cada 6 meses.
Apesar de ter liquidez diária, o título tem chance de apresentar oscilações em casos de resgates antes do vencimento. No geral, ele é mais adequado para médio e longo prazo e é uma alternativa que favorece uma rentabilidade maior que a da poupança.
Títulos privados
Ao adquirir um título privado, você empresta dinheiro a uma empresa, que pode ser uma instituição financeira ou não. Em troca, é paga uma remuneração em juros.
Os títulos privados carregam um risco maior que os públicos, pois dependem da saúde financeira da empresa emissora. Por esse motivo, eles tendem a oferecer um retorno superior ao dos títulos públicos e, naturalmente, ao da caderneta.
Confira algumas alternativas disponíveis!
Certificados de depósito bancário
Os certificados de depósito bancário (CDBs) são emitidos por instituições financeiras, como bancos. Do mesmo modo da poupança, o objetivo é captar recursos para realizar operações — por exemplo, empréstimos para clientes. Quanto à segurança, o CDB também tem proteção do FGC.
Em relação ao rendimento, os títulos seguem a proposta da renda fixa: prefixados, pós-fixados ou híbridos. No caso dos pós-fixados, o índice pode ser o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que fica próximo à Selic. Nos híbridos, é comum usar o IPCA.
Ainda, há CDBs com liquidez diária, normalmente pós-fixados. Já outros apresentam liquidez somente no vencimento — sendo possível vender antes do prazo no mercado secundário.
Se você busca manter uma reserva de emergência, os CDBs com liquidez diária são capazes de atender o objetivo. Já para valores que você sabe que não precisará no curto prazo, é possível fazer aplicações em CDBs com vencimento mais distante.
Travar o capital dessa forma permite que a instituição emissora faça mais negócios com o valor investido. Como resultado, a remuneração nesse caso costuma ser maior.
Para efeitos de comparação, imagine uma aplicação de R$ 1.000 em um CDB com juros de 110% do CDI de 3 de outubro de 2018 a 3 de outubro de 2023. Descontando o IR sobre o rendimento (15%), ele teria sido de R$ 406,13, contra R$ 269,93 da poupança — um retorno 50% superior.
Fundos DI
Se você estiver em busca de praticidade extra na renda fixa, pode recorrer aos fundos DI. Para investir neles, basta adquirir cotas do veículo. O dinheiro captado é movimentado por um gestor profissional, que toma as decisões de alocação.
No caso específico de fundos DI, a maioria dos recursos é aplicada em títulos públicos. O restante é usado em outros investimentos de renda fixa, o que permite aumentar o potencial de resultados.
No geral, essa é uma alternativa prática e acessível, já que as operações são feitas por um profissional. Você poderá se expor a condições da renda fixa e ter a chance de aproveitar produtos com potencial superior ao da caderneta.
Contudo, vale atentar às taxas de administração, que afetam a rentabilidade obtida. Também há incidência do come-cotas. Trata-se de um adiantamento do IR que é cobrado duas vezes ao ano e diminui o efeito dos juros compostos.
Letras de crédito imobiliário e do agronegócio
As letras de crédito imobiliário e do agronegócio (LCI e LCA) são semelhantes ao CDB. Uma das diferenças é que elas servem para captar recursos que financiarão projetos ligados aos respectivos setores.
Outro aspecto é a isenção de IR para pessoas físicas. Esse fator pode fazer com que a rentabilidade seja maior, tendo em vista que não terá descontos. Além disso, esses produtos contam com proteção do FGC.
No entanto, é comum que as LCIs e LCAs tenham baixa liquidez. Logo, elas costumam se alinhar melhor com metas com prazos definidos, adequados ao vencimento.
Renda variável
Compreendidas as alternativas da renda fixa, se seu perfil de investidor é mais tolerante a riscos, considere conhecer a renda variável. Ela tem um maior potencial de retorno, mas, ao mesmo tempo, é mais arriscada.
Algumas das principais alternativas são as ações, os fundos de investimento — que podem ser negociados em bolsa ou nas plataformas das corretoras. Mais uma vez, é importante traçar o seu perfil e entender seus objetivos. Dessa maneira, é possível montar uma carteira diversificada com mais segurança nas decisões.
Qual é a melhor alternativa à poupança?
Agora você já viu que há diversas alternativas para seu capital render mais do que na poupança, tanto em renda fixa como variável. Uma pergunta que pode ter surgido é sobre qual delas é a melhor. Porém, é fundamental entender que não existe uma única alternativa adequada e elas não são mutuamente excludentes.
Saiba que a escolha ideal depende de uma combinação de fatores, incluindo o perfil do investidor e os objetivos específicos de cada um. Portanto, em vez de buscar a melhor alternativa, vale considerar a diversificação do portfólio.
Diversificar significa distribuir os investimentos entre diferentes tipos de ativos, reduzindo riscos e aumentando as chances de bons retornos. Uma carteira diversificada pode incluir renda fixa, como Tesouro Direto e CDBs, e até renda variável, para aqueles com um perfil mais arrojado.
Para objetivos de curto prazo ou reserva de emergência, considere priorizar investimentos com liquidez imediata e baixo risco, como alguns CDBs ou Tesouro Selic. Já para metas de longo prazo, pode-se escolher ativos com maior potencial de valorização nesse horizonte de tempo — ainda que com maior volatilidade.
Como visto, apesar de ser uma opção tradicional e de fácil acesso, o rendimento da poupança muitas vezes não é dos melhores. Isso ocorre em especial ao considerar a inflação e as oportunidades mais rentáveis disponíveis no mercado.
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