A crise hídrica é uma das maiores preocupações econômicas e sociais no Brasil atualmente. Esse fenômeno costuma ocorrer quando a demanda por água excede a oferta disponível, seja por fatores naturais ou humanos.
Quando se concretiza, uma crise hídrica deixa reflexos em diversas áreas da economia, como agricultura e indústria. Em países como o Brasil, cuja matriz energética é fortemente baseada em fontes hídricas, a oferta de energia elétrica tende a ser afetada.
Quer entender melhor sobre esse assunto? Acompanhe a leitura deste artigo para saber a relação entre crise hídrica e energia elétrica, e como esse cenário pode afetar você!
O que é a crise hídrica?
Entende-se por crise hídrica o cenário em que os reservatórios de água de determinada região não têm a capacidade de atender à demanda do consumo. Há diversos fatores que podem levar a esse tipo de situação, como a estiagem.
Ela consiste em períodos prolongados em que não há chuva ou nos quais as precipitações ficam abaixo do esperado para aquela época. O cenário de estiagem pode levar à diminuição dos níveis dos reservatórios de água, dificultando o abastecimento das cidades e áreas rurais.
As mudanças climáticas, além dos efeitos de fenômenos como o El Niño, estão entre as causas mais comuns para os períodos de estiagem. Isso acontece porque eles podem impactar os padrões de chuva em diversas regiões — seja aumentando ou diminuindo .
A má gestão dos recursos hídricos também é um fator relevante para causar crises. Normalmente, a falta de planejamento e investimento em infraestrutura adequada, como sistemas de captação, tratamento e distribuição de água, impactam as fontes hídricas de uma região.
Quais as consequências de uma crise hídrica?
Quando se concretiza, uma crise hídrica costuma ter diversas consequências negativas em uma região ou país. Por exemplo, com escassez dos recursos hídricos, a sociedade pode conviver com medidas de racionamento de água.
Isso acontece porque as autoridades podem ser obrigadas a controlar o fornecimento de água, limitando o consumo por pessoa ou por dia. Logo, há um impacto direto na qualidade de vida da população, mesmo que por um período curto.
Na economia, a agricultura é um dos principais setores impactados por uma crise hídrica. A falta de água para irrigação pode levar à queda da produção, afetando o fornecimento de alimentos e elevando os preços.
No contexto brasileiro, é importante saber que o agronegócio representa quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país — o percentual foi de 23,8%, em 2023. Dessa forma, perdas na agricultura podem gerar impactos negativos na economia rural e nacional.
Além disso, há os impactos no meio ambiente. Especialmente quando a crise hídrica é causada por mudanças climáticas, os períodos de alta nas chuvas ou de estiagem têm o potencial de afetar a biodiversidade local.
Qual a relação entre crise hídrica e energia elétrica?
Existe uma relação intrínseca entre recursos hídricos e energia elétrica. Isso acontece porque nas hidrelétricas há a conversão da energia mecânica da vazão dos rios em energia elétrica através das turbinas geradoras das usinas. Quanto maior a vazão, maior é também a energia pontencial a ser convertida.
As usinas costumam ser construídas em rios para criar reservatórios artificiais. Diferentemente de energia gerada a partir de fontes fósseis, as águas são uma fonte renovável.
No Brasil, as hidrelétricas são um dos pilares da matriz elétrica. Enquanto no país quase 85% da energia é gerada por fontes renováveis, mais da metade desse percentual é proveniente de fontes hídricas.
Entre as mais relevantes usinas hidrelétricas do país, estão:
- Itaipu, no Paraná;
- Belo Monte, no Pará;
- São Luiz do Tapajós, no Pará;
- Tucuruí, no Tocantins;
- Santo Antônio, em Rondônia.
Consequentemente, uma crise hídrica também deixaria reflexos na geração de energia elétrica. Com a eventual redução nos níveis de água em reservatórios, a produção das usinas fica comprometida, levando a uma queda na oferta de eletricidade.
Normalmente, para suprir a demanda de energia, usinas térmicas, geralmente movidas a combustíveis fósseis como carvão e gás natural, são acionadas. Um aspecto negativo é que elas tendem a emitir mais gases poluentes, sendo mais danosas ao meio ambiente.
Ademais, com os impactos na geração de energia, a crise hídrica costuma resultar no aumento das tarifas de eletricidade. Ou seja, o planejamento financeiro de famílias e empresas é afetado com esse encarecimento.
Qual a realidade brasileira?
O cenário de crise hídrica tem a capacidade de afetar a sociedade e a economia de qualquer região, e com o Brasil não é diferente. No país, a situação pode ter ainda mais efeitos, dada a força que as hidrelétricas desempenham na matriz elétrica.
De acordo com um levantamento do MapBiomas, um dos principais projetos brasileiros focados no mapeamento da transformação do território nacional, o Brasil perdeu 1,5 milhão de hectares de água em 30 anos. O contexto pode gerar encarecimento dos custos com energia no país.
Em 2024, o Brasil contava com cinco tipos de bandeiras tarifárias.
O objetivo da criação das bandeiras foi facilitar o controle sobre as despesas conforme a realidade de geração elétrica no país, repassando e sinalizando aos consumidores estes custos adicionais. Dessa forma, se houver um período de estiagem com impactos nas hidrelétricas, a nova tarifa ficaria vigente até a regularização da situação.
As bandeiras são:
- verde: quando há condições favoráveis para a geração de energia, sem adições nas tarifas;
- amarela: com adição de R$ 18,85 por megawatt-hora (MWh) conforme anunciado em março de 2024;
- vermelha patamar 1: tarifa de R$ 44,63/MWh;
- vermelha patamar 2: acréscimo de R$ 78,77/MWh.
Além dessas, há a bandeira preta, que se refere a um cenário de escassez hídrica. Até maio de 2024, o país se encontrava na bandeira verde — desde abril de 2022. O controle é feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Como uma crise hídrica pode afetar você?
Assim como diversos outros países, o Brasil conviveu com mudanças climáticas ao longo dos últimos anos. Ondas de calor, secas, inundações e chuvas torrenciais se tornaram mais frequentes e intensas em toda a nação.
Como exemplo, há a crise hídrica que São Paulo viveu em 2014. O Cantareira, principal sistema de abastecimento do estado, foi praticamente zerado. Como consequência, diversos municípios lidaram com racionamento e outras medidas.
Já em maio de 2024, o excesso de chuvas impactou o Rio Grande Sul. As inundações atingiram muitas cidades do estado, incluindo a capital, Porto Alegre, e deixaram um rastro de destruição.
Dessa maneira, diante de um cenário de incertezas e mudanças climáticas, você e seu negócio podem ser afetados pelas mudanças climáticas. Além dos impactos na qualidade de vida, o aumento nos custos tende a se tornar um grande desafio — especialmente para o orçamento empresarial.
Qual a importância do Mercado Livre de Energia?
Em um cenário de mudanças climáticas e possível crise hídrica, o Mercado Livre de Energia se apresenta como uma solução para as empresas. Formalmente, ele é chamado de Ambiente de Contratação Livre (ACL).
O objetivo desse ambiente de negociações é apresentar novas alternativas para negociação de energia. No mercado livre, empresas podem comprar energia elétrica diretamente de geradoras ou comercializadoras, em vez de adquiri-la da distribuidora local, como acontece no mercado cativo.
Diante do risco de crises hídricas, veja quais são as vantagens para as empresas!
Redução da dependência de fontes hídricas
Um dos principais pontos positivos é a redução da dependência de energia proveniente das hidrelétricas. Isso acontece porque, ao passo que ela é a principal representante da matriz elétrica, no mercado livre, há mais alternativas.
Por exemplo, se o Brasil começar a viver um período de estiagem e os reservatórios ficarem abaixo da sua capacidade, é possível haver uma mudança nas bandeiras tarifárias. Ou seja, os custos ficarão mais altos para as empresas.
Porém, comprando energia via ACL, a companhia pode optar por fontes alternativas, como energia solar, eólica, entre outras. Além de não dependerem da disponibilidade de água, elas são renováveis e costumam ter um impacto menor no meio ambiente.
Autonomia e previsibilidade
O Mercado Livre de Energia traz mais autonomia para as empresas. Isso acontece porque o consumidor tem a possibilidade de escolher o tipo de contrato de energia que melhor atende às suas necessidades, como preços fixos, variáveis ou indexados.
Ele também proporciona economia na conta de energia, ao permitir que o consumidor negocie preços e escolha o fornecedor que oferece as melhores condições. Logo, ainda há mais previsibilidade no orçamento.
No mais, ao reduzir a demanda por energia hidrelétrica, o mercado livre ajuda a diminuir a pressão sobre os recursos hídricos nacionais. Isso tende a ser especialmente positivo em períodos de seca ou escassez de água.
A partir de 2024, o Mercado Livre de Energia se tornou disponível para empresas com contas de energia em torno de R$ 9 mil. Anteriormente, as negociações nesse ambiente eram limitadas às organizações que consumiam, pelo menos, 500 quilowatts.
Como você acompanhou, a crise hídrica tem relação com a geração de energia elétrica, especialmente em países com forte atuação de hidrelétricas, como o Brasil. Por isso, buscar novas formas de contratação pode ser vantajoso para empresas terem mais previsibilidade.
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