Uma das características centrais das moedas digitais é a sua descentralização. Isso significa que não existe a presença de um organismo central que valida suas transações. Para que a dinâmica seja possível, é preciso que haja o trabalho de mineração de criptomoedas.

Esse processo é necessário nos principais ativos desse segmento, como o bitcoin e o ethereum. Além disso, ele atrai atenção pelo fato de os mineradores serem recompensados com criptomoedas. No entanto, a prática envolve preocupações — especialmente por seu impacto ambiental.

Você quer saber como funciona o processo de mineração de criptomoedas? Acompanhe a leitura e conheça os principais detalhes!

O que é a mineração de criptomoedas?

As criptomoedas, como o bitcoin, são um tipo de ativo que existe apenas no ambiente digital. Ou seja, a moeda não apresenta uma forma física, em espécie. No entanto, assim como as moedas fiduciárias, como dólar e real, elas podem ser usadas em transações financeiras.

Contudo, as moedas fiduciárias contam com a presença de uma instituição central, que controla o mercado. O responsável pelo real, por exemplo, é o Banco Central do Brasil. Assim, para fazer uma transferência bancária em real é preciso da validação desse órgão.

Com as criptomoedas, o processo é diferente. Um dos principais elementos dessa distinção é a tecnologia na qual elas estão inseridas: a blockchain. Em uma tradução livre, é possível chamá-la de cadeia de blocos.

Essa é a base para o funcionamento dos ativos digitais porque a rede funciona para registrar todas as transações efetuadas. Desse modo, surge um novo bloco a cada operação — que pode ser comparado com páginas de um livro contábil.

Entretanto, apesar de não haver um organismo central, essas transações ainda precisam ser validadas — a fim de trazer mais confiabilidade para a rede. Essa é, exatamente, a função da mineração. Ou seja, registrar as transações que aconteceram na blockchain.

Assim, os mineradores fazem uma espécie de competição entre si para buscar ser o primeiro a concluir esse processo. Em troca, eles são remunerados em criptomoedas. Na blockchain do bitcoin, por exemplo, cada bloco minerado gerava 6,25 BTC em 2021.

Para que serve esse processo?

Uma das principais preocupações que existia acerca das criptomoedas era o chamado double spending — ou gasto duplo, em português. Essa prática aconteceria se um usuário tentasse usar o mesmo ativo em mais de uma transação simultaneamente.

Embora seja um processo bastante complexo, seria possível encontrar formas de copiar uma criptomoeda e usá-la novamente. Dessa forma, como não há um órgão regulador, o usuário conseguiria praticar uma espécie de fraude no sistema.

Mas a mineração serve justamente para coibir ações como essas. Por meio dela, a blockchain é capaz de apresentar uma maior segurança e transparência para todos os seus usuários — visto que os blocos minerados são públicos e auditáveis.

Dessa maneira, em um primeiro momento é possível imaginar que a mineração traria uma maior lentidão às transações, não é mesmo? Afinal, seria preciso aguardar a validação de terceiros. No entanto, os mineradores conseguem registrar cada bloco dentro de poucos instantes, o que garante agilidade e eficiência para a rede.

Ademais, vale ressaltar que a mineração é o único processo capaz de gerar novas criptomoedas em muitas redes existentes. Ou seja, sem que os mineradores registrem novos blocos, não haverá emissão de ativos ao mercado.

Como a mineração funciona?

Agora que você entendeu o que é e para que serve a mineração, precisa saber como ela funciona, concorda? Para isso, vale ter em mente que não existe apenas uma forma de minerar — e cada criptomoeda pode ter um processo diferente.

Saiba mais!

Proof-of-Work (PoW)

O processo de mineração por meio de prova de trabalho, ou proof-of-work (PoW), é considerado um dos mais tradicionais para a prática. e diversas criptomoedas ainda o utilizam — como o próprio bitcoin. Dessa forma, é possível usá-lo como exemplo para seu entendimento.

Todas as transações feitas na blockchain do bitcoin geram um hash. Ele é gerado por meio de um código matemático e é único para cada operação. Nesse caso, o trabalho da mineração consiste em encontrá-lo para validar a movimentação naquele bloco.

Quando um minerador conclui esse processo, os demais precisam confirmar que, de fato, o hash é o correto. Assim, como você viu, há uma competição entre os usuários para ser o primeiro. O vencedor, além de contribuir para a segurança e a agilidade da rede, é remunerado pelo trabalho que executou.

No entanto, vale ressaltar que não existe uma fórmula para encontrar os hashs. A única maneira possível é por meio de tentativa e erro. Consequentemente, há uma demanda intensa por capacidade operacional das máquinas para conseguir minerar um bloco.

Desse modo, é cada vez mais comum encontrar mineradores fazendo um alto investimento para competir nesse mercado. Uma das necessidades, por exemplo, são os circuitos integrados de aplicação específica, conhecidos como ASIC.

Para conseguir minerar blocos, uma das estratégias tem sido o uso de fazendas ou grandes terrenos para armazenar todos os equipamentos necessários. Também há a criação de pools, que são grupos de mineradores que se unem.

Por isso, embora seja teoricamente possível realizar a mineração de bitcoin pelo celular ou computador convencional, as chances de sucesso são mínimas. Além da alta competitividade, dificilmente eles terão a capacidade de realizar muitas tentativas para encontrar a hash.

Proof-of-Stake (PoS)

Outra forma de minerar criptomoedas é com prova de participação, chamada de proof-of-stake (PoS). Nela, diferentemente da velocidade para a resolução de problemas matemáticos, há o investimento realizado em criptomoedas.

Para isso, é preciso que o minerador disponibilize uma quantidade específica de suas criptomoedas para a rede — que varia de acordo com o protocolo. Assim, ele pode ser selecionado para atuar na mineração dos blocos e receber sua remuneração.

Nesse caso, os ativos que o minerador disponibiliza para o protocolo, chamados de stakes, são bloqueados. Assim, o participante receberá o devido montante de volta após um período acordado em um smart contract.

Um ponto interessante nesse modelo está no fato de o minerador passar a ter uma maior participação na rede. Além disso, como ele terá um investimento preso na blockchain por meio de contratos inteligentes, há o interesse para que o protocolo funcione sem falhas.

O objetivo também é reduzir a demanda energética necessária nos protocolos proof-of-work. Ademais, mineradores que errarem intencionalmente na validação dos blocos podem ser punidos com a perda das criptomoedas que estão bloqueadas.

Proof-of-Capacity (PoC)

Por fim, mais uma estratégia são os protocolos de prova de capacidade, ou proof-of-capacity (PoC). Esse modelo é mais recente que os outros que você viu até aqui e, até 2021, não era tão utilizado.

Também chamados de proof-of-space, ou prova de espaço, o PoC é relativamente similar à prova de participação. No entanto, ao invés de transferir uma quantia mínima de criptomoedas, o usuário precisa comprovar sua capacidade de armazenamento.

Nesse caso, o minerador deve disponibilizar uma parcela do seu HD para registro dos blocos. Quanto maior for esse espaço, maiores serão suas chances de ser selecionado para realizar o processo.

O que é necessário para minerar uma criptomoeda?

A mineração é um processo comum a grande maioria das criptomoedas do mercado — especialmente as maiores, como bitcoin e ethereum. No entanto, esse não é um trabalho que está acessível para todos.

Como você viu, os protocolos proof-of-work ainda são os mais utilizados. Além disso, por fazerem parte da blockchain das principais moedas digitais desse universo, eles geram uma grande competitividade entre os mineradores.

Por esse motivo, para minerar criptomoedas com esses protocolos, é preciso de um investimento inicial mais alto. Além da compra dos ASICs, pode ser necessário adquirir um espaço para armazená-los e um sistema de refrigeração para evitar um possível superaquecimento.

Somando-se a esses pontos, a conexão com a internet também precisa ser veloz e estável para garantir que o minerador tenha sucesso. Contudo, o aspecto que possivelmente tem a maior importância é o consumo de energia.

Todos os equipamentos que você viu acima exigirão um intenso uso de energia elétrica. Desse modo, pode ser mais interessante buscar um local com menores tarifas. No entanto, os impactos ambientais ainda podem ser grandes — conforme você verá adiante.

Já nos protocolos proof-of-stake, é necessário apenas investir uma quantidade de criptoativos. Embora seja um modelo que privilegie aqueles com maiores carteiras, essa pode ser uma solução de menor impacto.

Quais os impactos ambientais da mineração?

Você já sabe que é preciso de um alto investimento com maquinários e energia para minerar criptomoedas como bitcoin. Devido a esses pontos, os impactos ambientais da prática geram muitas preocupações ao mercado.

De acordo com a pesquisa Bitcoin Energy Consumption Index, o consumo anual de energia pela mineração apenas do bitcoin é comparável ao consumo elétrico de toda a Tailândia. Esse país tem cerca de 70 milhões de habitantes.

Outro ponto de preocupação dos analistas é referente às emissões de gás carbônico (CO2). Também tomando como base os números anuais, elas são equivalentes às do Uzbequistão (país localizado na Ásia).

Todos esses números geram receios a respeito dos impactos da mineração. Um dos principais pontos de pesquisa é sobre os possíveis reflexos dessa prática no aquecimento global. Por isso, tem sido mais comum ver mineradores buscando soluções para esse cenário.

Uma das estratégias, por exemplo, tem sido adotar o uso de energia renovável para a mineração. Outro aspecto é sediar a estrutura de mineração em locais mais frios, para diminuir a necessidade de se usar refrigeradores.

Além disso, a transição dos protocolos proof-of-work para proof-of-stake também pode funcionar. Embora esse não seja um processo simples — visto que seria preciso fazer alterações significativas nas blockchains —, muitas criptomoedas já usam esse modelo, enquanto outras estudam a transição.

Vale a pena minerar criptomoedas?

Minerar criptomoedas pode ser uma alternativa interessante para aqueles que acreditam no potencial desse mercado. Afinal, essa é uma oportunidade de ser remunerado por seu trabalho e colaborar para a segurança da rede.

No entanto, é preciso ter em mente os custos envolvidos nesse processo. Como você viu, além do investimento inicial em equipamentos ser alto, é preciso lidar com gastos de energia e internet — que também podem gerar um impacto considerável nas finanças.

Outro ponto a ser destacado é que a mineração é uma competição. Ou seja, mesmo que você tenha posse da melhor estrutura do mercado, não existe garantia que conseguirá minerar blocos. Em especial quando, no caso do bitcoin, não há uma fórmula matemática para encontrar as hashs.

Também no contexto do bitcoin, vale ressaltar o seu halving — que é o processo de corte pela metade das emissões. Assim, a remuneração que, em 2021, era de 6,25 BTC, será de 3,12 bitcoins no futuro. Esse processo também ocorre com outras moedas digitais.

Quais as alternativas de investimento em criptomoedas?

Agora que você entendeu os principais aspectos da mineração de criptomoedas, pode se perguntar se essa é a única forma de adquiri-los, não é mesmo? No entanto, existem diversas maneiras de se expor às moedas digitais — incluindo a bolsa de valores do Brasil, a B3.

Confira!

Investimento direto

A forma tradicional de se comprar ou vender criptomoedas é com as exchanges. Elas são plataformas que funcionam de maneira similar às corretoras do mercado financeiro. Ou seja, as negociações acontecem em um sistema que pode lembrar o home broker.

No entanto, vale destacar que esse mercado não conta com a regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assim, essa pode ser considerada uma alternativa com mais riscos para o investidor — inclusive de golpes e fraudes.

ETF

Outra estratégia para se expor às criptomoedas é com exchange traded funds (ETFs). Nessa modalidade, o investidor se tornará cotista em um veículo cuja estratégia é replicar um indicador do mercado de moedas digitais.

No Brasil, é possível investir nos fundos de índice da Hashdex. Um deles é o HASH11, pioneiro no mercado nacional e que acompanha o Nasdaq Crypto Index (NCI). O outro é o BITH11, que se destaca por priorizar práticas sustentáveis de mineração de bitcoins.

Fundos de criptomoedas

Também por meio de corretoras brasileiras regulamentadas é possível alocar capital em um fundo de criptomoedas. Nesse caso, eles podem se diferenciar entre si de acordo com as estratégias. Há veículos com 20% a 100% do capital exposto aos criptoativos.

A Hashdex também conta com fundos de criptomoedas, como:

  • Hashdex 20 Nasdaq Crypto Index FIC FIM;
  • Hashdex 40 Nasdaq Crypto Index FIC FIM;
  • Hashdex 100 Nasdaq Crypto Index FIM IE;
  • Hashdex Bitcoin Full 100 FIC FIM.

Esses fundos, no entanto, são negociados nas plataformas das corretoras de valores — diferente dos ETFs, que estão disponíveis na B3.

Assim, é possível se expor a esse mercado se você acredita que ele está em processo de crescimento e pode apresentar valorizações no futuro. Com as alternativas regulamentadas, enfrenta-se menos riscos do que fazendo a operação por meio das exchanges.

Como vimos, a mineração de criptomoedas é um processo indispensável para a segurança e a transparência da rede. Mas seus impactos ambientais fazem com que seja necessário pensar em alternativas mais sustentáveis para a prática.

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