A economia de um país normalmente é movimentada por diversos setores, como a indústria, o comércio, a construção civil, a prestação de serviços e tantos outros. No cenário brasileiro, o agronegócio está entre os segmentos que merecem um destaque especial. 

Isso acontece porque ele é responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O agro brasileiro também posiciona o país como um agente relevante no comércio internacional. Contudo, apesar de sua importância, o setor desperta dúvida, especialmente entre os investidores. 

Pensando nisso, neste artigo, nós, da Genial Investimentos, mostramos as principais características do agronegócio, como ele funciona e qual é a sua relevância para o país. 

Confira! 

O que é agronegócio?  

O agronegócio representa a atividade econômica que engloba todas as etapas da produção agrícola, desde o cultivo de alimentos até a sua comercialização. Logo, como o próprio nome adianta, ele une os conceitos de “agricultura” e “negócios”. 

Entretanto, é importante ressaltar que o agronegócio não se limita apenas às práticas agrícolas, como o plantio. Ele abrange pecuária, agroindústria, comércio de produtos e todo o sistema que envolve a produção, processamento, distribuição e venda das mercadorias. 

O setor também inclui os insumos agrícolas, como sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas, máquinas e equipamentos. Ainda, há áreas de estratégia e inteligência, com serviços de consultoria, pesquisa e tecnologia aplicados ao setor. 

Além das movimentações financeiras que elas promovem, as produções da agropecuária são relevantes para garantir segurança alimentar à população. Portanto, o agronegócio é uma área essencial para a economia e o desenvolvimento social de muitos países, como o Brasil. 

Como funciona o agronegócio? 

Agora que você entendeu mais sobre o agronegócio, é hora de saber como ele funciona. Para isso, vale ter em mente que essa área se divide em três setores principais, sendo eles: 

  • primário: inclui pessoas e empresas que trabalham diretamente na produção agrícola e pecuária, desde pequenos produtores até organizações mais complexas; 
  • secundário: engloba empresas que processam produtos e fabricantes de insumos agrícolas;  
  • terciário: composto pelas atividades relacionadas à distribuição, comércio e exportação dos produtos agrícolas. 

Nesse sentido, o funcionamento desse sistema começa com a produção agrícola, que envolve o cultivo de plantas e a criação de animais. Os produtores rurais, sejam agricultores familiares ou grandes empresas agropecuárias, estão à frente dessa área. 

Para auxiliar na produção, são utilizados insumos agrícolas, como sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas e medicamentos veterinários. Esses insumos são fornecidos por indústrias especializadas, do setor secundário. 

Após o período de crescimento e desenvolvimento das plantas, ocorre a colheita dos produtos agrícolas. No caso dos animais, eles são criados até atingirem o ponto ideal para o abate ou produção de leite, ovos, entre outros. 

A etapa seguinte é composta pelos processos de transformação. Isso pode envolver a limpeza, secagem, moagem, embalagem, entre outros processos, para adequar os produtos aos padrões de qualidade e segurança. 

Além disso, diversos produtos agrícolas, como grãos, são utilizados como matérias-primas pela indústria de transformação. Ela realiza processos adicionais para transformar essas commodities em produtos diversos, como: 

  • alimentos; 
  • ingredientes; 
  • produtos químicos; 
  • biocombustíveis. 

É após a seleção que os produtos partem para serem comercializados. Contudo, uma fase crucial anterior é a de logística, que abrange o transporte dos produtos agrícolas até os centros de distribuição, indústrias e pontos de venda, considerando questões de estoque e controle. 

Quais são as principais áreas do agronegócio?  

Como você viu, o agronegócio é um setor diverso com diversas frentes em operação. Por isso, para você entender melhor como ele funciona, é interessante se aprofundar em suas principais áreas. 

Veja quais são elas! 

Produção agrícola 

A primeira área é a produção agrícola. O segmento é composto pelo cultivo de plantas para a obtenção de alimentos, fibras, rações e biocombustíveis. 

Essa área demanda muito planejamento e conhecimento. Os agricultores podem realizar um estudo cuidadoso antes do plantio, considerando fatores como: 

  • condições climáticas; 
  • solo; 
  • mercado; 
  • demanda; 
  • custos de produção. 

Antes do plantio, o solo precisa ser preparado. O processo envolve a remoção de ervas daninhas, aragem, nivelamento, correção de pH, adição de nutrientes (fertilizantes) e outras práticas, a depender do tipo de solo e cultura. 

Após essa preparação, há o cultivo. Na etapa são realizadas práticas de manejo, como irrigação, controle de pragas e doenças, adubação e monitoramento do desenvolvimento das plantas. 

Quando elas atingem o estágio de maturidade adequado, ocorre a colheita. Também é essencial manter as condições adequadas de armazenamento para preservar a qualidade dos produtos, evitar perdas pós-colheita e garantir a segurança alimentar. 

As colheitas podem ser encaminhadas para comércio ou, como você viu, servirem de matéria-prima na indústria de transformação. Portanto, a área de produção agrícola fornece as bases para o funcionamento de outros segmentos do agronegócio.  

Pecuária 

Outra área a considerar nesse setor econômico é a pecuária. Ela envolve a criação e o manejo de animais para a produção de carne, leite, ovos, lã, peles e outros produtos de origem animal. Assim como os produtores agrícolas, os pecuaristas precisam ter atenção à seleção de animais. 

A análise considera aspectos como: 

  • produtividade; 
  • resistência a doenças; 
  • qualidade da carne ou leite; 
  • adaptabilidade às condições locais. 

Em práticas mais avançadas, há técnicas de melhoramento genético, como a seleção de reprodutores de alta qualidade, inseminação artificial e reprodução assistida. Elas exigem mais investimento, mas costumam ajudar a melhorar e valorizar as produções futuras. 

Além do cuidado com os animais, a pecuária precisa se preocupar com questões ambientais, com preservação de recursos e manejo sustentável. Vale reforçar que os animais podem ser abatidos ou usados para produção de mercadorias como ovos e leite. 

Logística 

A logística é outra área crucial no agronegócio. Afinal, as produções agrícolas e pecuárias precisam ser transportadas de forma estratégica, não impactando na qualidade dos produtos e chegando no destino com rapidez. 

Existem diversos modais de transporte que podem ser utilizados. No Brasil, por exemplo, o rodoviário é o principal. Além do transporte em si, há toda a organização da cadeia de suprimentos — incluindo armazenamento, planejamento de rotas, gestão de estoques, coordenação com transportadoras e mais. 

Outro ponto que merece destaque é a chamada logística reversa. Ela trata do retorno de embalagens vazias, resíduos ou subprodutos da produção agrícola. Assim, o processo tem etapas como o descarte adequado de agroquímicos ou a reciclagem de materiais, minimizando impactos ambientais. 

Comércio 

Após a logística, outra área forte no agronegócio é o comércio. Essa é uma etapa essencial da cadeia produtiva, envolvendo a comercialização, distribuição e venda dos produtos agrícolas.  

Isso acontece porque os produtos agrícolas podem ser comercializados em diferentes segmentos, do atacado ao varejo. A comercialização também inclui a exportação, área em que o Brasil é forte por abastecer diversos países. 

De maneira geral, a negociação no comércio agrícola envolve a determinação dos preços e condições de venda dos produtos. Esses contratos podem especificar pontos como: 

  • quantidade; 
  • qualidade; 
  • prazo de entrega; 
  • preço; 
  • condições de pagamento; 
  • cláusulas de garantia. 

Outro ponto relevante se relaciona às certificações. Elas podem indicar que houve uso de boas práticas agrícolas, com selos de sustentabilidade, certificações orgânicas, indicadores de origem geográfica e selos de qualidade. 

Financeiro 

O setor financeiro também tem uma relação intrínseca com o agronegócio. As instituições financeiras, por exemplo, podem fornecer soluções de financiamento e proteção que auxiliam os produtores rurais e demais agentes do setor.  

Um dos principais serviços é o crédito agrícola. Os produtores rurais podem obter financiamento para investimentos em maquinário, insumos agrícolas, construção de infraestrutura, aquisição de terras, tecnologia e outros itens necessários à produção.  

Também existem programas do poder público para financiamento do agronegócio, com linhas de crédito, incentivos fiscais e mais. Eles têm como objetivo promover o desenvolvimento e a sustentabilidade do setor. 

Partindo para o mercado financeiro, há diversas soluções com derivativos — como contratos futuros e opções. Eles são instrumentos utilizados para proteger os produtores e outros agentes do agronegócio contra a volatilidade de preços dos produtos agrícolas.  

Já para aquelas que operam no comércio exterior, as operações de hedge cambial são uma alternativa. Como é comum que os contratos sejam feitos em moedas estrangeiras, como o dólar, é possível recorrer a instrumentos e operações que geram proteção contra a oscilação do câmbio. 

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Qual a importância do agronegócio para o Brasil? 

O agronegócio tem um papel de destaque na economia brasileira. Para ter dimensão sobre o tema, o PIB nacional cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em comparação com o último de 2022, impulsionado pelo crescimento de mais de 20% no agro.  

Os números mostram a relevância que o setor tem no Brasil. Inclusive, de acordo com estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ele deve ter participação de quase 25% na economia em 2023.  

Essa força também se traduz em outras áreas. Por exemplo, como o agronegócio movimenta grande parte da economia brasileira, ele é um dos principais geradores de empregos no país — tanto direta quanto indiretamente.  

A participação no comércio global, por sua vez, contribui para a geração de uma balança comercial positiva. As exportações agrícolas geram receitas significativas e trazem capital estrangeiro para o Brasil, o que pode ajudar a valorizar o real frente ao dólar, por exemplo. 

Quais são as perspectivas para o agronegócio em 2024?  

Além dos números já alcançados, há expectativas de que o agronegócio possa continuar seu desenvolvimento para 2024 e os próximos anos. Porém, há pontos de atenção e os principais destaques são: 

  • avanço na tecnologia: a agricultura digital e de precisão está ganhando destaque com o uso de tecnologias. Com a ascensão da inteligência artificial (IA) e do 5G, o salto pode ser ainda maior; 
  • fator internacional: a questão global é outro destaque. Os conflitos na Europa em 2023, por exemplo, geraram instabilidade e o baixo crescimento da China e são aspectos que podem causar volatilidade; 
  • campo político: também há fatores políticos para considerar. O arcabouço fiscal e a Reforma Tributária são elementos que podem influenciar na competitividade do agro brasileiro.  
  • mão de obra: em decorrência ao êxodo rural, a mão de obra do na área rural é escassa.
  • incentivos governamentais: há apoio e políticas públicas permanentes aos investimentos em tecnologia para pequenos e médios produtores e empresários rurais.

Como investir no agronegócio?  

Após saber mais sobre o agro e suas perspectivas, você pode estar interessado em saber como investir no setor, não é mesmo? Confira as principais alternativas! 

Ações 

O investimento em ações de companhias desse setor é uma oportunidade para se expor ao agronegócio. Por meio delas, você se torna acionista de empresas listadas na bolsa de valores brasileira, a B3. 

É possível lucrar, por exemplo, com a valorização dos papéis ou com o recebimento de proventos, como dividendos. Na B3, estão listadas companhias como: 

  • Brasil Agro (AGRO3);  
  • BRF Foods (BRFS3); 
  • JBS (JBSS3); 
  • Marfrig (MRFG3); 
  • Raízen (RAIZ4); 
  • SLC Agrícola (SLCE3).  

Antes de investir, faça uma análise fundamentalista das empresas para conhecer seus números e se o investimento é vantajoso. Ainda, dê atenção para a diversificação da carteira, evitando concentração em apenas uma área do mercado.  

ETFs 

Também na bolsa, é possível investir no agro por meio dos exchange traded funds (ETFs). Eles são fundos de investimento que replicam a performance de um índice do mercado.  

Um exemplo de ETF na B3 é o AGRI11, que replica o Índice Agronegócio B3 (IAGRO). A carteira teórica desse indicador é composta por ações de companhias que operam no agronegócio nacional.  

Os ETFs também podem viabilizar o investimento internacional com mais praticidade. Isso acontece porque há fundos como o FOOD11, que replica o portfólio do ETF norte-americano VanEck Agribusiness, acompanhando dezenas de empresas do agro global. 

Fiagro 

Outro veículo coletivo na bolsa é o fundo de investimentos nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagro). Esse é um tipo de fundo de investimento com portfólio composto por alternativas do agronegócio. 

Entre os tipos de Fiagro estão: 

  • Fiagro-FIDC: concentra seus investimentos principalmente em direitos creditórios de empresas do agronegócio; 
  • Fiagro-FII: prioriza investir no setor imobiliário relacionado à indústria agropecuária. Isso inclui títulos lastreados em imóveis e imóveis físicos rurais; 
  • Fiagro-FIP: direciona seu capital para a participação em empresas de capital fechado do agronegócio. 

Renda fixa 

Por fim, há alternativas na renda fixa. Elas se destacam pelo baixo risco e mais alta previsibilidade. Entre as oportunidades há as letras de crédito do agronegócio (LCA). Elas são emitidas por instituições financeiras e levantam capital para financiar projetos no setor. 

Também há os certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs). Eles são disponibilizados por securitizadoras após processos como antecipação de recebíveis, em que há a cessão de direitos creditórios feitos por empresas do agro. 

Ambos apresentam isenção de Imposto de Renda (IR) sobre os lucros para pessoas físicas. Essa característica possibilita estimular o financiamento no setor, que é crucial para a economia. Logo, a isenção pode ampliar a rentabilidade líquida do investidor. 

No entanto, apenas as LCAs contam com cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Desse modo, os CRAs podem ser vistos como mais arriscados. Em compensação, eles costumam ter um potencial de retorno mais alto.  

Como você acompanhou, o agronegócio é um setor fundamental para a economia brasileira, seja para alimentar a população ou impulsionar a economia. Dessa forma, conhecer as formas de investir nele pode ser interessante para sua carteira.  

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