O patrimônio líquido é um indicador fundamentalista de bastante relevância para empresas e investidores. Ele pode demonstrar a situação atual da companhia e também a sua saúde financeira nos últimos tempos.

Portanto, conhecê-lo traz vantagens e melhora a análise do negócio, podendo indicar tendências de comportamento e expectativas para o futuro. Considerando isso, é importante saber o que é esse indicador e quais fatores o compõem.

Quer saber mais? Nós, da Genial, preparamos um guia sobre o patrimônio líquido, mostrando como funciona esse indicador e como ele é utilizado na análise.

Confira!

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O que é patrimônio líquido?

Patrimônio líquido (PL) é um indicador financeiro que demonstra a situação dos bens, direitos e passivos de uma empresa. Nesse sentido, o PL calcula a diferença entre esses pontos para chegar ao patrimônio da companhia.

É importante ressaltar que uma empresa que tem um alto faturamento ou mesmo bastante dinheiro em caixa não conta, necessariamente, com um grande patrimônio líquido. Essas questões também não significam que ela tem uma boa saúde financeira.

Isso acontece porque podem existir passivos que corroem o caixa e demandam grande parte do faturamento do negócio. Então o patrimônio líquido é reduzido considerando esses custos — o que deve ser sempre conhecido pelo investidor ao analisar a saúde financeira de uma companhia.

Desse modo, aspectos como endividamento, investimentos, despesas com folha de salário e insumos, parcelamentos e outros fatores são incluídos no cálculo do patrimônio líquido. Elas são contrastadas com todos os ativos para se chegar ao resultado do indicador.

O que compõe o PL?

Já vimos que o patrimônio líquido é o resultado da diferença entre os ativos e os passivos de uma empresa. Mas você sabe o que representa cada um desses pontos e suas particularidades?

Entenda como eles funcionam:

Ativos

Os ativos de uma empresa são considerados todos os bens e direitos que ela possui. Assim, os imóveis, automóveis, maquinários, investimentos, valores em caixa, recursos e recebíveis podem se enquadrar nessa classificação.

Dessa maneira, é possível pensar nos ativos como tudo aquilo que pode ser convertido em dinheiro para a empresa. Isso acontece mesmo em longo prazo ou em relação aos bens que não podem ser vendidos sem comprometer a operacionalização do negócio.

Ainda, é preciso entender os ativos considerando os direitos da companhia — sejam eles de recebimento ou mesmo em relação à marca. Mas, como alguns direitos podem ser de difícil mensuração, eles não costumam entrar no balanço patrimonial.

Para melhor compreensão, os ativos podem ser divididos em duas categorias distintas: os circulantes e os não circulantes. Confira o conceito de cada um!

Ativos circulantes

A primeira categoria de ativos são chamados “circulantes”. Eles são considerados como todos os bens e direitos de uma empresa que possuem alta liquidez. Esse conceito diz respeito à facilidade com que eles podem ser transformados em dinheiro.

Logo, os ativos circulantes são aqueles que podem ser convertidos em valores a curto prazo. Todos os recebimentos, o dinheiro em caixa e as contas a receber no mesmo exercício fiscal fazem parte dessa categoria.

Ainda, o estoque, matérias primas utilizadas em curto prazo, as mercadorias produzidas e duplicatas também fazem parte desse grupo de ativos. Além deles, investimentos de curto prazo ou com liquidez diária são considerados circulantes.

Outros ativos circulantes são os que estão relacionados à operação da empresa — que fazem parte do seu processo produtivo. No entanto, para serem assim considerados, eles devem ser resgatáveis em curto prazo. Por isso, o maquinário e equipamentos não se enquadram na categoria.

Ativos não circulantes

A outra classificação são os ativos não circulantes. Essa categoria engloba os bens e direitos que não têm alta liquidez. Ou seja, eles não podem ser resgatados em curto prazo ou no mesmo exercício financeiro.

Dessa forma, incluem-se como não circulantes os recebíveis de longo prazo, investimentos sem liquidez diária e com prazo de vencimento superior a um ano, imóveis e maquinários. Também fazem parte desse grupo os ativos intangíveis.

Esses ativos são aqueles que têm valor, podem ser convertidos em dinheiro, mas são abstratos ou incorpóreos. Exemplos comuns de ativos não circulantes intangíveis são a marca, as patentes, os direitos autorais e o conhecimento técnico da empresa.

Outra divisão existente se refere aos ativos não circulantes imobilizados. Trata-se daqueles bens concretos, mas que não podem ser convertidos em dinheiro sem comprometer a realização das atividades da empresa.

Alguns exemplos de ativos não circulantes imobilizados são o imóvel em que a empresa tem sede, o maquinário para produção de mercadorias, os veículos de uso nas atividades da companhia etc.

Passivos

Mais um ponto considerado no cálculo do patrimônio líquido são os passivos que a empresa possui. Eles são o inverso dos ativos, então podem ser classificados como as despesas, os custos e os pagamentos que devem ser feitos.

Logo, os passivos são parte importante do negócio, pois devem ser quitados conforme o seu prazo de vencimento para garantir a adequação da empresa. Os principais exemplos são o pagamento a fornecedores, os custos operacionais, os empréstimos e financiamentos.

Como a empresa precisa utilizar os seus ativos para pagar os passivos, o patrimônio líquido calcula a relação entre ambos. No entanto, lembre-se de que esses fatores podem possuir liquidez diferente, portanto esse critério também deve ser considerado na análise.

Nesse sentido, há passivos que precisam ser quitados em curto prazo, como o pagamento de fornecedores e as cobranças para manutenção do negócio. Outros, como empréstimos e financiamentos, podem ter prazos maiores e serem liquidados somente após um ano, tendo menos impactos imediatos.

Como calcular o patrimônio líquido?

Agora que você já conhece o que é o patrimônio líquido e quais são os dados utilizados na sua composição, é preciso conhecer o seu cálculo. Como ele relaciona a diferença entre ativos e passivos de uma empresa, a fórmula é bem simples. Veja só:

patrimônio líquido = ativos – passivos

Todas as informações da empresa necessárias para calcular o seu patrimônio líquido devem constar no balanço patrimonial. E esse documento é de emissão obrigatória pelas companhias de capital aberto.

Ele deve ser publicado, pelo menos, ao fim de cada exercício social, tendo por base a escrituração mercantil da sociedade. Além do balanço, as empresas também emitem a demonstração de lucros e prejuízos acumulados.

Outro documento importante que pode servir de base para o cálculo do PL é a demonstração dos resultados do exercício, conhecida como DRE. Em todos esses registros apresentados pela companhia, você poderá avaliar o PL e fazer cálculos de indicadores.

Mas como interpretar o resultado do PL? Se ele chegar a um número positivo, isso significa que os ativos são maiores que os passivos. Logo, a companhia tem mais patrimônio do que contas a pagar e obrigações a serem honradas.

Por outro lado, o patrimônio líquido pode ser negativo. Nesses casos, os passivos são maiores que os ativos. Nesse caso, diz-se que a empresa está operando no vermelho, ou seja, suas obrigações financeiras são mais altas do que o patrimônio.

Veja um exemplo: a Ambev S.A. informou em seu balanço patrimonial que a soma de seus ativos, no terceiro trimestre de 2021, equivalia a cerca de R$ 135,133 bilhões. Já o total de passivos era de R$ 46,968 bilhões.

Assim, aplicando a fórmula que você viu, o patrimônio líquido da Ambev nesse período era de cerca de R$ 88,165 bilhões, apresentando um saldo positivo.

Como é dividido esse patrimônio?

Como você viu, o patrimônio líquido da empresa pode ser encontrado em seu balanço patrimonial. Nesse sentido, vale ressaltar que o documento divide as informações em grupos de contas. Nos passivos, você poderá encontrar o valor do PL, que se divide em diversos pontos.

Conforme a Lei n.º 6.404 de 1976, que dispõe sobre as sociedades por ações, o patrimônio líquido é dividido da seguinte forma:

Capital social

O capital social diz respeito aos valores subscritos pelos sócios no momento de criação da empresa. Ele também engloba o montante arrecadado com as ofertas de ações, como a oferta inicial (IPO) no momento de abertura de capital.

Ainda, ofertas subsequentes, como o follow on, e o exercício de opções devem ser retratados no campo destinado ao capital social.

Reservas de capital

As reservas de capital de uma empresa dizem respeito ao dinheiro acumulado que ela obteve de diversos meios. Entre eles, por exemplo, está a contribuição do sócio subscritor de ações que ultrapassam o valor nominal.

Outro item que faz parte das reservas de capital são os produtos da alienação de partes beneficiárias, bônus de subscrição e o resultado da correção monetária do capital realizado.

Ajustes de avaliação patrimonial

Por sua vez, os ajustes de avaliação patrimonial podem não ser tão relevantes para os investidores, mas eles estarão descritos no balanço. Essa conta diz respeito aos ajustes feitos para avaliar os bens de uma empresa de acordo com seus valores atuais.

Ou seja, o processo serve como uma atualização monetária de todos os bens da empresa e o quanto eles valeriam se fossem liquidados no exercício.

Reservas de lucros

As reservas de lucro são bastante parecidas com as de capital, mas são separadas em diferentes categorias no balanço patrimonial. Essas reservas são todas as contas da companhia que se constituíram por meio da apropriação de lucros.

Dessa maneira, elas podem ser destinadas a diferentes objetivos e servem como um colchão de segurança para a companhia. Assim, caso haja resultados negativos e prejuízos nos próximos meses, ela terá como se manter.

Ações em tesouraria

As ações em tesouraria representam os papéis próprios que a empresa fez uma recompra. Nesses casos, há uma redução do patrimônio da companhia, que é calculado por meio de uma fórmula específica.

Prejuízos acumulados

Já os prejuízos acumulados dizem respeito ao passivo a descoberto. Esse dado estará presente no PL caso haja patrimônio negativo acumulado no passado e que ainda não foi quitado pela empresa.

Essa situação deve chamar a sua atenção se ela aparecer no balanço patrimonial da companhia. Afinal, nesses casos, os passivos foram maiores do que os ativos durante o exercício social, o que significa que a empresa está endividada.

No entanto, esse fato por si só não define que uma sociedade está com problemas financeiros, tendo em vista que há vários fatores que podem levar a essa situação. É possível, por exemplo, que ela tenha feito uma grande alavancagem para aumentar a produção e comprar equipamentos, por exemplo.

Então, apesar de haver um prejuízo acumulado no período, a empresa pode se preparar para aumentar sua margem líquida e saldar essas dívidas.

Por que é importante conhecer o patrimônio líquido de uma empresa?

Além de aprender mais sobre o patrimônio líquido, é comum se perguntar: por que vale a pena conhecê-lo? Como vimos, ele faz parte dos indicadores fundamentalistas. Esses são dados sobre as empresas que servem para avaliar sua situação financeira e expectativas de comportamento para o futuro.

Os indicadores são muito utilizados na análise fundamentalista de investimentos. Quem deseja montar uma carteira com ações focada em longo prazo, deve fazer essa avaliação para tomar decisões mais consistentes.

Ao mesmo tempo, é preciso entender que o PL não deve ser utilizado de maneira isolada. Isso acontece porque apenas um indicador não consegue demonstrar a realidade total de uma empresa.

Porém, o PL é parte fundamental de uma análise completa. Afinal, o patrimônio líquido pode demonstrar como uma empresa se encontra financeiramente e se ela tem capacidade de crescimento para o longo prazo.

Vale ressaltar que empresas com boas expectativas de expansão costumam atrair mais investidores interessados em seus papéis. Assim, isso pode fazer com que a demanda aumente e a cotação siga esse movimento, trazendo valorização aos acionistas.

O PL também serve para que o investidor encontre o valor do VPA. Esse indicador, chamado de valor patrimonial por ação, define quanto cada papel representa em relação ao patrimônio líquido total da empresa.

Nesse sentido, uma tendência comum é que o VPA cresça junto com o PL, atraindo ainda mais investidores na compra. Ao incluir esses e outros indicadores e comparar empresas do mesmo setor, você pode selecionar as ações que fazem sentido para a sua carteira.

Conclusão

Agora você já sabe o que é o patrimônio líquido de uma empresa e como calcular esse indicador. Lembre-se de que ele deve ser utilizado em conjunto a outros indicadores para que sua análise de investimentos fique completa.

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