Crises econômicas sempre existiram, por inúmeros motivos, moldando a sociedade e a forma como os países reagem diante de problemas financeiros. Ao fazer uma retrospectiva de 2020, é possível identificar tanto os desafios quanto as oportunidades que este ano apresentou.
A crise causada pelo novo coronavírus refletiu em diversas áreas, com o aumento do desemprego e a necessidade do isolamento social. A retração da economia e o clima de incerteza causaram consequências em todo o mundo.
Por outro lado, as crises tendem a acelerar a inovação e os avanços tecnológicos. Quando esses momentos passam, eles podem deixar diferentes ensinamentos e até mesmo possibilidades para quem investe.
Neste artigo, você conferirá uma retrospectiva do mercado financeiro em 2020. Continue a leitura e conheça os principais desafios e oportunidades que este ano nos trouxe. Não perca!
Efeitos da crise na bolsa
Sem dúvidas, a crise do coronavírus mudou, em algum nível, a vida das pessoas. Muitas perderam o emprego ou tiveram que se adaptar a novas formas de trabalho, como o home office. As empresas e o mercado também sofreram com os efeitos da crise.
O mundo entrou em alerta máximo em março, quando o lockdown foi decretado em diversos países, especialmente na Europa. O consequente colapso na saúde tornou a situação ainda mais grave e o isolamento social acometeu, principalmente, os setores de aviação e turismo.
No mesmo período, o preço do petróleo sofreu uma forte queda, agravando o cenário. A bolsa brasileira teve a maior baixa entre as bolsas globais, recuando 42% no mês de março e gerando forte problema de falta de liquidez financeira.
Com isso, quem tinha dinheiro investido na renda variável ficou em uma situação difícil para fazer o resgate. Caso precisasse, perderia um valor significativo na venda. A bolsa brasileira passou por seis circuit breakers (interrupções nas negociações) em apenas duas semanas.
O ano de 2020 envolveu, portanto, uma das maiores crises financeiras de todos os tempos. Mas, meses após o colapso econômico, o mercado se mantém em franca recuperação. Para os investidores, ficaram lições que ensinam a lidar com as crises, a identificar oportunidades e a não cometer os mesmos erros no futuro.
Efeito manada em tempos de crise
O efeito manada é um fenômeno comportamental que se relaciona aos vieses emocionais que influenciam nas decisões financeiras. Ele consiste na tendência que as pessoas têm de se deixarem levar por opiniões ou atitudes externas.
Sabe quando amigos, familiares ou pessoas desconhecidas estão fazendo um investimento e você pensa em fazer também? Isso pode ser explicado pelo efeito manada — o que também é responsável por parte dos movimentos de queda na bolsa.
Em momentos de crise, por exemplo, muitas pessoas estão vendendo seus ativos sem pensar. Ao perceber um grande movimento de queda do mercado, há a tendência de tomar uma decisão irracional, baseada apenas no que os outros estão fazendo.
O mesmo ocorre na hora de investir. É comum que a euforia de alguns investidores faça com que outras pessoas decidam alocar seu capital um ativo. Ainda que não existam informações suficientes sobre ele.
Nesse sentido, tanto as situações de compra quanto de venda de ativos podem envolver o efeito manada e merecem atenção. Afinal, as escolhas financeiras não devem ser tomadas apenas com base nas movimentações do mercado e no que as pessoas estão fazendo.
Por esse motivo, as crises nos mostram que é fundamental ter uma estratégia de investimentos. Lembre-se de que seguir a manada aumenta bastante os riscos das suas decisões – como muitos aprenderam em 2020.
Como evitar o efeito manada?
Não é fácil manter a calma enquanto os preços dos ativos se desvalorizam muito. Por isso, pode parecer difícil resistir ao efeito manada em tempos de crise, mas essa tarefa é importante. As crises geram momentos de incerteza, em que é difícil prever os próximos acontecimentos.
Para reduzir a influência do efeito manada, é fundamental conhecer sua estratégia de investimentos. Assim, você pode analisar se ela está adequada ou não para o momento. Além disso, se o seu foco está no longo prazo, não se esqueça de que as variações de curto prazo terão menor impacto.
Juros em queda
Além dos efeitos da crise na bolsa, em 2020 a taxa Selic chegou ao menor patamar histórico — alcançando 2% ao ano. Isso ocorreu após uma sequência de cortes que já vinham acontecendo nos últimos anos. Um dos objetivos da redução foi estimular a economia e o acesso ao crédito.
Entretanto, os investimentos de renda fixa foram impactados pela queda dos juros. A taxa básica de juros da economia (Selic) baseia muitas negociações financeiras, como concessão de empréstimos e financiamentos bancários e também investimentos.
Ou seja, a Selic mais baixa normalmente ajuda a aquecer o consumo no país. Mas a taxa também tem relação direta com os juros oferecidos em investimentos da renda fixa. É por esse motivo que as opções de investimento mais seguras perderam rentabilidade nos últimos anos.
Até mesmo a rentabilidade da caderneta de poupança é afetada pela queda na taxa de juros. Portanto, quem tem investimentos atrelados à renda fixa sofreu com a redução dos rendimentos em 2020. Esse movimento acabou fazendo com que muitos investidores migrassem para a bolsa de valores.
Contudo, vale ressaltar que existe uma relação entre o retorno e o risco no mercado financeiro. Isso significa que investimentos que oferecem maiores possibilidades de ganhos, como os da renda variável, também costumam ser mais arriscados.
Migração para a bolsa de valores
Como você viu, desde o início de 2020 a renda fixa estava diminuindo as taxas de juros. Assim, muitas pessoas se interessaram pela bolsa em um cenário de Selic em queda, pois há uma tendência de aquecimento da renda variável.
Como as taxas mais baixas tendem a aquecer a economia, facilitar o consumo e movimentar o mercado, existem boas condições de crescimento para as empresas de capital aberto. Assim, se as companhias têm Ações na bolsa, os investidores podem encontrar boas oportunidades.
Não é à toa que o número de pessoas físicas na bolsa subiu 82% em relação a 2019. Mas é importante lembrar que a rentabilidade não é garantida e o cenário traz maiores riscos. Quem entrou na bolsa antes da crise percebeu bem os efeitos negativos que pode vivenciar.
Assim, antes de migrar os investimentos é preciso lembrar que a renda variável tem maior risco de volatilidade do que a renda fixa. Com isso, um investidor com pouca experiência ou que não sabe lidar com as oscilações do mercado pode se assustar com as variações e perder dinheiro na bolsa.
Para investir com mais segurança é fundamental fazer um planejamento financeiro e ter objetivos bem definidos. Pode valer a pena, por exemplo, montar uma carteira de longo prazo, já que o retorno da renda variável costuma precisar de um prazo de maturação mais longo.
Outro ponto importante é conferir o seu perfil de investidor. Ele ajuda a identificar a sua tolerância a riscos e a definir qual porcentagem do seu capital pode ser alocada em investimentos de renda variável. E, claro, não coloque todo seu patrimônio em risco. Tenha sempre reservas seguras – fundamentais para equilibrar suas finanças em momentos de crise.
Novo meio de pagamento
Outro fato importante na retrospectiva do mercado financeiro 2020 aconteceu com o PIX — um novo sistema de pagamentos instantâneos. Ele foi anunciando pelo Banco Central no início de 2020 e permite realizar transferências e outras transações de maneira mais simples e rápida.
A novidade ganhou destaque, especialmente entre quem busca ferramentas para agilizar o dia a dia. O PIX entrou em vigor em novembro de 2020 e facilitou as movimentações bancárias com o auxílio da tecnologia. A principal vantagem do sistema é a liquidação imediata das transações financeiras.
Isso significa que você poderá receber o dinheiro do pagamento de uma conta ou de uma transferência em poucos segundos. Antes disso, as transferências entre contas bancárias eram feitas somente por meio de TED ou DOC, que podiam demorar algumas horas ou mesmo dias.
Uma desvantagem dos meios tradicionais é que transações feitas entre bancos diferentes só podem acontecer em dias úteis e dentro do horário bancário. Além disso, normalmente os bancos cobram taxas para realização das transferências.
Nesse cenário, o PIX surgiu como uma possibilidade de movimentar dinheiro de forma mais ágil e com menor custo. As movimentações podem ocorrer entre pessoas físicas ou delas com empresas e até mesmo órgãos do Governo.
Recuperação e oportunidades de compra
Agora que você conferiu os principais acontecimentos no mercado financeiro no Brasil e no mundo, também pode conhecer as oportunidades que o ano nos trouxe. No fim de 2020, a bolsa de valores já está mostrando recuperação.
Quase 10 meses após a queda histórica causada pela pandemia, o Ibovespa — principal índice da B3 — retornou ao patamar da segunda metade de fevereiro. Isso ocorreu na primeira semana de dezembro de 2020.
O mês de novembro já foi de valorização das bolsas internacionais. Outros índices também tiveram alta histórica, como o Dow Jones Industrial Average — considerado um dos principais índices da bolsa de Nova York. Índices na Europa e Ásia também tiveram altas importantes.
O principal motivo para o otimismo dos investidores foi a divulgação de resultados positivos sobre as vacinas contra o Coronavírus. O resultado das eleições americanas também foi um fator importante que impulsionou o mercado.
Com isso, surgiram oportunidades para os interessados em alocar recursos na bolsa de valores. Afinal, após as crises, é possível investir para aproveitar a recuperação.
Mas, antes de comprar as Ações, é importante avaliar com cuidado os fundamentos das empresas e buscar setores que podem apresentar uma retomada mais rápida após uma crise, por exemplo.
Entre eles, estão setores que devem vender mais na retomada econômica. Com a flexibilização do isolamento social, por exemplo, muitas empresas voltarão a vender e a apresentar resultados positivos no curto e médio prazo.
Por outro lado, setores que terão que suportar o impacto da recessão por mais tempo podem não ser tão interessantes para os investidores. Além disso, é importante analisar as empresas individualmente para entender sua solidez.
O que aprender com 2020?
Depois de conferir a retrospectiva de 2020 e acompanhar as oportunidades que o período trouxe – apesar da crise, é hora de pensar nas lições que o ano deixou.
Entre os aprendizados que ficaram, estão a importância da reserva emergencial, do investimento baseado em perfil e objetivos, da resiliência e de não seguir o efeito manada.
Entenda melhor a seguir!
Reserva de emergência
A reserva de emergência é essencial em momentos de crise financeira. Ela representa um valor que deve estar disponível em situações de imprevistos. O dinheiro precisa ser capaz de cobrir seus gastos mensais durante certo período.
Para isso, é fundamental que o montante esteja investido em produtos seguros e com alta liquidez. E ele deve ser utilizado apenas para suportar despesas extras que não estavam no orçamento.
A reserva também pode ser utilizada em momentos de redução salarial ou perda de emprego. Assim, você terá recursos suficientes para continuar mantendo seu padrão de vida até conseguir se reorganizar. Percebe como ela traz maior tranquilidade durante uma crise?
Investimento baseado em objetivos
O conceito de investimento baseado em objetivos surgiu quando o mercado percebeu que os investidores estavam ficando mais exigentes. As preocupações deles não se limitavam à rentabilidade de seus investimentos.
O cuidado passou a ser também a análise se os investimentos que já possuíam conseguiriam garantir uma meta, como a aposentadoria. Ou quanto eles precisariam poupar mensalmente para atingir esse objetivo, por exemplo.
Por isso, não é indicado fazer escolhas de investimentos apenas pela expectativa de rentabilidade. Você deve analisar o seu perfil de investidor, para saber o risco que está disposto a correr, e também seus objetivos. Assim, a carteira combinará, de fato, com o que o investidor busca.
Resiliência
O mercado financeiro passa por oscilações de forma recorrente, e crises financeiras podem acontecer a qualquer momento. Apesar de não conseguirmos prever quanto tempo uma crise durará ou quais serão as suas consequências, é importante estar preparado.
Então, a resiliência se faz muito necessária nesses momentos. Ela ajuda a se adaptar e a tomar decisões mais acertadas para os seus investimentos.
Controle emocional
Como você viu, é muito comum que o efeito manada seja maior em momentos de crise. Os gatilhos emocionais são mais fortes quando a bolsa está em queda e muitas pessoas estão em posição de medo.
No entanto, não tome nenhuma decisão com base apenas no que os outros investidores estão fazendo. Tenha controle emocional, estude, busque informações e mantenha o foco nos seus objetivos para basear as suas escolhas.
A retrospectiva do mercado financeiro em 2020 nos ajuda a perceber como o ano apresentou desafios e oportunidades para os investidores.
Não é possível prever o que acontecerá com a economia nos próximos meses e anos, mas é viável aprender com as dificuldades e mitigar erros em potencial. E, claro, aproveitar as oportunidades que podem surgir nesses momentos!
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