Não é preciso ser especialista em finanças para começar a aplicar em outros investimentos além da caderneta de poupança.
Mas convém conhecer alguns conceitos de finanças para não ficar completamente perdido e conseguir conversar melhor com os especialistas, como os consultores de investimentos e gestores de fundos.
Vamos lá:
1. Juros compostos
No Brasil, os investimentos são remunerados com base nos juros compostos. Enquanto os juros simples incidem sobre a quantia investida (o principal), os juros compostos incidem sobre o valor do principal mais os rendimentos obtidos com os juros dos períodos anteriores. Daí o apelido “juros sobre juros”.
Suponha que você aplicasse uma quantia de 10 mil reais a 1% ao mês, num sistema de juros simples. O montante renderia sempre 100 reais, que é 1% de 10 mil.
Porém se os juros forem compostos, no primeiro mês você receberá 100 reais (1% de 10 mil), totalizando 10.100 reais. No segundo mês, você receberá 101 reais, que é 1% de 10.100. No terceiro, você receberia 102,01 reais, que é 1% de 10.201, e assim por diante.
Esse mecanismo permite que o sistema de juros compostos seja um forte motor para fazer o capital do investidor crescer, uma vez que quanto mais ele acumula, mais ele ganha em termos financeiros. Leia mais sobre a força dos juros compostos.
2. Inflação
A inflação é a alta generalizada dos preços numa economia. É o que faz o dinheiro perder poder de compra com o tempo. Pode surgir, por exemplo, se a demanda estiver muito aquecida e a atividade econômica não for suficiente para atendê-la. Isso faz com que os preços, como um todo, subam.
A rentabilidade dos investimentos deve superar a inflação, para haver um enriquecimento real, além da reposição de preços. De outro modo, o patrimônio do investidor perde poder de compra, e ele não fica, de fato, mais rico – pelo contrário.
Assim, ao planejar seus investimentos, é importante considerar a inflação esperada, e usar a rentabilidade real (acima da inflação) para fazer os cálculos. Afinal, um milhão de reais hoje não comprará o equivalente a um milhão de reais daqui a 20 anos.
Saiba mais sobre como funciona a inflação e como ela afeta você e conheça investimentos que oferecem proteção contra a inflação.
3. Taxa Selic
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Ela é definida pelo Banco Central e baliza os juros dos investimentos em renda fixa e dos empréstimos a pessoas e empresas.
Por meio dela, o BC tenta controlar a inflação e estimular a economia. A redução de juros estimula a atividade econômica, o que permite a elevação da inflação; já o aumento de juros desestimula a economia, e tende a reduzir a inflação.
Entenda melhor como a Selic é usada para controlar a atividade econômica e o que isso tem a ver com o seu bolso.
4. Risco-retorno
Quanto maior o risco de um investimento, maior deve ser seu retorno para compensar a tomada desse risco. O oposto também tende a ser verdadeiro: se um investimento oferece um retorno muito alto, é provável que seu risco também seja alto.
O parâmetro para saber se a rentabilidade é alta ou baixa pode ser a taxa Selic ou a remuneração de um título público federal, o investimento de menor risco de calote da economia.
Para ser vantajoso, um investimento mais arriscado que um título público também precisa render mais que um título público. Se render menos, vale mais a pena investir no título público; se render muito mais, pode significar que é muito mais arriscado.
5. Reserva de emergência
A reserva de emergência deveria ser o primeiro objetivo de todo mundo: uma reserva suficiente para cobrir suas despesas por um período entre seis meses e um ano.
A reserva de emergência é o colchão financeiro para as horas difíceis, como a perda de um emprego, problema de saúde na família ou mesmo um problema doméstico emergencial.
Seu objetivo é não deixar que a pessoa se endivide à toa, principalmente em um momento em que a geração de renda esteja comprometida.
A reserva de emergência deve ser considerada um objetivo de curto prazo, devendo ser aplicada em um investimento de baixo risco e que possa ser resgatado a qualquer momento.
6. Pagar juros X Receber juros
Quem contrai dívidas está pegando dinheiro emprestado e pagando juros, enquanto que quem investe em renda fixa está emprestando dinheiro e recebendo juros.
Receber juros é melhor que pagá-los, principalmente se considerarmos que, em geral, a pessoa física paga muito mais juros por empréstimos e financiamentos do que recebe de remuneração em aplicações financeiras.
É por isso que manter dinheiro aplicado num investimento que se pode resgatar facilmente ao mesmo tempo em que se mantém ou contrai uma dívida é um contrassenso.
Geralmente é melhor usar o dinheiro aplicado para quitar as dívidas e fazer as compras à vista, repondo depois essa quantia, do que manter a aplicação enquanto se paga juros exorbitantes. Dificilmente a rentabilidade das aplicações de maior liquidez superará o que se deve pagar de juros.
Quer uma amostra de quanto os juros podem ser pesados? Neste post, uma simulação mostra quanto você realmente paga quando contrai um financiamento.
7. Fundo Garantidor de Créditos (FGC)
O FGC protege os investidores da poupança e dos títulos de renda fixa emitidos por bancos e financeiras. Trata-se de uma instituição privada e sem fins lucrativos mantida por seus associados, que são as próprias instituições financeiras.
Em caso de quebra de uma das instituições associadas ao FGC – como os grandes bancos de varejo e os bancos médios, por exemplo –, o fundo deve ressarcir quem tinha dinheiro depositado em certos produtos da instituição que foi à lona.
A garantia do FGC vale para contas correntes, poupança, Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Letras de Câmbio (LCs), entre outros produtos financeiros.
O valor da garantia é de 250 mil reais por instituição financeira, por CPF. No caso de contas conjuntas, o valor de 250 mil reais é válido por conta e não por CPF.
Saiba mais sobre o FGC.
8. Renda fixa X Renda variável
O investimento em renda fixa é aquele cujos fluxos de pagamento são incondicionais. O investidor já sabe de antemão como e quando será remunerado, e seu pagamento não tem vínculo com o desempenho econômico e financeiro da entidade responsável – empresa ou governo.
Assim, mesmo que a entidade se saia mal no período ou que a economia esteja em crise, o investidor deve receber o que lhe cabe. Se não receber, trata-se de um calote, e o investidor poderá pleitear seus direitos de receber, como a execução de garantias.
Já os investimentos de renda variável são aqueles cujos fluxos de pagamentos são condicionais a algum evento. Por exemplo, empresas só distribuem dividendos a seus acionistas se tiverem lucros e se suas condições financeiras permitirem.
Saiba também quais são as perguntas que você deve saber responder para se tornar um bom investidor.