Um dos cuidados que devemos ter na hora de investir, principalmente para o longo prazo, é buscar aplicações financeiras cuja rentabilidade seja capaz de se igualar à inflação ou, de preferência, superá-la. São investimentos que oferecem proteção contra a inflação.

Isso é fundamental para que o investidor consiga manter o poder de compra das suas reservas e até enriqueça um pouco com o rendimento dos investimentos.

A inflação é a alta generalizada de preços na economia, que desvaloriza o dinheiro com o tempo. Assim, 100 reais hoje compram muito mais do que 100 reais daqui a 10 anos.

Com isso em mente, fica claro para o investidor que, se o dinheiro ficar no cofrinho, parado na conta ou embaixo do colchão, ele vai perder poder de compra com o passar do tempo. Se você quiser saber mais detalhes sobre o que é e como funciona a inflação, dá uma olhada neste outro post.

Acontece que, mesmo que o dinheiro esteja aplicado, não há garantias de que ele não vai perder poder de compra. Quando a inflação está elevada – e o Brasil é um país onde o combate à inflação é um problema – muitas aplicações financeiras têm rendimentos inferiores à alta dos preços.

E aí o dinheiro que está investido nelas perde poder de compra de todo jeito, ainda que menos do que se estivesse realmente parado.

Nos últimos tempos isso tem acontecido com a caderneta de poupança. Como há uma espécie de teto para a remuneração da poupança, o rendimento da aplicação tem sido menor do que a inflação oficial, medida pelo IPCA.

A caderneta de poupança rende no máximo 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), uma taxa que, embora ligada à taxa básica de juros, não a acompanha perfeitamente. Assim, nos últimos 12 meses, a poupança rendeu 8,21%, enquanto que o IPCA foi de 10,36%.

Assim, é muito importante que a rentabilidade dos seus investimentos pelo menos reponha a inflação, do contrário você ficará literalmente mais pobre.

Mas o ideal mesmo é que o rendimento seja superior à inflação, se você quer que os investimentos te ajudem a enriquecer. Afinal, o que faz o seu patrimônio crescer é a chamada rentabilidade real, isto é, a remuneração acima da inflação.

A proteção contra a inflação é importante principalmente no caso dos seus investimentos de longo prazo, como a aposentadoria ou a faculdade de um filho que ainda é criança. No curso dos anos, a desvalorização do dinheiro pode ser muito significativa.

Para isso, você pode buscar um investimento “à prova de inflação”, isto é, com uma remuneração que garanta a reposição da inflação ou seja corrigida conforme um índice de preços.

É preciso notar que a proteção contra a inflação é subjetiva, pois cada pessoa tem a sua própria elevação de preços. Mas no Brasil há uma série de investimentos que oferecem proteção contra a inflação medida pelos índices mais utilizados, como o IPCA ou o IGP-M. São reflexos da nossa memória inflacionária, pois tais investimentos são menos comuns em economias mais desenvolvidas.

Investimentos acessíveis que oferecem proteção contra a inflação

1. CDBs, LCIs e LCAs atrelados à inflação

Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) são títulos de renda fixa de baixo risco, emitidos por bancos.

É possível investir neles diretamente por meio dos bancos ou por meio de instituições que distribuem produtos de diferentes instituições financeiras, como corretoras e distribuidoras de valores mobiliários.

Os CDBs, LCIs e LCAs que oferecem proteção contra a inflação são aqueles que têm remuneração atrelada ao IPCA ou ao IGP-M. Eles não são tão comuns, mas geralmente pagam uma rentabilidade fixa mais a variação da inflação. Por exemplo, 6% + IPCA ou 5% + IGP-M. Ou seja, eles garantem um rendimento acima da inflação.

O valor inicial de aporte, o prazo e a liquidez variam muito de acordo com o banco emissor. Esse tipo de papel atrelado à inflação é mais comumente emitido por bancos pequenos e médios, e costuma ser acessível às pessoas físicas.

É importante verificar se é possível resgatar antes do término do prazo e qual a remuneração nesses casos.

CDBs, LCIs e LCAs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o que lhes confere baixo risco. Em caso de quebra do banco emissor, cada investidor tem o direito de ver seu investimento ressarcido pelo FGC em até 250 mil reais por instituição financeira.

Esses títulos bancários são títulos de dívida. O investidor que aplica neles está emprestando dinheiro para a instituição financeira emissora. As LCIs e LCAs, ao contrário dos CDBs, são isentas de imposto de renda, mas o funcionamento dos três tipos de papel é bastante semelhante.

Entenda melhor o que são e como funcionam os CDB, as LCI e LCA e o FGC.

2. Título público Tesouro IPCA+

Os títulos Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais são títulos públicos emitidos pelo governo federal e negociados no Tesouro Direto, plataforma on-line de negociação de títulos públicos para pessoas físicas.

Eles também oferecem proteção contra a inflação, pois pagam uma taxa de juros prefixada, definida no ato do investimento, mais a variação da inflação pelo IPCA. Por exemplo, 6,5% + IPCA ou 5% + IPCA. Novamente, rendimento acima da inflação garantido.

Os prazos são variados, havendo títulos bem longos, que só vencem depois de 2030. No entanto, esses títulos têm alta liquidez, podendo ser vendidos de volta para o Tesouro todos os dias. Para investir em títulos públicos via Tesouro Direto é preciso abrir conta numa corretora de valores.

Os títulos públicos atrelados à inflação são os investimentos mais acessíveis para proteger o dinheiro da inflação diretamente. O Tesouro Direto já é uma modalidade oferecida por uma ampla gama de corretoras e o investimento inicial mínimo é de 10% do valor de um título, desde que respeitado o mínimo de 30 reais.

Além disso, o investimento no Tesouro Direto conta com a garantia do governo federal, sendo a aplicação de menor risco de calote que existe no Brasil. Ao investir em um título público, o investidor está emprestando dinheiro para o governo.

Contudo, os títulos atrelados à inflação podem ser bem arriscados em certos casos. Quem ficar com o papel até o vencimento receberá exatamente a rentabilidade contratada. Mas quem o vender antes do vencimento pode ter um rendimento bem diferente – inclusive negativo.

Títulos públicos são sempre vendidos a preço de mercado, o qual varia de acordo com as expectativas do mercado para a taxa básica de juros, a Selic.

Como os preços sobem e descem – e no caso dos títulos de longo prazo, essa oscilação pode ser bem forte –, o investidor que vende seu títulos pode perder dinheiro se o preço de venda estiver menor que o preço de compra.

Ou seja, para quem quer realmente investir para o médio ou longo prazo e ganhar acima da inflação, a estratégia mais segura é comprar um Tesouro IPCA+ com vencimento próximo à data do seu objetivo financeiro e ficar com ele até lá.

Entenda melhor o funcionamento dos títulos públicos.
Saiba como investir no Tesouro Direto.

3. Debêntures incentivadas

Debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas não financeiras. A emissão de debêntures é uma forma de as empresas conseguirem empréstimos diretamente com investidores, em vez de recorrer aos bancos ou buscar novos sócios via emissão de ações.

Esses papéis não contam com proteção do FGC, sendo, portanto, mais arriscados que outros títulos de renda fixa privada, como CDB, LCI e LCA. Como são emitidos por empresas privadas, também são mais arriscados que os títulos públicos.

O investidor pessoa física pode investir em debêntures diretamente por meio de corretoras e distribuidoras de valores que as distribuam, por exemplo.

As chamadas debêntures incentivadas são um caso particular, pois financiam empresas de infraestrutura e são isentas de imposto de renda para a pessoa física. Em geral, sua remuneração é atrelada a índices de inflação, como IPCA ou IGP-M.

Como o risco das debêntures pode ser bastante elevado, o investidor deve se cercar de cuidados. É preciso entender no que se está investindo, conhecer a empresa que emitiu a debênture, ler o prospecto e verificar a classificação de risco do papel.

Além disso, debêntures tendem a ter valores de aporte elevados e liquidez baixa – em geral, é preciso ficar com elas até o vencimento, que pode estar a uns dez anos de distância. Por isso elas costumam ser mais indicadas para quem tem mais dinheiro para aplicar.

Para diminuir o risco, o investidor pode optar por investir em um fundo de investimento em debêntures incentivadas. Nesse caso, haverá um gestor profissional para escolher os melhores papéis, e o risco será diluído por diversas debêntures diferentes.

Por meio desse tipo de fundo, o pequeno investidor tem acesso a debêntures cujo valor de aporte está fora do seu alcance, além de uma carteira diversificada sem precisar investir fortunas. Para isso, porém, é preciso pagar uma taxa de administração pela gestão e administração profissional dos recursos.

Entenda melhor como funcionam as debêntures.

4. Fundos imobiliários que pagam aluguéis

Fundos imobiliários são fundos de investimento que investem em um ou mais imóveis, geralmente comerciais. Aqueles que compram imóveis com finalidade de locação oferecem proteção contra a inflação para os aluguéis recebidos, normalmente corrigidos pelo IPCA ou IGP-M.

Uma das vantagens desses fundos é o fato de pagarem os aluguéis regularmente, gerando renda para o investidor. Além disso, essa renda é isenta de IR para a pessoa física em boa parte dos casos.

Outra vantagem é a diversificação. Em vez de empregar uma grande quantia financeira para comprar um único imóvel para locação, é possível empregar bem menos dinheiro – alguns poucos milhares de reais, por exemplo – para comprar uma carteira diversificada com vários imóveis escolhidos por gestores especializados.

Os fundos imobiliários permitem à pessoa física acesso a imóveis normalmente acessíveis apenas a grandes investidores, como lajes corporativas locadas a grandes empresas e shopping centers.

Boa parte desses fundos tem suas cotas negociadas em bolsa de valores como se fossem ações e não permitem resgate. Para se desfazer de suas cotas, o investidor deve vendê-las na bolsa a alguém que queira comprá-las. Por isso, é preciso ter uma conta em corretora para investir nesses fundos.

A aplicação em fundos imobiliários também tem vários riscos, como o da desvalorização dos imóveis em carteira, calote nos aluguéis por parte dos locatários, vacância das unidades, desvalorização das cotas na bolsa (o que pode levar o investidor a perder dinheiro na venda das cotas) e até de liquidez, caso seja difícil encontrar um comprador para as cotas no mercado.

Antes de investir, é preciso conhecer bem os ativos da carteira do fundo, ler o prospecto, conhecer os custos e saber se o retorno com aluguéis compensa (comparado ao preço das cotas na bolsa).

Saiba tudo sobre fundos imobiliários.

5. Imóveis para aluguel

O aluguel de imóveis residenciais e comerciais é uma forma popular no Brasil de conseguir rentabilidade atrelada a um índice de preços, uma vez que os aluguéis costumam ser corrigidos anualmente pelo IGP-M.

Essa pode ser uma boa forma de proteção contra a inflação, desde que o aluguel esteja atrativo. Para isso, o valor do aluguel em relação ao preço pago pelo imóvel deve representar um percentual maior do que a remuneração dos títulos Tesouro IPCA+.

Contudo, ao contrário da crença popular, imóveis não são isentos de risco. Eles exigem investimento alto, levando o investidor a concentrar demais seu capital. Em outras palavras, a menos que você seja abastado, é difícil diversificar adequadamente.

Além disso, há custos de manutenção e administração além de risco de vacância (dificuldade de conseguir inquilinos), de liquidez (dificuldade ou demora para vender), de inadimplência e até de desvalorização. Fora o trabalho que pode dar.

6. Ações (de empresas que repassem a inflação)

Ações de empresas que têm mais facilidade de repassar a inflação para os preços de seus produtos e serviços oferecem proteção contra a inflação indireta e parcial nos dividendos que distribuem aos seus acionistas.

Os setores que costumam ter empresas com esse perfil são os setores de consumo e de utilidades públicas – por exemplo, concessionárias de serviços públicos como água e energia elétrica.

A preferência por ações de empresas que pagam bons dividendos parcialmente corrigidos pela inflação é a forma mais conservadora de investir em ações, mas esse tipo de investimento ainda é indicado apenas para investidores arrojados.

Saiba como investir com foco em dividendos.

Uma observação sobre a renda fixa conservadora

Para investimentos de curto prazo ou com uma data inadiável para ocorrer, é sempre melhor investir em aplicações de renda fixa conservadora, como fundos de renda fixa e papéis que paguem uma remuneração próxima à Selic ou ao CDI, taxa de juros que costuma se aproximar da Selic.

Embora garantam proteção contra a inflação, esses investimentos, em geral, rendem mais que a inflação. A menos que os custos envolvidos sejam tão altos que sacrifiquem demais sua rentabilidade – taxas de administração, imposto de renda etc.

É que a taxa Selic é usada pelo governo no controle da inflação (falamos melhor sobre isso neste post). Embora não seja impossível haver uma taxa de juros real negativa – taxa básica inferior à taxa de inflação – no Brasil o normal é o oposto: uma taxa básica de juros superior à inflação.

Investimentos de baixo risco que consigam render próximo à Selic ou ao CDI, portanto, geralmente renderão mais que a inflação – e que a caderneta de poupança também, claro.

Post atualizado em 9/3/2016 com o IPCA dos 12 meses terminados em fevereiro.

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