Diante das variações dos principais indicadores, é comum que os investidores brasileiros se questionem: será que o retorno da renda fixa é capaz de superar a inflação? Para saber a resposta é preciso fazer a comparação CDI x IPCA!

O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é um índice que acompanha de perto a Selic, a taxa básica de juros brasileira. Já o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é o principal indicador para compreender as tendências de inflação.

Esses são referenciais importantes para cuidar das finanças, pois interferem no poder de compra e no desempenho das aplicações financeiras.

Quer entender melhor o CDI e IPCA e eles como impactam no investimento em renda fixa? Continue a leitura para conferir!

O que é IPCA?

A inflação está sempre presente nos noticiários, mas nem todas as pessoas compreendem esse conceito. Ele se refere a um aumento progressivo nos preços de bens e serviços. Como você viu, o IPCA é o indicador que ajuda a compreender a média da inflação brasileira.

Para medir o IPCA, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) calcula mensalmente a média de preços de uma cesta de produtos e serviços, com pesos diferentes. O resultado mostra a variação dos custos entre os meses, além do acumulado em períodos maiores.

É importante saber que o IPCA é considerado o indicador oficial pelo Governo Federal, mas ele não é o único que acompanha a inflação. Existem outros, como o IPP (Índice de Preços ao Produtor), IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor).

O que é CDI?

Depois de entender o IPCA, é preciso aprender o que é o CDI. Ele se refere a uma taxa usada pelos bancos quando tomam empréstimos entre si para manterem seu caixa positivo ao final do dia. Além disso, também é utilizada como rentabilidade para muitos títulos de renda fixa.

Por representar transações rápidas feitas entre as instituições financeiras e muitas vezes ter garantia com títulos públicos, o CDI geralmente tem um valor bastante próximo ao da taxa Selic. Inclusive, os indicadores precisam estar próximos para trazer equilíbrio.

Afinal, se a taxa Selic ficar muito acima do CDI, passa a ser mais vantajoso às instituições bancárias investir em títulos públicos que são atrelados à Selic em vez de emprestarem dinheiro a outros bancos. Isso poderia afetar o mercado.

Como acontece a rentabilidade na renda fixa?

Para compreender a relação entre CDI, IPCA e os seus investimentos de renda fixa, primeiramente é preciso saber como acontece a rentabilidade das aplicações. A principal característica delas é a previsibilidade em relação ao desempenho dos produtos financeiros.

O retorno pode ocorrer de três formas:

  • prefixado— a rentabilidade se dá em um percentual fixo, conhecido pelo investidor no momento da aplicação;
  • pós-fixado — os rendimentos acompanham algum indicador financeiro, como a taxa Selic ou o CDI. Isso significa que você sabe o critério de rentabilidade, mas ela varia de acordo com o indicador;
  • híbrido — ele mescla a rentabilidade prefixada e a pós-fixada. Neste caso, o rendimento tem um percentual fixo acrescido do desempenho de um índice financeiro (geralmente, o IPCA).

Como a inflação impacta os investimentos em renda fixa?

Agora você já conhece os conceitos de CDI e IPCA e viu como funciona a rentabilidade da renda fixa. Então é hora de entender melhor a relação entre a inflação e os investimentos dessa classe. Para isso, é preciso ter em mente dois conceitos essenciais:

  • rentabilidade nominal — consiste no valor bruto dos rendimentos em determinado intervalo de tempo;
  • rentabilidade real — é o valor dos rendimentos de um investimento após descontar a inflação no período.

Ao aprender sobre os dois conceitos, é possível ver que superar a inflação deve ser uma das principais preocupações de todo investidor. Afinal, é justamente o ganho acima da inflação que preserva o seu poder de compra e faz seu patrimônio crescer.

É o retorno real positivo que deixa você mais rico. Imagine que o seu investimento apresente uma rentabilidade nominal de 12% ao ano. Parece interessante, certo? Contudo, se a inflação for também de 12% no período, não houve ganho real.

Nesse caso, você só conseguiu repor a perda de poder de compra. Isso significa que o montante com a rentabilidade, mesmo sendo maior, compra praticamente os mesmos itens que o valor anterior aos rendimentos. Se a inflação for maior que a rentabilidade, você terá perdido dinheiro na prática.

CDI x IPCA: qual a relação entre juros e inflação?

Ao entender como a inflação impacta os investimentos, você deve saber também de que forma o CDI e o IPCA se relacionam nesse contexto. Para isso, precisamos falar sobre a taxa Selic. O Governo brasileiro usa essa taxa básica de juros para controlar a inflação.

Logo, quando a inflação tem tendência de alta, o Banco Central do Brasil (BCB) costuma elevar os juros para reduzir a atividade econômica. Consequentemente, é esperado um controle da inflação. Já na tendência de baixa e economia deprimida, o corte nos juros estimula o crescimento.

Desse modo, o BCB geralmente só reduz a Selic quando a inflação está suficientemente controlada, a ponto de permitir os cortes de juros sem risco de uma escalada generalizada e repentina dos preços. Como o CDI acompanha a Selic, ele também tem essa relação com o IPCA.

O que isso significa para o investidor? Entender essa dinâmica pode ajudar você a avaliar se o retorno da renda fixa conservadora é capaz de superar a inflação. Ou seja, se ele apresenta juro real positivo.

A rentabilidade real não depende exatamente da Selic ou do CDI estarem altos, mas sim da sua diferença para o IPCA. Então, independentemente das taxas estarem menores ou maiores, elas precisam representar mais do que a inflação.

Se o CDI é 4%, mas a inflação é 2%, há juros reais. Da mesma forma, se a inflação é 10% e o CDI é 12% também há ganhos reais e você pode preservar seu poder de compra com investimentos conservadores. Mas o contrário acontece quando o IPCA está mais alto que a Selic e o CDI.

Qual é o histórico da inflação no Brasil?

Por que será tão importante pensar sobre a inflação e seus investimentos? O principal motivo é que o Brasil tem um passado traumático de hiperinflação. Além disso, temos também uma das taxas de juros mais altas do mundo.

Segundo o Banco Mundial, nosso país tem ficado entre os cinco com maiores juros reais do mundo frequentemente desde 1997. Em outubro de 2021, com a Selic a 7,75%, o Brasil ocupou o primeiro lugar no ranking.

Ao longo da história, o juro real no Brasil manteve um percentual positivo, com a Selic sendo capaz de superar o IPCA. Ou seja, historicamente, na relação CDI x IPCA, o CDI conseguiu ficar acima da inflação oficial na maior parte dos cenários.

Consequentemente, o retorno da renda fixa, até em aplicações conservadoras como Tesouro Selic, preservou a capacidade de compra do dinheiro. Mas isso não acontece sempre da mesma forma. Em determinados momentos históricos a relação pode ser outra.

Em 2020, por exemplo, o país chegou a um juro real negativo: -0,78%. Isso aconteceu porque, naquele período, o Copom (Comitê de Política Monetária) pressionou a Selic para baixo. A manobra foi feita como reação ao cenário de recessão provocada pela pandemia de Covid-19.

Ainda assim, vale saber que, em situações normais, para uma aplicação conservadora perder para a inflação, é provável um destes contextos:

  • ela pague um percentual pequeno do cdi, e certamente há opções mais rentáveis e de risco similar na renda fixa;
  • ela cobre altas taxas, e certamente há opções mais baratas no mercado;
  • ela seja a caderneta de poupança — que tem uma rentabilidade desvantajosa quando comparada a outras opções conservadoras.

O que acontece quando os juros reais estão negativos?

Como vimos, o Brasil teve juros reais negativos entre 2020 e 2021, em consequência da pandemia de Covid-19. Nessa época, toda a economia mundial enfrentou recessão. E isso exigiu manobras de recuperação que envolveram taxas de juros baixas.

Mas os juros negativos também podem ser uma realidade em muitos países — inclusive os desenvolvidos. Após a crise de 2008, por exemplo, países que já tinham juros e inflação baixos viram a atividade econômica contrair muito.

Como consequência, eles tiveram que enfrentar a ameaça da deflação. A deflação é um fenômeno que pode envolver a queda generalizada de preços e o desestímulo ao investimento produtivo.

A redução na demanda tende a gerar queda na produção e no nível de emprego, podendo levar ao aumento da inadimplência e até quebra de instituições financeiras. Trata-se, portanto, de um fenômeno prejudicial, que pode resultar em um círculo vicioso de retração econômica.

O corte de juros realizado pelos Governos para estimular a economia dos seus países na crise de 2008 levou muitas taxas de juros reais a patamares negativos. Em alguns casos, até os juros nominais caíram abaixo de zero.

Outra situação que pode levar a juros negativos é quando países estão tentando impedir que suas moedas se valorizem excessivamente. Nesse caso, as taxas diminuem a atração de investimentos naquela moeda, o que as valorizaria. Isso em geral ocorre com câmbios fortes.

Como proteger os investimentos da inflação?

Depois de tudo que viu até aqui, você pode estar se perguntando como proteger a sua carteira da inflação. Confira dicas para preservar o seu patrimônio!

Conheça seu perfil de investidor e objetivos

Embora o conteúdo deste texto seja sobre um fator macroeconômico, é importante que você se lembre de que as escolhas de investimentos devem ser pautadas na sua realidade pessoal. Assim, antes mesmo de olhar para a inflação, é preciso conhecer seu perfil de investidor e objetivos.

Isso porque nem todo investidor pode ou quer correr mais risco. Mesmo com retornos limitados na renda fixa, pessoas conservadoras tendem a preferir essa classe porque não lidam bem com a volatilidade de investimentos mais arriscados.

Além disso, existem objetivos que demanda a segurança e liquidez da renda fixa — como a reserva de emergência. Assim, tenha cuidado com o efeito manada de buscar investimentos de maior risco em momentos de baixa da Selic, por exemplo.

Toda decisão deve ser baseada na sua tolerância ao risco e nos objetivos que você tem. Ademais, é possível tentar se proteger da inflação tanto com alternativas da renda fixa quanto da renda variável. Logo, não perca o foco da sua estratégia.

Diversifique a carteira

A diversificação da carteira é um cuidado importante para se proteger de riscos e também aumentar a chance de superar a inflação. Nesse ponto, é importante fazer uma alocação de ativos descorrelacionados. Ou seja, que estejam atrelados a diferentes condições.

Se, por exemplo, você tem muitas alternativas de investimentos em sua carteira, mas todas vinculadas ao CDI, o seu risco aumenta. Afinal, se em algum momento ele perder para a inflação, todo o seu patrimônio estará vulnerável aos efeitos disso.

Realize investimentos atrelados à inflação

Você aprendeu aqui que existem investimentos da renda fixa atrelados ao IPCA. Eles podem ser uma alternativa interessante para manter a sua rentabilidade sempre acima da inflação. Logo, ajudam a evitar a perda do poder de compra.

Alguns exemplos que podem trazer essa proteção são o Tesouro IPCA+ e títulos de renda fixa privada com rentabilidade híbrida. Por exemplo, debêntures, letra de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA) etc.

Analise o cenário

Agora que você já sabe quais são os fatores que impactam nos seus investimentos em relação à inflação, pode analisar o cenário para tomar decisões mais assertivas. Com isso, fica mais fácil entender as possibilidades e fazer escolhas.

A partir dos conhecimentos que viu sobre o CDI e IPCA, além do histórico de inflação brasileira, é possível perceber que a economia está sempre sujeita a situações inesperadas. Então vale a pena estudar o tema e ganhar autonomia para montar uma carteira de investimentos inteligente ou seguir consciente alguma carteira recomendada renda fixa.

Entendeu a relação CDI x IPCA, além dos impactos que os indicadores representam em seus investimentos? Ao saber analisar o cenário, você consegue aumentar as chances de superar a inflação e ver o seu dinheiro efetivamente aumentar.

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