Para investir na renda variável, é importante que você conheça alguns termos e conceitos ligados a essa modalidade. Assim, será possível tomar decisões mais adequadas, embasadas e estratégicas ao estruturar a sua carteira de investimentos.
Entre os termos que você deve conhecer estão os proventos. Isso ocorre porque eles estão relacionados a uma forma de ganhar dinheiro no mercado de ações, FIIs (fundos imobiliários) e outras oportunidades. Então trata-se de uma alternativa de obter retorno indo além da valorização do preço dos papéis e das cotas.
Tem interesse em saber mais sobre o assunto? Nesse artigo, nosso time, da Genial Investimentos, explica o que são proventos, quais são seus tipos e outras informações relevantes.
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O que são proventos?
Os proventos são uma forma de remuneração que os investidores recebem ao alocar recursos em determinados ativos financeiros. Na prática, esses são benefícios distribuídos por empresas aos seus acionistas e por determinados fundos aos seus cotistas.
Diversos tipos de proventos funcionam como forma de distribuir os lucros e resultados das companhias ou fundos. No entanto, essa não é a única função deles, como você descobrirá ao longo deste conteúdo.
Também vale considerar que muitos investidores, principalmente aqueles que estão começando a sua jornada no mercado, acreditam que só é possível ganhar dinheiro na bolsa de valores com a valorização dos ativos. Ou seja, comprá-los por um preço e vendê-los depois por uma quantia mais elevada.
Contudo, isso não é verdade, existindo outras formas de obter ganhos. Nesse sentido, os proventos também podem ser uma fonte interessante de lucro no mercado financeiro. Logo, vale a pena conhecê-los com mais detalhes e considerá-los como parte de sua estratégia.
Quais os principais tipos de proventos?
Após entender o significado de proventos, é válido aprender quais são os seus principais tipos. Dessa forma, você saberá como cada um funciona e o papel que pode exercer na sua estratégia.
Dividendos
Entre os tipos de proventos existentes, os dividendos são os mais conhecidos. Eles consistem em uma parcela do lucro líquido distribuída por empresas aos seus acionistas e por fundos aos seus cotistas. Por essa lógica, se não houver lucro, não haverá o pagamento de dividendos.
A distribuição desses proventos ocorre de forma proporcional à participação de cada investidor no fundo ou empresa. Então se você tiver 100 ações de uma companhia, enquanto outro investidor tem 200 papéis, ele receberá uma quantia que representa o dobro dos seus ganhos com dividendos.
No Brasil, é comum que as empresas paguem dividendos de forma trimestral ou anual, porém essa não é uma regra. Já os fundos imobiliários são obrigados a distribuir dividendos, no mínimo, semestralmente. Em ambos os casos, a distribuição pode ocorrer todos os meses, se a empresa ou fundo definir assim.
Além desse ponto, vale observar que nem todas as empresas distribuem dividendos. Isso porque algumas organizações optam por reinvestir seus lucros no próprio negócio, visando seu crescimento e expansão.
Se houver necessidade de melhorias ou reparos na companhia, a tendência é que ela use o dinheiro para investir internamente. Por outro lado, se a organização contar com uma estrutura eficiente e já estiver consolidada, é provável que ela faça o repasse dos lucros para seus acionistas.
JCP
Outro tipo de provento presente na renda variável é o JCP ou JSCP. A sigla significa juros sobre capital próprio. Essa é uma forma de remuneração semelhante ao dos dividendos. Contudo, há duas diferenças principais.
Em primeiro lugar, está a questão da tributação. No caso dos dividendos, a empresa paga o Imposto de Renda (IR) e, posteriormente, faz o repasse aos acionistas com isenção. Já nos JCPs, a companhia não arca com esse custo, deixando-o sob responsabilidade do investidor.
Ou seja, enquanto os dividendos são um tipo de provento isento para os investidores, os juros sobre capital próprio não são. Apesar disso, em ambos os casos, o dinheiro é creditado na conta do investidor já de maneira líquida, não sendo necessário emitir guias para o pagamento de impostos.
O que muda é na hora de declarar esses proventos no programa da Receita Federal. Os dividendos devem ser colocados na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”. Os JCPs, por sua vez, seguem na aba “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva”.
Já o segundo aspecto que diferencia os juros sobre capital próprio dos dividendos diz respeito a quem faz a distribuição desse provento. Apenas as empresas na bolsa fazem esse tipo de pagamento. Os fundos imobiliários e outros pagadores de dividendos não preveem essa distribuição.
Bonificação
Além dos dividendos e dos JCPs, outro provento que existe é a bonificação de ações. Trata-se de outra forma exclusiva de remuneração do mercado de ações.
A bonificação é um tipo de provento no qual a empresa distribui ações adicionais gratuitamente aos seus acionistas. Essa medida é realizada com base no número de papéis que cada investidor já possui em carteira, de modo a aumentar sua participação no capital da companhia.
Ao contrário dos proventos anteriores, a remuneração da bonificação costuma ser feita na forma de novas ações, não em dinheiro. Isso significa que, ao ter direito a esse benefício, você não receberá uma quantia específica em sua conta, mas novos papéis.
Para entender melhor, imagine que você tenha 100 ações de uma empresa. Com uma bonificação de 5%, você terá direito a 5 novos papéis. Assim, após a confirmação do provento, você terá 105 ações da organização no seu portfólio.
Direitos de subscrição
Por último, outro tipo de provento disponível para os investidores no mercado de renda variável são os direitos de subscrição. Diferentemente da bonificação, ele pode ser distribuído tanto para quem tem ações quanto cotas de fundos negociados em bolsa.
O direito de subscrição é um provento que permite aos acionistas de uma empresa e aos cotistas de um fundo adquirir novos papéis e novas cotas antes do público em geral. Isso ocorre em momentos de ofertas secundárias ou follow-ons, como também são conhecidos esses processos.
Quando uma empresa decide expandir e captar recursos, ela costuma emitir novas ações. Porém, ao fazer isso, ela diminui o percentual de participação das pessoas que já investem na companhia. Afinal, haverá mais papéis em circulação do que antes.
Diante desse cenário, a organização oferece o direito de subscrição aos acionistas existentes para comprar as novas ações e, assim, manter os seus percentuais de participação.
Logo, esse provento é uma forma de dar prioridade aos acionistas e cotistas atuais, antes que os novos papéis e cotas sejam oferecidos a outros investidores. Geralmente, as condições para compra são mais atrativas nesse caso, em comparação aos preços do mercado.
Então o benefício não vem em forma de dinheiro ou de novas ações, como na bonificação. Em vez disso, você obtém o direito ao uso de uma vantagem na participação da empresa ou do fundo.
Vale ressaltar ainda que os direitos de subscrição têm uma característica específica. Eles possuem um prazo de validade determinado, que costuma ser de algumas semanas. Ao longo desse período, os acionistas e cotistas podem ou não exercer seu direito de adquirir os novos ativos.
É importante saber que exercer o direito de subscrição não é obrigatório. Porém, caso queira exercê-lo, você poderá fazer a solicitação na sua corretora de valores e pagar o valor correspondente às novas ações ou cotas. Em alguns casos, também é possível negociá-lo no mercado.
Por que as empresas distribuem esses proventos?
Até aqui, você aprendeu o que são proventos e conheceu os seus quatro tipos mais comuns — dividendos, JCP, bonificação e direitos de subscrição. Agora, você sabe por que as empresas oferecem esses benefícios aos seus investidores?
Existem situações em que há obrigatoriedade. Por exemplo, se houver lucros a distribuir, o pagamento de dividendos deve acontecer, pelo menos, anualmente — seguindo percentuais e frequência definidos no estatuto.
Já o direito de subscrição é concedido se a empresa deseja fazer um follow on, por exemplo. Entretanto, eventuais obrigações não são a única justificativa para esses pagamentos.
A seguir, veja quais são os principais motivos que levam à distribuição de proventos por parte das empresas!
Recompensa aos acionistas
A primeira razão para as companhias distribuírem proventos aos seus investidores é que a medida serve como recompensa aos seus acionistas pelo capital investido na empresa.
A distribuição de lucros, por exemplo, é uma forma de oferecer retorno financeiro aos acionistas, que podem utilizar esses recursos para diferentes fins. Entre eles, estão reinvestir a quantia, atender às suas necessidades ou diversificar seus investimentos.
Satisfação dos acionistas
Ligado ao motivo anterior, a distribuição de proventos também é adotada porque ela tende a contribuir para a satisfação dos acionistas. Como consequência, a medida ajuda a fortalecer o relacionamento entre a empresa e seus investidores e a criar uma base sólida no mercado.
A distribuição de proventos também colabora com a manutenção de uma boa imagem do negócio no mercado financeiro, gerando mais solidez.
Atratividade para investidores
Outra razão que explica por que as empresas distribuem proventos aos seus acionistas refere-se à atratividade que elas geram ao adotar essa política.
Isso porque organizações que costumam distribuir proventos de maneira estável e consistente podem demonstrar que têm uma boa saúde financeira e capacidade de gerar lucros. Em geral, essa característica costuma despertar o interesse de diversos investidores que buscam retornos constantes, por exemplo.
Incentivo ao investimento a longo prazo
Por fim, outro motivo que justifica a distribuição de proventos por parte das companhias é que essa atitude pode ser uma estratégia para incentivar o investimento a longo prazo na organização.
Ao compartilhar os lucros com os acionistas, as empresas podem criar um vínculo mais forte com eles. Além disso, o potencial de acúmulo ao longo do tempo incentiva a permanência dos investidores em seus papéis por períodos maiores.
Quais investimentos pagam proventos?
Como você viu, a distribuição de proventos pode ser vantajosa tanto para os investidores quanto para as empresas e fundos que oferecem esses benefícios. Porém, você sabe quais são os investimentos que preveem esses pagamentos?
Dois deles já foram citados ao longo deste artigo, que são as ações e os FIIs. Contudo, vale saber que existem mais possibilidades e entender melhor como cada uma funciona.
Na sequência, conheça os principais investimentos que preveem a distribuição de proventos!
Ações
O primeiro tipo de investimento que paga proventos são as ações. Essa também é a única alternativa que pode distribuir os quatro benefícios aos investidores — dividendos, JCPs, bonificação e direitos de subscrição.
As ações representam parcelas do capital social de uma empresa que são negociadas no mercado financeiro. Ao adquiri-las, você se torna um acionista e possui direitos sobre os lucros, bem como pode ter a chance de participar das decisões importantes da companhia.
Assim como os outros investimentos que distribuem proventos, convém ressaltar que as ações fazem parte da renda variável. Isso significa que ela envolve riscos, afinal, os preços podem variar conforme as condições do mercado e o desempenho da empresa.
FIIs
Outro investimento que paga proventos são os fundos imobiliários. Como o próprio nome já indica, eles investem em ativos relacionados ao segmento imobiliário, como shoppings, escritórios e galpões logísticos, além de títulos de renda fixa atrelados a esse setor.
Uma característica dos FIIs que costuma despertar o interesse de muitos investidores é a regularidade no pagamento de dividendos. Por lei, eles são obrigados a distribuir, no mínimo, 95% do lucro semestral.
Muitos deles acabam optando por fazer pagamentos todos os meses, o que é atrativo para quem deseja, por exemplo, obter uma renda passiva mensal. Porém, não são todos os FIIs que pagam dividendos todos os meses ou que distribuem quantias elevadas de proventos, certo?
BDRs
Além das ações e dos FIIs, os BDRs são ativos de renda variável que podem pagar proventos. Sigla para brazilian depositary receipts, eles também são conhecidos como certificados de depósitos de valores mobiliários.
Na prática, os BDRs são recibos lastreados em ativos estrangeiros, mas que são negociados no mercado brasileiro. Com esse investimento, você pode investir em ações, fundos, títulos de dívida e outras oportunidades do mercado internacional.
Logo, com os BDRs é possível investir em companhias dos Estados Unidos, da Europa, da Ásia, por exemplo. Esse tipo de ativo é emitido por instituições depositárias autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e é negociado na bolsa de valores brasileira, a B3.
Devido a essas características, os BDRs podem ou não pagar proventos — e isso depende exclusivamente do ativo estrangeiro de referência. Se o BDR for lastreado em ações de uma empresa que paga dividendos, esses proventos poderão ser distribuídos pela instituição depositária.
ETFs
Por último, os ETFs (exchange traded funds) podem fazer parte do seu portfólio se a intenção for receber dividendos. Também chamados de fundos de índice, esses são fundos de investimento que buscam ter um desempenho equivalente ao de um indicador de referência.
Para tanto, os ETFs replicam a carteira teórica do índice escolhido — que pode ser composto por ativos nacionais ou internacionais.
Já no caso da bonificação, as novas ações são incluídas automaticamente na carteira do investidor na data informada pela companhia. Por fim, os direitos de subscrição ficam disponíveis na corretora de valores dos investidores, cabendo a quem os recebe decidir se exercerá ou não a compra.
Antes de 2023, os ETFs com cotas negociadas na bolsa de valores brasileira não distribuíam dividendos. Se houvesse o pagamento de proventos pelos ativos que faziam parte do portfólio, o montante era reinvestido pelo gestor.
Porém, a bolsa brasileira autorizou a emissão de ETFs que façam a distribuição de proventos, desde que o índice escolhido preveja esse comportamento.
Como funciona o pagamento de proventos?
Após conhecer quais são os investimentos que distribuem proventos, vale saber como funciona esse pagamento. De modo geral, o pagamento dos proventos ocorre de acordo com a política de proventos estabelecida por cada empresa ou fundo.
Normalmente, há uma definição de datas específicas, conhecidas como “data com” e “data ex”, que determinam quando e quem terá direito aos proventos.
A “data com” é a data em que o investidor precisa estar com as ações ou as cotas em sua carteira para ter direito aos proventos. Já a “data ex” indica o dia em que esses ativos passam a ser negociados sem o direito aos benefícios.
Para entender essa questão de maneira prática, acompanhe o exemplo. Suponha que a empresa X tenha anunciado o pagamento de dividendos aos acionistas no dia 20 de julho de 2023 e definiu as seguintes datas:
- data com: 15 de julho de 2023;
- data ex: 16 de julho de 2023.
Isso significa que se você tiver as ações dessa empresa até o dia 15 de julho (data com), terá direito a receber os dividendos. Porém, se você comprá-las a partir do dia 16 de julho (data ex) em diante, você não receberá os dividendos anunciados, pois não estará elegível nessa distribuição.
Como as empresas pagam os proventos?
Além de entender como funciona o pagamento de proventos, é interessante saber como as empresas fazem isso, efetivamente. Em primeiro lugar, considere que as companhias divulgam em seus próprios canais quando pagarão proventos e como essa distribuição será feita. Por isso, vale a pena acompanhá-los.
Após essa divulgação, o negócio ou fundo faz o pagamento na data informada. Em relação aos dividendos e aos juros sobre capital próprio, o dinheiro cai diretamente na conta de investimentos utilizada para alocar os recursos nas ações ou cotas de fundos.
Como investir com foco no recebimento de proventos?
Com base nas informações que você conferiu até o momento, já foi possível entender o que são proventos, como funcionam e quais as suas vantagens, certo? Agora, é hora de descobrir o que fazer para investir com foco nesses recebimentos.
Se você tem interesse em incluí-los como parte de sua estratégia, confira os tópicos a seguir!
Entenda a política de proventos
Antes de investir em qualquer empresa ou fundo, é essencial que você analise a sua política em relação à distribuição de proventos. Isso porque, como você viu, não são todas as companhias que fazem esse pagamento aos seus acionistas, por exemplo.
Portanto, se você pretende comprar ações com foco em proventos, não deixe de verificar se a empresa possui histórico de distribuição e se isso faz parte da sua política.
Analise indicadores fundamentalistas
Além de entender as políticas de proventos da empresa, é importante que você analise alguns indicadores, como dividend yield (DY) e o dividend payout. Vale ressaltar que essa orientação também deve ser seguida para a escolha de FIIs, BDRs e ETFs.
O dividend yield é um indicador que relaciona os dividendos pagos por uma empresa nos últimos 12 meses ao preço de suas ações. Ele é expresso em porcentagem e calculado dividindo o valor dos dividendos anuais pelo preço atual da ação, iniciando o retorno que pode ser obtido na forma de proventos.
Para exemplificar: pense em uma companhia cujas ações são negociadas a R$ 100 e que, durante um ano, pagou R$ 7 em dividendos para seus acionistas. Nesse caso, seu dividend yield será de 7%.
Agora, pense em uma empresa que tem sua ação cotada a R$ 70 e que também distribuiu R$ 7 de dividendos por ação ao longo de 12 meses. Nessa situação, o dividend yield é superior (10%), o que significa que essa companhia remunerou melhor os seus acionistas em relação ao preço da ação.
Já o dividend payout é uma métrica referente a quanto uma empresa está distribuindo de seus lucros aos investidores. Por exemplo, se uma organização tem um payout de 50%, significa que ela distribuiu metade de seu lucro líquido como proventos.
Porém, analise outros indicadores para ter uma visão mais completa sobre o negócio e lembre-se de que resultados passados não garantem retorno futuro.
Diversifique o portfólio
Por fim, se o objetivo for receber proventos, também é válido diversificar o seu portfólio. A ideia é evitar a concentração do seu patrimônio, para que os seus resultados não dependam do desempenho de apenas um ativo.
Assim, para diluir riscos e potencializar as suas chances de ganhos, vale escolher ativos expostos a diferentes riscos e setores. Ao mesmo tempo, é necessário considerar o seu perfil de investidor e os seus objetivos financeiros para compor uma carteira mais alinhada.
Neste artigo, você conferiu o que são proventos, como funcionam e como recebê-los. Esses são benefícios que podem trazer outras oportunidades de lucros aos investidores. Portanto, caso faça sentido para o seu perfil e objetivos, vale a pena analisar ativos que deem direito a esses benefícios.